ILUSKA LOPES -
Essa é para matar os coxinhas e
golpistas de plantão de raiva. O Instituto Vox Populi foi o primeiro a
medir o impacto da operação deflagrada pelo juiz Sergio Moro contra o
ex-presidente Lula. Vejam só o resultado, foi um verdadeiro tiro pela culatra!
Com mais de 15 mil questionários
válidos, a pesquisa comprova que o efeito foi contrário ao desejado pela Globo
e pelos demais meios - venais - de comunicação engajados na destruição de Lula.
56% desaprovaram a inclusão de
Lula na Lava Jato e 43% desaprovaram a conduta de Moro (mais do que os 34% que
aprovam).
Além disso, 65% viram exagero na
condução obrigatória para depor, 57% disseram acreditar na palavra de Lula.
Para completar, no dia de anteontem, nada menos que 63% dos entrevistados
disseram ter visto a entrevista de Lula na sede do PT. Esses dados por sí só já
indicam que ainda não mataram o "jararaca".
Freixo condena abuso contra o
ex-presidente Lula
Por Marcelo Freixo, via Facebook.
Venho me manifestar sobre a operação Lava-Jato e a
ação desta sexta-feira (4) na casa do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Não tenho nenhuma razão para defender o Lula, nem como pessoa, nem como
dirigente político. Lula pertence ao PT, e o PSOL não é da base do governo,
nunca foi. Pelo contrário: saímos do PT exatamente quando o partido começou, em
nosso entendimento, a se descaracterizar - o que muito tem a ver com a
crise atual deste governo. O Lula veio ao Rio de Janeiro para apoiar o Eduardo
Paes como prefeito, contra a nossa candidatura em 2012; e já veio novamente
dizer que o seu candidato para 2016 é o Pedro Paulo. Estamos, nos últimos anos,
em campos totalmente distintos da disputa política. Os governos Dilma e Lula
têm pontos que, evidentemente, reconhecemos: como o poder adquisitivo do
salário mínimo, o poder de compra da classe trabalhadora, mas nós somos de
oposição de esquerda a este governo porque entendemos que houve retrocessos em
pontos como ajuste fiscal, a reforma agrária, o debate sobre a questão indígena
e tantos outras questões que são muito sérias em nossa avaliação.
Nós
defendemos qualquer investigação. Nós entendemos que nenhuma pessoa e partido
está acima da lei. Todos podem e devem ser investigados. Nós defendemos,
também, que não haja seletividade nas investigações.
O
Ministério Público, a Polícia Federal e o Poder Judiciário precisam entender
que o seu papel é o da Justiça, e neste sentido não podem atender a outros
interesses que extrapolem o Estado Democrático de Direito.
Quando
a Polícia Federal emite um mandado de condução coercitiva, pelo meu
entendimento, qualquer pessoa que seja obrigada a depôr, só pode ser obrigada
se ela se negar a depôr. Se não houve a negativa, este mandado deve servir para
qualquer um: Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Lula, seja para quem for.
Mas se não houve uma negativa para o depoimento, por que a necessidade de
mandato de condução coercitivo? Para criar uma determinada imagem política
contra um certo campo?
Reafirmo
que não tenho nenhuma razão para defender governo A, B ou C, ou determinados
dirigentes. Mas, evidentemente, nós vivemos 21 anos sob uma Ditadura
Civil-Militar, que custou muito cara para a democracia. Não podemos ter um
Estado Democrático de Direito ameaçado por uma outra orientação, seja de quem
for. Nenhuma instituição - como nenhuma pessoa - pode estar acima da lei. O que
está em jogo é muito mais que um governo ou outro. Temos de ter muita
serenidade para fazer um debate sobre um projeto de país com muitos interesses,
e, evidentemente, temos que ter responsabilidade.
A
Operação Lava-Jato tem um papel muito importante na investigação da prática de
corrupção. E a corrupção, neste país, não é um debate exclusivamente moral e
comportamental. A corrupção tem relação direta com o envolvimento do grande
capital, do financiamento privado das campanhas, da relação das empreiteiras
com partidos políticos. Esta estrutura não nasce com o PT. Estas relações foram
muito fortes no governo PSDB. E, lamentavelmente, o PT não rompeu com isso. E
isso foi seu grande erro: não criar instrumentos contundentes de enfrentamento
a estas práticas. Muito pelo contrário: alimentou e se alimentou disso. A
figura do Delcídio é um exemplo disso. Ele era operador da própria Petrobras
durante o governo PSDB e depois foi para o PT como senador e virou líder do
governo no Senado. Esta continuidade, a falta de crítica a este modelo, é o que
levou à crise atual da República.
É
muito importante que a gente combata a corrupção, mas isso não pode estar a serviço
de um projeto ou de outro. Este deve ser um projeto republicano que garanta o
Estado Democrático de Direito. Neste sentido, o PSOL defende um outro modelo de
desenvolvimento. Não concordamos com o ajuste fiscal que penaliza os
trabalhadores, acreditamos na necessidade da radicalização da democracia. Este
esclarecimento era necessário. Nunca vamos fugir daquilo que nos cabe, como
partido e como figura pública.