ANDRÉ BARROS -
“A guerra às drogas é uma farsa, pois os ditos
traficantes são milionários e bilionários, que transportam toneladas em
helicópteros, aviões, caminhões de carga, barcos e navios… Essa guerra às
drogas é a justificativa para a realização da guerra aos pobres. Vemos apenas o
elitista sistema penal colocar na ponta policiais jovens, negros e pobres
trocando tiros com vendedores do comércio varejista de drogas proibidas, esses,
também, jovens, negros e pobres.”
A maconha não tem nada a ver
com essa sociedade hipócrita, na qual o dinheiro serve como justificativa para
tudo, violenta, apressada, individualista, gananciosa e careta. Uma sociedade
moralista e intolerante que busca controlar as vidas das classes pobres,
declaradas falsamente pela elite como perigosas.
A guerra às drogas é uma
farsa, pois os ditos traficantes são milionários e bilionários, que transportam
toneladas em helicópteros, aviões, caminhões de carga, barcos e navios. Há bem
pouco tempo, a mídia noticiou que meia tonelada de pasta básica de cocaína foi
apreendida num helicóptero dentro de uma fazenda, tudo registrado, tanto o
móvel quanto o imóvel. Mas o noticiário ficou por aí. Essa guerra às drogas é a
justificativa para a realização da guerra aos pobres. Vemos apenas o elitista
sistema penal colocar na ponta policiais jovens, negros e pobres trocando tiros
com vendedores do comércio varejista de drogas proibidas, esses, também,
jovens, negros e pobres. Essas são as vítimas do maior símbolo da sociedade
disciplinar, o presídio, e da sociedade de controle, vidas tiradas a bala.
Cerca de dois anos depois da
guitarra de Jimi Hendrix entoar o hino americano em Woodstock, a guerra às
drogas foi declarada pelo presidente dos Estados Unidos da América, Richard
Nixon, do Partido Republicano. Recordamos que o festival de Woodstock reuniu,
no estado de Nova York, meio milhão de jovens fumando maconha e fazendo amor
livre ao ar livre, realizando o lema “paz e amor”.
Este presidente moralista,
que declarou, em 1971, guerra à maconha e às drogas, renunciou à Presidência,
em 1974, para não sofrer um impeachment, no maior escândalo de corrupção dos
Estados Unidos da América, conhecido como Watergate. Esse exemplo histórico,
onde o moralista contra as drogas era na realidade um corrupto, tem um grande
significado na luta contra essa hipócrita sociedade de controle.
A Marcha da Maconha nasceu
com as novas máquinas de computadores e a difusão da informática, numa etapa da
história chamada de sociedade de controle. É um movimento convocado pelas redes
sociais. A repressão que sofremos veio de todos os lados, polícia, ministério
público, judiciário, de ataques moralistas característicos de toda essa
hipocrisia. Queriam impedir que a multidão das marchas da maconha do Brasil
exercesse as garantias constitucionais da liberdade de pensamento, expressão e
reunião. Agora, prendem nossos ativistas plantadores, porque não conseguem
disciplinar essa produção impossível de controlar, que pode ser realizada
dentro de um armário, na própria casa. Os plantadores são vítimas dessa
sociedade de controle, em regra dedurados por pessoas próximas e vingativas,
vizinhos ou familiares moralistas.
Nossa resposta só pode ser
coletiva, com milhares de pessoas em cada cidade do país. As Marchas da Maconha
são lutas travadas concretamente em cada cidade contra toda essa hipocrisia. A
luta contra a caretice é material e ocorre na sua cidade. Em muitos municípios,
o controle moralista é tão forte que ninguém sequer se atreve a propor uma
reunião da Marcha. Aqui, no Rio de Janeiro, por exemplo, é diferente, pois
sempre tivemos territórios de tolerância ao uso da maconha, conquistados ao
longo de anos de enfrentamentos. Mas estamos vivendo um verdadeiro retrocesso.
Essa intolerância é refletida na prisão de plantadores de maconha desarmados e
com pequenas quantidades, além de muitas detenções de usuários na Lapa e mortes
nas UPP’s. Tudo isso apoiado pelo falso discurso do combate ao “tráfico”. Nossa
resposta a toda essa hipocrisia precisa ser expressada na MARCHA DA
MACONHA do dia 9 de maio de 2015, às 4:20 da tarde no Jardim de Alah.



