13.9.14

INTOLERÂNCIA POLÍTICA

ANDRÉ BARROS -
 
Vivemos no tempo das intolerâncias. A mais difundida é a religiosa, onde determinadas seitas não aceitam outro Deus que não seja o de sua própria religião, pois se consideram os “proprietários” de Deus. A mídia do mercado fez a cabeça de muitas pessoas contra a política, colocando-a apenas como uma atividade de corruptos, onde todos que dela participam querem se dar bem. Apoiaram a ditadura, acabaram com a democracia, transformaram o Brasil num quartel e, agora, criticam a política como se fossem vestais da pureza e da honestidade, são uns verdadeiros caras-de-pau. O pior é que muitos embarcam nessa ondinha.

De todas as intolerâncias, a contra a política é a pior, pois é totalmente impotente, ainda mais no período eleitoral. A política é pensar as mudanças dentro das cidades, no estado e no país. É concreta e material, diferente da religião e filosofia, onde o pensamento pode alcançar até antes da vida e depois da morte.

Cair nessa intolerância, exatamente no momento eleitoral, onde a potência do pensamento político pulsa em nossas vidas políticas é uma atitude no mínimo estranha, para não dizer suspeita. Candidatos, como eu, que vão para rua botar a cara, pois temos convicção e orgulho de nossas posições, é que são os alvos dessa intolerância. Somos xingados e ofendidos exatamente por quem não tem coragem de apontar para os verdadeiros farsantes políticos.

O voto e o direito à organização partidária foram conquistados nas ruas. Todos que lutaram contra a ditadura do golpe civil/militar de 1964 esperavam que continuássemos suas conquistas. Se com as lutas ganharam o direito de participar do processo político, esperavam que o voto fosse consciente. Jovens morreram torturados lutando contra a ditadura. Queriam democracia no Brasil, com partidos e eleições livres e isso tudo foi conquistado nas lutas das ruas.

O ódio à política é um suicídio coletivo, pois é exatamente a política que pode mudar a vida. Obviamente que essa transformação não vai ocorrer apenas no parlamento mas, que a eleição é um importante instrumento para gerar crises institucionais, isto é. No Brasil, os intolerantes religiosos e punitivos dominam os canais, programas sensacionalistas nas tarde da TV e se espraiam por todos os partidos e parlamentos do país. Devemos aproveitar o momento da multidão que tomou as ruas do país em 2013 para construir boas bancadas anti-proibicionistas. Em regra, os modismos são criados e interessam ao mercado. Não podemos cair, logo agora, nessa caretice impotente, nessa perigosa mistura da moda com a intolerância política.