ADRIANO PILATTI - Via
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E de repente, não mais
que de repente, Globo, Bradesco, Firjan, Fiesp, Alckmins, Boechats e tutti
quanti emitem sinais de que ou não embarcaram ou desembarcaram da aventura do
impeachment. Na versão cada dia mais surrealista dos governistas, essas forças
agora vão neutralizar o golpe da "direita".
Não vai haver golpe
porque o golpe já houve com o estelionato eleitoral, quando Dilma ganhou e Levy
levou. E continua havendo, a conta-gotas, como demonstra a agenda de arrocho e
repressão que o Congresso examina e a própria presidentA não se nos poupa de
impulsionar, agora com o PL 2.016.
Ao que tudo indica, os
setores do grande capital hoje dedicados ao "deixa disso" não querem
marola porque já conseguiram o que queriam antes mesmo da posse: a escolha de
um Levy qualquer para gerir a economia à moda dos derrotados, ficando o ônus da
impopularidade das medidas para Dilma e "seu" partido. Podem se dar
ao luxo de tolerar Dilma desde que ela mantenha a política econômica conservadora,
os subsídios "estratégicos" e os juros altos. Não serão os
"movimentos sociais", que seu projeto ameaça criminalizar, que
garantirão o cumprimento do mandato de Dilma, nem o "seu" partido em
frangalhos, mas o próprio Capital. Que, como de hábito, saberá exigir
exclusividade nos bônus.
No andar de cima, a
disposição de desestabilizar parece estar agora restrita a Cunha e sua tropa,
de um lado, e aos desvarios de Aécio e sua banda de música parlamentar, de
outro. Mas não se sabe o que o futuro imediato lhes reserva. Com a recondução
de Janot, as denúncias decorrentes da Lava Jato chegarão aos membros do
Congresso, e aí muitas surpresas podem acontecer. Na remota hipótese de Dilma
ser atingida pelas investigações, Temer continuará sendo o "plano B"
de muitas forças, coisa que sempre pode credenciar alguém a se tornar o
"plano A".
Aconteça o que acontecer
com a luta pelo poder, hoje no nível de um "Cães de Aluguel" encenado
num "Tomara que Caia" feito só por canastrões, podemos ter algumas
certezas: os trabalhadores, materiais e imateriais, pagarão sozinhos a conta do
"ajuste"; a matança de pobres pelo Estado prosseguirá; as remoções de
famílias pobres continuarão em todo lugar; os indígenas continuarão perdendo
suas terras; os movimentos de contestação continuarão sendo tratados como
inimigos do Estado.
As surpresas tendem a
ficar reservadas ao que a Operação Lava Jato ainda pode produzir. Sobre isso,
há um ponto que, talvez intencionalmente, vem sendo silenciado por
"vermelhos" e "azuis": em reiteradas manifestações
processuais, o juiz Moro sempre repele a versão de que teria havido extorsão
contra as mega-empreiteiras cujos altos dirigentes vem prendendo e condenando.
Rejeita a versão imoral de que as empreiteiras foram "vítimas" dos
partidos. Sempre reitera que elas entraram em conluio, formaram um cartel, uma
associação para delinquir - o que chegou a provocar críticas apopléticas por
parte de notórios escribas do Capital.
Diante disso, duas
perguntas ficam por responder. A primeira é: dado que as empresas envolvidas
também compartilham outras grandes obras públicas, estaduais e municipais,
especialmente no Rio dos mega-eventos, é crível que tal associação criminosa
entre elas se restringisse ao plano federal? Aqui no Rio era tudo certinho? Em
São Paulo também? E em Minas, etc? Com as mesmíssimas empresas? A segunda
pergunta é: chegarão as investigações até aí? As atuais ou as que resultarem
delas?
Jânio de Freitas
noticiou ontem na Folha que o tal Fernando Baiano, "operador" do
PMDB, teria mandado a família para o exterior, sinal de que estaria mesmo disposto
a colaborar. Nessa hipótese, abre-se uma avenida para averiguar a reprodução do
esquema dos gangsters no Rio. E muitas verdades enunciadas nas ruas em 2013
serão comprovadas judicialmente. Sem mandato, o ex-governador fluminense, por
exemplo, estaria na jurisdição de Moro nos casos em pauta... Ainda tem muita
água pra rolar, mas cresce entre "vermelhos", "azuis" e
"furta-cores" o desejo de deter o tsunami curitibano. Conseguirão?



