EMANUEL CANCELLA -
Nesse artigo o bravo lutador, petroleiro e sindicalista (diretor do Sindipetro-RJ e da FNP), resgata o projeto privatista por trás das intenções dos tucanos e barões da mídia.
O governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, com apoio da Globo, tentou privatizar a Petrobrás. Na ocasião, a Globo, em campanha na mídia, comparou a Petrobrás a um paquiderme e chamou os petroleiros de marajás. O governo tucano também tentou, sem sucesso, mudar o nome da empresa para Petrobrax, para minimizar a ligação da empresa com a nação, através do “Brás”.
FHC conseguiu quebrar o monopólio do
petróleo. E queria mais! Não conseguindo privatizar a Petrobrás, dividiu
a empresa em Unidades de Negócios, para vendê-la fatiada, mas só
conseguiu vender 30% da REFAP (Refinaria do Rio Grande do Sul). Além de
sucatear a empresa não realizando concursos públicos, Fernando Henrique
também destruiu a indústria naval, pois com o argumento do menor preço
mandou fabricar, no estrangeiro, navios, plataformas, sondas etc. Com
isso, FHC fechou os estaleiros, os maiores da América latina,
desempregando milhares de trabalhadores brasileiros.
Como miséria pouca é bobagem, criando o
REPETRO, lei que eximiu de impostos as exportações de máquinas e
equipamentos, FHC também acabou com a indústria brasileira nesse setor,
pois antes dele, por esforço da Petrobrás e do BNDES, 80% desses
materiais eram fabricados no Brasil. Foi no governo de Fernando Collor
que começou e depois FHC deu continuidade, a privatização do setor
petroquímico e de fertilizantes.
Quando assumiu o governo, Lula tornou a
REFAP novamente 100% Petrobrás. Lula afastou também o perigo de
privatização, desfazendo a venda das Unidades de Negócios; retomou os
concursos públicos, acabando com o sucateamento e recompondo o seu corpo
técnico. Esses petroleiros, em 2006, desenvolveram tecnologia inédita
no mundo propiciando a descoberta do pré-sal. O governo petista retomou o
setor petroquímico, o mais lucrativo da indústria do petróleo, através
do Comperj, e o de fertilizantes, através da Fafen e outros.
Lula retomou a indústria naval: navios,
plataformas e sondas voltam a ser fabricadas no Brasil. Com a lei de
Partilha, 12.351/10, Lula retoma parte importante do controle do
petróleo e garante o conteúdo local. A indústria brasileira, através
desse dispositivo, vai produzir parte considerável dos materiais e
equipamentos para esse setor, gerando impostos para os governos e
emprego e renda de qualidade para os brasileiros.
A lei garante também a Petrobrás como
única operadora do pré-sal. A partilha obriga o mínimo 30% de
participação para a Petrobrás, nos campos do pré-sal; e a União continua
a ser dona do petróleo e o pagamento tem que ser feito em óleo. Na lei
9478/97 de FHC, que quebrou o monopólio e introduziu as concessões, a
União recebia participação nos leilões em dinheiro e o arrematador
virava dono do petróleo. A lei da Partilha, infelizmente, só vale para o
pré-sal!
A operação Lava Jato da Policia Federal
tem o mérito de, pela primeira vez na história deste país, prender
corruptos e corruptores e confiscar seus bens. A base dessa investigação
é a delação premiada, lei sancionada no governo Dilma. A operação,
entretanto, peca pela seletividade dos investigados, pois só direciona
as investigações nos membros do PT, partido da presidenta Dilma.
Pergunta que não quer calar: se prendeu o tesoureiro do PT por que não
os do PSDB, PMDB, PP já que todos esses também foram citados na delação
premiada e só o tesoureiro do PT está preso?
O que coloca o chefe da operação, juiz
Sérgio Moro em suspeição entre outras alegações, é de que sua mulher
Rosangela Wolff de Quadros Moro é advogada do PSDB no Paraná. Será esse o
preço para não prender o tesoureiro tucano? E não é só isso. Dois
delegados que compõem a operação Lava Jato fizeram campanha, através de
um blog, para o candidato Aécio Neves (PSDB) e chegaram a postar em
página que Lula e Dilma seriam “antas”. E tem mais, a delação premiada
só vale no final do processo, com o trânsito em julgado, mas estão
usando-a, o tempo todo, como verdade absoluta, para atingir pessoas
ligadas ao partido do governo, com a finalidade de fragilizar a
Petrobrás. Como cereja desse bolo de relações promíscuas, a Globo ainda
elegeu Moro a personalidade do ano.
Segundo denúncia do Wikileakes,
publicada na Folha, o candidato à presidência do PSDB, José Serra, em
2009, se comprometeu, caso eleito, com a petroleira americana Chevron a
desmontar a lei da Partilha. Felizmente Serra não se elegeu! E agora, em
2015, o senador José Serra apresenta emendas à lei 12.351/10, para
mudar a própria Partilha, o Conteúdo Local e a condição da Petrobrás
Operadora de todos os campos do pré-sal. Voltam com a proposta original
de FHC de desmonte da Petrobrás, pois eles sabem que parando a
Petrobrás, para o Brasil. Até quando vamos assistir a tudo isso calados?
Vamos lembrar o que dizia Martin Luther
King senador americano: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o
silêncio dos bons!”.



