12.6.14

VAI TER COPA

ALCYR CAVALCANTI -


A maior Copa de todos os tempos (segundo Blatter), a Copa das Copas (segundo Dilma) vai começar, apesar das obras inacabadas e/ou malfeitas. Em 1950, ainda um menino de calças curtas tive a honra de ir ao recém-construído estádio do Maracanã levado pelo meu querido irmão Sebastião Elson, para assistir o Brasil golear a Espanha. Foi uma experiência inesquecível ver a imensa torcida de mais de 190mil pessoas cantarem Touradas em Madrid, e nossa seleção de craques Zizinho, Ademir e Jair darem um olé na Fúria. Infelizmente dias depois veio o Maracanazo que deixou um trauma até os dias de hoje. Depois de 1950 fui centenas, talvez milhares de vezes ao “maior estádio do mundo” ora como torcedor, e depois como repórter-fotográfico, pelos diversos jornais e revistas em que trabalhei, inclusive na querida Tribuna, onde registrei em 2002 jogos eliminatórios, e  o triunfal cortejo da vitória do penta, dependurado em um viaduto na avenida Brasil. Estamos em 2014, e assim como eu, quase ninguém entende como um estádio que comportava quase 200mil pessoas (amontoadas, inclusive na marquise) tenha sido transformado pelas exigências da FIFA em uma arena onde cabem somente 78 mil. Foi a única maneira de deixar o povão ficar de fora, há alguns quilômetros de distancia. 

Abertura no Itaquerão preocupa organizadores 

A grande abertura do Mundial 2014 vai ser em São Paulo dia 12 de junho, no estádio do Corinthians em Itaquera. Construção cercada de polêmicas onde prevaleceu a paixão de torcedor e não a isenção do político vai ser palco da estreia da seleção brasileira em um estádio inacabado com estruturas provisórias, onde prevaleceu o velho jeitinho brasileiro, que às vezes pode dar certo, às vezes não. O gerente geral do Comitê Organizador Local-COL Thiago Paes revelou que só vai aprender a operar o estádio na semifinal, isto é daqui a vários dias. Essa afirmação foi resultado do atraso das obras que, aliás, não foi privilégio dos paulistanos, mas tem acontecido em quase todas as doze arenas que obedecem a um “Padrão Brasil”. A presidente Dilma e o presidente Blatter estarão presentes em uma arena onde sua capacidade foi reduzida, devido a um atraso nas obras, que quase obriga os organizadores em mudar o local da festa de abertura. 

Os erros são muitos, aeroportos em estado precário, apesar da privatização, praias poluídas apesar de centenas de estudos feitos, e nunca aplicados, sistema de transportes insuficiente, favelas ainda não pacificadas, apesar da imensa propaganda feita pelos governantes que só pensam nas eleições de outubro. Muito dinheiro foi gasto, saindo pelo ralo, ou para o bolso de alguns espertalhões em conluio com políticos que desonraram seus mandatos, esquecendo as promessas feitas em campanhas milionárias. A solução, como era esperada foi colocar um imenso cinturão de segurança, para impedir as manifestações legítimas, e as ameaças de grupos radicais, que certamente irão ocorrer. Apesar de tudo, ruas são enfeitadas, cobertas de verde amarelo, apesar dos governantes incompetentes, das inúmeras promessas que nunca serão cumpridas. Apesar da sanha desmedida, da ganancia, da estupidez dos “mandatários”, que de fato não nos representam, o futebol e a magia dos craques de todas as equipes estarão acima de tudo.  Estaremos torcendo pela nossa seleção, e vaiando com veemência os responsáveis pelos desmandos, pela corrupção, pelo deboche, pelo desrespeito para com milhões de brasileirinhos que sonham com um Brasil melhor, com um mundo melhor e mais fraterno. Termino com a frase do poeta: “Apesar de vocês amanhã há de ser um novo dia”. Abre o olho malandragem, um dia a casa cai. Outubro vem aí....