CARLOS CHAGAS -
A Caixa Dois existe desde que pela primeira vez tivemos eleições no Brasil. Dinheiro não contabilizado para ajudar na campanha dos candidatos circulou pelo país inteiro e ajudou todos que disputavam votos, provocando vitórias e derrotas. A última tentativa de criminalizar essas doações transcorreu na noite de segunda-feira, mas ia invertendo o sentido da proposta. Se o projeto punia os doadores irregulares, uma emenda acrescentada na surdina, sem indicação do autor, dava o dito pelo não dito, anistiando as multidões que haviam incorrido no crime em todas as eleições verificadas no país, inclusive as últimas.
A atenção de alguns deputados cultores da ética foi despertada, gerando a maior confusão. Resultado: adiou-se a votação para a semana que vem.
Pela Lei Eleitoral vigente, a Caixa Dois pode gerar inelegibilidade ou perda de mandato, mas não vem sendo aplicada, porque esvaziaria o Congresso, as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores, além dos governos federal, estaduais e municipais. Quem não se valeu da Caixa Dois, recebendo fortunas ou merrecas? Valeria atirar a primeira pedra…
Convém aguardar o desdobramento, mas o mais o provável é o adiamento da votação.
Ficou quente o plenário do Tribunal Superior Eleitoral com a confissão do ex-presidente da Andrade Gutierrez de que a empresa repassou um milhão de reais para a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Às campanhas do PT, foram 30 milhões. Houve abuso de poder econômico? A palavra está com o ministro Gilmar Mendes. Tanta coisa estranha tem acontecido na política que não assustaria ninguém a anulação do resultado das eleições presidenciais de 2014…