CARLOS CHAGAS -
Organizam-se as centrais sindicais, os grandes e pequenos sindicatos e entidades afins. Pensam em greve geral, mesmo sabendo das dificuldades para atingir boa parte dos trabalhadores não organizados. Mas querem demonstrar ao país e ao Congresso o malogro da reforma trabalhista, se for intenção do governo suprimir direitos fundamentais devidos aos assalariados. Insurgem-se especialmente contra a proposta de substituição do legislado pelo negociado. Não admitem que patrões imponham suas restrições a empregados se não houver garantia do trabalho.
A guilhotina não negocia com o pescoço. Se for colocada diante do trabalhador a proposta de aceitar a redução de seu salário, sob pena de ser demitido, por qual alternativa optará?
A negociação entre capital e trabalho é mais do que necessária. Torna-se obrigatória. Jamais, porém, se um manda e outro obedece.
O governo hesita diante da reforma trabalhista. Já prometeu que chegaria ao exame de deputados e senadores em agosto. Parece que ficou para depois, não se sabendo se antes ou depois das eleições municipais. Mesmo com ampla maioria, os donos do poder desconfiam da fidelidade de sua tropa. Quantos parlamentares deixarão de votar pela troca do legislado pelo negociado?
Argumentam os defensores dessa vigarice estar a Consolidação das Leis do Trabalho arcaica, ultrapassada, pois o mundo mudou. É preciso flexibilizar as relações de trabalho. Estranho, pois a roda existe há milênios e ninguém pensou em flexibilizá-la.