ROBERTO MONTEIRO PINHO -
No debate realizado na
terça-feira (26) pela Rede Bandeirantes a candidata do PSB à Presidência,
Marina Silva, voltou sua artilharia pesada contra a presidente Dilma Rousseff
(PT). A tática parece ter dado resultado. Os mais afetos a política e de olho
sucessão, acreditam que Marina ganhou pontos, quanto aos demais candidatos.
Entre os ataques, Marina afirmou
que o governo petista não reconheceu os problemas do país após as manifestações
de junho de 2013 e sugeriu que os pactos propostos pela presidente não deram
resultado. Na réplica, Dilma lembrou que o Congresso aprovou o
projeto que destina 75% dos royalties do petróleo para educação e 25% para a
saúde. Além disso, citou que o programa "Mais Médicos" atende a 50
milhões de brasileiros. Marina rebateu: “Esse Brasil colorido que a presidente
acaba de mostrar não existe. A reforma política virou troca de ministros”, e
acrescentou que a segurança, a educação e a saúde vivem em um estado de “penúria”.
O candidato do PSDB, Aécio
Neves, falou sobre a geração de empregos nos governos do PSDB e PT. O tucano
disse que a presidente Dilma “fala para trás” (numa clara referencia ao governo
Lula) porque tem receio de debater o futuro. Ao final alfinetou: “o governo
petista sucateou a indústria e que o país terá neste ano um dos piores
crescimentos na América Latina”. “O governo perdeu a capacidade de inspirar
confiança”, disse Aécio, que acusou o PT de ter sido beneficiado pela “herança
bendita” dos tucanos na estabilidade da economia.
Marina passa Aécio e cola na comandanta Dilma
Agora Dilma, PT boquinha, e Lula-lá enfrentam o furacão
de votos de uma candidatura que surgiu infelizmente após uma tragédia, mas que
soube dar um significado político, ao manter as diretrizes do programa do PSB,
postura a altura do seu líder Eduardo Campos. Por isso, embora já tivesse seu
lastro de votos, a candidata do PSB a Presidência, Marina Silva disparou nas
pesquisas. De acordo com os números divulgados há pouco pelo Ibope, com 29% das
intenções de voto, Marina disparou na corrida eleitoral e agora está próxima da
presidente Dilma Rousseff (PT), que teria 34% no primeiro turno se as eleições
fossem hoje.
O Instituto revelou ainda que em um eventual segundo
turno entre as duas candidatas, Marina ainda ganharia de Dilma, com nove pontos
percentuais à frente - 45% contra 36%.
Já o candidato, Aécio Neves (PSDB), aparece em terceiro lugar com 19% das
intenções de voto. Caso vá para o segundo turno com Dilma, o tucano teria 35%
contra 41% da petista.
É
bom lembrar que na pesquisa
anterior, divulgada pelo Ibope em 7 de agosto, a presidente Dilma tinha 38% das
intenções de voto e Aécio aparecia em segundo lugar, com 23%. Já Eduardo
Campos, (falecido) na ocasião, candidato do PSB à presidência tinha 8%.
Segundo o Ibope a ex-senadora é também a que tem menor
índice de rejeição entre os três primeiros colocados. Apenas 10% dizem que não votaria
na candidata, contra 36% que rejeitam Dilma e 18%, Aécio. Pastor Everaldo tem
14% de rejeição e Zé Maria (PSTU) tem 11%.
A avaliação ao governo da atual presidente Dilma
Rousseff teve pequena variação positiva. Para 34% dos eleitores, a gestão dela
é boa ou ótima. Na avaliação anterior, esse índice era de 32%. Entre os que
desaprovam, o índice de ruim ou péssimo passou de 31% para 29% neste levantamento. A
pesquisa foi encomendada pela Rede Globo e pelo jornal Estado de São Paulo, e ouviu
2.506 eleitores entre os dias 23 e 25 de agosto.
A
sucessão nos Estados está deixando Dilma no retrovisor
Em São Paulo a comandanta Dilma poderá amargar sua
maior derrota nos estados. Alem de registrar baixos índices de pesquisa, os
paulistanos são os que mais rejeitam a petista. O levantamento de opinião do
instituto Datafolha encomendado pela TV Globo e pelo jornal "Folha de São
Paulo", divulgado dia 15 de agosto de 2014, Geraldo Alckmin permanece na
liderança pelo Governo, com grandes chances de vencer no primeiro turno. Paulo
Skaf (PMDB) tem 16% e Alexandre Padilha (PT 5%).
Já nos
estados a situação do PT se complica a cada dia. De acordo com o levantamento
realizado pela Arko Advice tendo como base as coligações nos 26 estados e
no Distrito Federal (DF), a aliança PT e PMDB, principais partidos de
sustentação da candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição, será
reproduzida em apenas oito estados e no DF. Os números são inquietantes para a
comandanta Dilma. Isso porque petistas e peemedebistas estão em lados opostos
em 17 estados. Nesses, o PMDB optou por alianças com o PSDB em cinco estados (Espírito
Santo, Rio de Janeiro, Acre, Ceará e Bahia) e com o PSB em outros cinco (Rio
Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rondônia).
Segundo turno
Tudo indica que teremos um segundo turno entre Dilma e
Marina, e só um milagre parece capaz de levá-lo ao segundo turno.
Na opinião de renomados consultores na área de análise político/eleitoral,
tivesse Marina conseguido formar a Rede, ela já estaria onde está há muito
tempo, no encalço de Dilma. Eles apontam, com o qual corroboro de que nos
protestos de junho de 2013,ela foi o único grande nome da política que escapou
da execração geral. Grande parte dos eleitores de Marina estava nas ruas
naqueles dias de junho.
Eles pediam mudanças – mas não o tipo de mudança
associado ao envelhecido PSDB. Com os tucanos, não seria exatamente mudança e
sim retrocesso.
Marina personificou então para os manifestantes a
mudança, com sua imagem de alguém que não faz alianças com políticos tidos como
símbolo do atraso, de Maluf a Sarney. Marina, de alguma maneira, remetia
naqueles dias de protestos ao Lula dos anos 1980. Como o Lula sindicalista, ela
parecia “diferente de tudo que está aí”. Também a origem humilde como a de Lula
contribuiu para a formação de uma imagem de “pureza” que acabaria por compor
seu perfil para muitos brasileiros em busca de “algo novo”. Com esse perfil,
Marina deve crescer ainda mais, encarna uma trilha encontrada pelo
descontentes, que desejam mudanças, a partir de nomes e, personalidade e
propostas, mesmo que sejam simples, mas objetivas e capazes de convencer essa
massa esquecida da velha política nos últimos anos.
Sem
mais surpresas, incidentes e acidentes, tudo indica que o próximo presidente
seja uma mulher, e na lista das probabilidades, Marina Silva já está sendo apontada
como a próxima comandanta dos esquecidos.