Por THIAGO CARA - Via
ESPN -
A suspensão
de Joseph Blatter e Michel Platini, anunciada na manhã desta quinta-feira, faz
com que a Fifa e a Uefa tenham novos presidentes pelos próximos 90 dias. O fato
de assumirem cargos de grande importância no futebol mundial, no entanto, não é
a única coisa em comum entre os dois dirigentes.
O posto de
presidente da Fifa caberá ao camaronês Issa Hayatou, vice-presidente há mais
tempo no Comitê Executivo da entidade; enquanto, na Uefa, a posição será do
espanhol Ángel María Villar, primeiro vice-presidente da federação europeia.
Juntos, eles somam 54 anos de força no futebol.
Hayatou
iniciou a vida nos bastidores da bola na Federação Camaronesa de Futebol quando
tinha apenas 28 anos. Ao completar 40, em 1986, virou presidente da entidade.
Daí em diante, tudo foi muito rápido: em 87, entrou para a Confederação
Africana; e, em 88, já era o homem forte do continente.
O ano de
1988 também é importante para Ángel Maria Villar. Foi há quase três décadas que
o ex-jogador do Athletic Bilbao - com passagem curta, inclusive, pela seleção
da Espanha - foi eleito, pela primeira vez, à presidência da Federação
Espanhola de Futebol, posto que nunca deixou desde então.
No longo
tempo que acumulam a frente das duas entidades - 27 anos casa -, Villar e
Hayatou também somam suspeitas. O espanhol foi um dos citados no famoso
relatório de Michael Garcia, procurador independente que investigou
irregularidades na Fifa; enquanto o camaronês sofre acusações desde os anos 90.
Como o
relatório de Garcia é secreto, ainda não se sabe que tipo de acusações pesam
contra Villar, que teve investigação em seu nome aberta no Comitê de Ética da
Fifa - o mesmo que suspendeu Blatter e Platini. Ele chefiou a candidatura
derrotada de Espanha e Portugal para sediar a Copa de 2018.
Contra
Hayatou, a primeira suspeita, revelada pela BBC em 2010, é de que o cartola
teria recebido propina da ISL nos anos 90 pelos direitos de imagem da Copa do
Mundo. O camaronês nega a irregularidade e diz que o valor, de 100 mil francos
franceses, foram para a Confederação Africana.
Um ano
depois dessa denúncia, outro veículo britânico, o jornal Sunday Times, noticiou
que Hayatou foi um dos executivos que recebeu dinheiro para apoiar a
candidatura do Catar para o Mundial de 2022. Segundo a publicação, ele teria
recebido 1,5 milhão de dólares, mas não se pronunciou sobre o caso.
Apesar das
suspeitas, a imagem de ambos nunca foi arranhada na Fifa, com os dois
permanecendo em posições importantes em comitês da entidade. Tanto Hayatou,
como Villar, por exemplo, são membros dos grupos estratégico, executivo e de
organização para a Copa do Mundo - entre outros.
As palavras
para lá de elogiosas de Platini também mostram o prestígio que goza Villar,
principalmente após o título mundial da Espanha, em 2010. "Precisaria de
vários artigos da Wikipedia para descrever Ángel Villar. É o líder esportivo
mais exitoso do planeta e, talvez, da galáxia", disse o francês.