HELIO FERNANDES - Via blog do autor -
Hoje,
terça, o plenário do Senado decide se o advogado Luiz Edson Fachin realiza a
sua quase obsessão de ser Ministro do Supremo. Está com 57 anos, aos 47 foi
sabatinado pelo então presidente Lula. Queria apresentá-lo para a importante
representação, ficou "assustado com seu radicalismo". (Fato público e
notório).
No seu
primeiro mandato, tendo que preencher uma vaga no Supremo, Dona Dilma, da mesma
forma que o já ex-presidente, admitiu examinar o nome de Fachin.
Consultou
Lula, recebeu o conselho: "Não faça isso, eu também pensei e recuei".
(Outro fato público e notório), (Dilma também recuou). Agora, inesperada e
insensatamente, volta com o mesmo nome, abandonado por Lula e por ela. Como se
não houvesse outro, depois de oito meses de aborto a vaga.
O plenário,
depois do show na Comissão, deveria RECUSA-LO sumariamente, e caminhar para uma
possível recuperação. Ou REFERENDA-LO e partir para desagradável confronto e
não apenas co m a opinião pública.
Nem
precisava ou precisa da justificativa, bastaria examinar a inimaginável
campanha que fez durante quase um mês. Montou equipe de
"comunicação", em jornais, televisões, internet, blogs e sites.
Contratou especialistas, visitou senadores (muitos deles se recusaram a
recebê-lo, constrangidos), acompanhado primeiro pela própria mulher, que parou de
segui-lo, declarando publicamente: "Não aguentava mais tanta
caminhada".
Para os
prováveis ou futuros Ministros, a Constituição de 1891, (Rui Barbosa) exigia
“saber jurídico”. Admitamos que tenha, mesmo depois que a esdrúxula
“reforminha” constitucional de 1926, tenha acrescentado a palavra “notável”.
A
complicação para o doutor Fachin, começa com a interpretação das duas palavras,
colocadas DNA mesma “reforminha” de 1926: “Ilibada reputação”. Levem logo para
o lado financeiro, irregularidades em matéria de dinheiro, suposto
enriquecimento ilícito. O doutor Fachin pode passar pelo Edifício da
Petrobras sem pensar em Lava-jato.
Para ele, o
“terremoto do Nepal”, se agrava com o depoimento de 12 horas. Afirmou, negou,
mentiu, recuou, disse e desdisse, para definir sem remissão:
t-e-r-g-i-v-e-r-s-o. Palavra sem volta que não pode ser usada por um Ministro
do Supremo.
Seus votos,
se for (ou fosse) aprovado, seriam todos contaminados pelo desdém e o desprezo
que demonstrou pela falta de ética, de convicções, de sensibilidade com a
verdade. Não pode ir para o Supremo, um “pulinho” territorial de onde será
sabatinado. Mas para ele, intransponível.
Francisco,
o roteiro da convivência
Por tudo o
que já fez, Francisco conquistou admiração quase geral. Mas fatos importantes
podem leva-lo á canonização, milagres. 1 – Escreveu o roteiro do reencontro
CUBA-EUA, depois de 54 anos de desequilíbrio e desentendimento, juntou Obama e
Raul Castro. Esteve pessoalmente com os dois, a realidade de hoje, satisfação geral.
2 – Agora,
o que ninguém conseguiu. Reconheceu oficialmente o Estado Palestino, recebeu
carinhosamente no Vaticano o presidente Abbas. E com o novo roteiro na mão,
parte para convencer Israel, que essa separação de 67 anos, é inacreditável.
O mundo
inteiro, até mesmo os agnósticos, rezam por essa convivência de Israel e o
Estado Palestino. E para mostrar que estava decidido a conversar e convencer os
líderes israelenses, de que a paz unirá e libertará os dois países, canonizou
pessoalmente duas freiras palestinas do século passado.
Respostas
Zeli
Miranda, Gutierrez Gonzalez, parabéns pelo seu importante trabalho. A censura
nas redações só comeou oficialmente em 1968, com a chegada dos censores. Durou
exatamente 10 anos, até 1978. Mas mesmo antes existia veto e alguns que
escreviam com o próprio nome, não conheço textos com pseudônimos.
O meu caso,
para qual você pede esclarecimento, não aconteceu por vontade minha e sim
intervenção da ditadura. Em 1966 eu era candidato a deputado Federal pelo
MDB da Guanabara. As pesquisas me davam a maior votação, havia minha
participação ininterrupta e a ausência de muitos, asilados ou exilados.
Escrevi
varias vezes, “não sairei do Brasil, haja o que houver”. Não saí mesmo,, “houve
perseguição” de todas as formas, cumpri minha palavra.
A eleição
era no dia 15 de novembro, fui cassado no dia 11, saiu no Diário Oficial do dia
12. Ás 9 da noite Mario Martins, candidato a senador pela nossa chapa, me telefonou:"Helio, quase todos os candidatos estão
reunidos aqui na minha casa, pedem que você compareça amanha ás 9h, no
enceramento da campanha na PUC. Se você aceitar, só haverá discurso, o
teu". Aceitei logo.
