EMANUEL CANCELLA -
Quando o povo brasileiro, nas
décadas de 40 e 50, foi para as ruas, na maior campanha cívica que este país
conheceu, acertou na mosca. Muitos brasileiros foram perseguidos, presos e
mortos. Nenhum dos participantes da campanha trabalhou na Petrobrás, nem
existia petróleo no Brasil. O povo brasileiro apostou nas futuras gerações de
brasileiros e no Brasil.
Não seria
um balanço financeiro, como agora anunciado para o dia 22, que abalaria a
crença dos brasileiros na empresa. É muito estranho que brasileiros hoje sejam
contra a Petrobrás.
Da mídia
capitaneada pela Globo, nada se deve esperar. Pois a Globo, na década de 90,
fez campanha pela privatização da Petrobrás e comparava a Petrobrás a um
paquiderme e chamava os petroleiros de marajás.
Que as
petroleiras no mundo cobicem nosso petróleo e que a petroleira americana
Chevron tenha feito acordo com o candidato à presidência José Serra do PSDB, em
2009, para entregar nosso pré-sal, infelizmente isso faz parte do jogo político
deles, pois o PSDB, quando governou o país na década de 90, privatizou as
principais empresas brasileiras, inclusive tentou a privatização da Petrobrás e
esbarrou na vontade popular.
Sabemos que
há consenso na sociedade brasileira de que todos os corruptos e corruptores
precisam ir para a cadeia e seus bens confiscados, mas destruir a Petrobrás
seria como jogar a água suja da bacia junto com o bebê.
Quando
falamos da Petrobrás falamos de uma empresa que financia 80% do Programa de
Aceleração do crescimento – PAC; ganhou da OTC pela 3ª vez o “Oscar” da
indústria do petróleo; aplica 90% do seu faturamento no Brasil; e o pré-sal,
que os críticos dizem que está no fundo do mar, já produz 800 mil barris de
petróleo por dia, o suficiente para abastecer países como Uruguai, Paraguai,
Bolívia e Peru juntos. O povo brasileiro tinha razão quando foi para as ruas
defender a Petrobrás. Só a Petrobrás pode pagar a dívida social que temos com
nosso povo, e só ela pode alavancar nossa economia. Inviabilizar a Petrobrás é
parar o Brasil!
Na
histórica campanha do petróleo, o inimigo eram as multinacionais do petróleo e
os gringos. É triste constatar que hoje os grandes inimigos se dizem
brasileiros!
*Emanuel
Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro
(Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).



