Por CARLOS NELSON COUTINHO -
Não são muitos os pensadores sociais que formularam, em suas obras, o que poderíamos chamar de uma “imagem do Brasil”. Imagens desse tipo articulam sempre juízos de fato com juízos de valor, na medida em que não se limitam a fornecer indicações para a apreensão de problemas específicos da vida social de nosso País (como, por exemplo, o sistema colonial, a industrialização, a consciência do empresariado, o movimento sindical, etc., etc.), mas se propõem — para além e/ou a partir disso — a nos dar uma visão de conjunto, que implica não só a compreensão de nosso passado histórico, mas também o uso dessa compreensão para entender o presente e, mais do que isso, para indicar perspectivas para o futuro. Forçando um pouco os termos, poderíamos dizer que tais “imagens” contêm sempre uma articulação entre ciência e “ideologia”, ou entre ser e dever-ser, o que nos permite classificá-las — conforme sua perspectiva seja conservadora ou revolucionária — como de direita ou de esquerda. Para darmos uns poucos exemplos, há “imagens do Brasil” nas obras de Gilberto Freyre e de Oliveira Vianna, que são de direita, ou na de Caio Prado Júnior, que é de esquerda.
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