ANDRÉ BARROS -
Vivemos no tempo das intolerâncias. A mais difundida é a religiosa,
onde determinadas seitas não aceitam outro Deus que não seja o de sua
própria religião, pois se consideram os “proprietários” de Deus. A mídia
do mercado fez a cabeça de muitas pessoas contra a política,
colocando-a apenas como uma atividade de corruptos, onde todos que dela
participam querem se dar bem. Apoiaram a ditadura, acabaram com a
democracia, transformaram o Brasil num quartel e, agora, criticam a
política como se fossem vestais da pureza e da honestidade, são uns
verdadeiros caras-de-pau. O pior é que muitos embarcam nessa ondinha.
De todas as intolerâncias, a contra a política é a pior, pois é
totalmente impotente, ainda mais no período eleitoral. A política é
pensar as mudanças dentro das cidades, no estado e no país. É concreta e
material, diferente da religião e filosofia, onde o pensamento pode
alcançar até antes da vida e depois da morte.
Cair nessa intolerância, exatamente no momento eleitoral, onde a
potência do pensamento político pulsa em nossas vidas políticas é uma
atitude no mínimo estranha, para não dizer suspeita. Candidatos, como
eu, que vão para rua botar a cara, pois temos convicção e orgulho de
nossas posições, é que são os alvos dessa intolerância. Somos xingados e
ofendidos exatamente por quem não tem coragem de apontar para os
verdadeiros farsantes políticos.
O voto e o direito à organização partidária foram conquistados nas
ruas. Todos que lutaram contra a ditadura do golpe civil/militar de 1964
esperavam que continuássemos suas conquistas. Se com as lutas ganharam o
direito de participar do processo político, esperavam que o voto fosse
consciente. Jovens morreram torturados lutando contra a ditadura.
Queriam democracia no Brasil, com partidos e eleições livres e isso tudo
foi conquistado nas lutas das ruas.
O ódio à política é um suicídio coletivo, pois é exatamente a
política que pode mudar a vida. Obviamente que essa transformação não
vai ocorrer apenas no parlamento mas, que a eleição é um importante
instrumento para gerar crises institucionais, isto é. No Brasil, os
intolerantes religiosos e punitivos dominam os canais, programas
sensacionalistas nas tarde da TV e se espraiam por todos os partidos e
parlamentos do país. Devemos aproveitar o momento da multidão que tomou
as ruas do país em 2013 para construir boas bancadas
anti-proibicionistas. Em regra, os modismos são criados e interessam ao
mercado. Não podemos cair, logo agora, nessa caretice impotente, nessa
perigosa mistura da moda com a intolerância política.