8.8.15

MPF COMBATE A CORRUPÇÃO? “ME ENGANA QUE EU GOSTO”

EMANUEL CANCELLA -

Circula no meio da categoria petroleira um abaixo-assinado de apoio ao Ministério Público Federal (MPF), com dez pontos visando o combate à corrupção. A Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) apoia. Sou sócio e tenho profundo respeito pela entidade, mas não posso concordar com essa iniciativa.


Vamos lembrar o que faz o MPF: junto à Policia Federal, através da Operação Lava Jato, investiga a Petrobrás há mais de um ano. A mídia virou um palanque, divulgando denúncias diariamente. Mas não tenho dúvidas de que as intenções vão muito além do combate à corrupção.

Nada contra investigar a Petrobrás. O sentimento da maior parte da categoria é favorável à investigação, com punição de corruptos e corruptores. Inclusive achamos que muitos deles deveriam ser recolhidos à penitenciária e não permanecer em prisão domiciliar. Alguns deveriam ser mantidos com algemas nos tornozelos. E os bens, fruto de roubo, ser devolvidos aos cofres públicos.

Mas só vou assinar o manifesto de apoio ao MPF (que é o fiscal da lei) quando os procuradores derem o mesmo tratamento e destaque que dão à investigação na Petrobrás a escândalos maiores, como o Zelotes, Swssliks, FIFA e quando forem enquadrados as Organizações Globo e os políticos do PSDB. Enquanto isso não acontecer, recomendo que nenhum petroleiro subscreva esse abaixo-assinado!

Gostaria que o MPF fizesse “o dever de casa” tão bem feito como fazem os petroleiros: mesmo sob cerrado cerco da polícia, do MPF e da mídia golpista, a produção do pré-sal bateu mais um recorde, atingindo mais de 900 mil barris/dia. A Petrobrás, além de suprir todo o mercado brasileiro de derivados de petróleo e financiar, com seus impostos, 80% do PAC, teve lucro extraordinário no primeiro semestre de 2015, maior do que no ano passado. O lucro de R$ 5.9 bilhões supera o dos bancos brasileiro, a exceção do Itaú. Aliás, está aí um desafio para o MPF, denunciar esse banco que deve R$ 18 bilhões à Receita Federal.

*Emanuel Cancella é coordenador do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).