Ás 9 horas
da manhã parava meu carro na PUC, o reitor me esperava. Falou: "Jornalista,
na minha sala estão dois coronéis fardados, que disseram que o senhor não pode
falar, está cassado. Respondi que consultei meus superiores, que me disseram
que não recebe ordens do exército, e o que eu decidir, está decidido. Se o
senhor quiser, pode falar".
Respondi
imediatamente: "Se é assim, estamos perdendo tempo, devíamos estar no
palanque". Fiz o discurso mais violento da minha vida, mostrando que a
ditadura viera para ficar. "necessário e indispensável" (textual) que
aumenta e a resistência, principalmente dos que escreviam.
Na hora que
chegava á Tribuna a comunicação oficial, não escrita: "Helio Fernandes
está proibido de escrever ou dirigir jornal". Não colocaram o artigo, o
que incluía outros veículos. Examinei o dia todo o que fazer, escrever e
dirigir era tudo o que fazia, Resolvi então utilizar um pseudônimo.
Lembrei de
João da Silva, um "Pracinha" que morreu na Itália. E na véspera de
primeiro artigo, fiz o seguinte. Para avisar os leitores e desafiar a ditadura,
coloquei na primeira, um espaço em branco do tamanho de uma foto 3 por 4. E a
legenda: "A partir de hoje, a tribuna da Imprensa tem um novo colaborador,
João da Silva. Como ele é muito tímido e não se deixa fotografar, só podemos
fazer a comunicação".
Revolta
completa entre os golpistas, o que fazer? Logo depois, (mais ou menos três
meses) vários advogados de primeiro time entraram com ação na Justiça para que
devolvessem o meu direito constitucional de trabalhar. A ação caiu com o grande
juiz Hamilton Leal, que era também presidente da PEC (Liga Eleitoral Católica).
Sentenciou
como se esperava: "determinou que fosse suspensa a proibição ao meu nome”.
Como a igreja já combatia e ditadura, aceitaram, achavam que seria o chamado
"mal menor". Durou pouco, logo no meio de 68 (antes do tenebroso
AI-5) a tenebrosa censura.
Quanto a
encontrar os textos, o arquivo da Tribuna é fantástico (mas no momento
impossível entrar no jornal) e muita coisa pode ser encontrada na Biblioteca
Nacional. Só não abandone seu trabalho, é importante e será inesquecível.
Em tempo:
Mauro Martins, foi eleito senador. Ficou pouco tempo no senado, cassado pelo
AI-5. Os generais se assustavam com seu passado de resistência. Não adiantou. O
nome e sobrenome continuaram a assusta os generais e até assombrar no futuro
que não sabiam que era quase presente.
Comentários através do e-mail: blogheliofernandes@gmail.com
Ilustre Jornalista,
A falácia da atual gestão da ABI, já estava evidente
durante a campanha eleitoral, cínica, mentirosa, debochada, pedante,
pretensiosa, ridícula. Nada surpreendente que, após eleita, ela mostrasse a
verdadeira cara, da mesma maneira como a chapa se conduziu durante o processo
eleitoral. A Chapa Prudente de Moraes, tolhida, e aceitando sê-lo, sem
condições de reagir à altura, perdeu. Dançou. Agora, a entidade, que já estava
mal, ficou muito pior. Não sei o que possa ser feita, num momento em que o país
está mergulhado na mentira, no deboche, no achincale, na corrupção mais
desenfreada, afundando na montanha de dinheiro de propinas e outras falcatruas
indizíveis. Nesse contexto, no qual os colarinhos brancos tomaram de assalto
todos os centros de poder, como salvar uma instituição menor como a ABI, menor
diante das gigantes que naufragam no mar de lama. Sim, este é o verdadeiro mar
de lama. O mar de lama de que Getúlio foi acusado era menor que a Lagoa Rodrigo
de Freitas, onde os peixes continuam morrendo às toneladas. Os peixes somos
nós, brasileiros sem cidadania, subservientes, amedrontados, impotentes,
coniventes com todos os descalabros que nos humilham, diminuem, aviltam.
Grande abraço,
Bruno Torres Paraiso
Um jornalista que não é famoso, nem ilustre, mas que
sempre exerceu a profissão com dignidade, com honra, que nunca se serviu dela,
apenas a serviu.
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Caro Helio Fernandes,
Sempre o achei um dos maiores jornalistas
brasileiros. Mas de um tempo para cá tem sido complacente nas críticas, que
sempre fizera às Organizações Globo. O senhor se recompôs com o PIG,
mentiras e escândalos?
Gostaria que me respondesse.
Tal empresa com a Veja fazem coro com suas
opiniões?
Cordiais Saudações,
Marco Antônio de M. Almeida


