5.6.14

PAULO OTÁVIO, PRESO, SAIRÁ COM O DINHEIRO DA CORRUPÇÃO. JUAN CARLOS FORA DO TRONO

HELIO FERNANDES

Assumiu em 1975, popularíssimo quando acabou a ditadura de Franco. Em 1936, o povo não queria mais a monarquia, foi para as ruas, exigiu a República, ela foi promulgada. Eleito e empossado o presidente, os generais não concordam, se dividiram, começou a mais terrível guerra civil do mundo ocidental.

Lógico, proporcionalmente, por causa da população, não muito grande. E a guerra civil de 1860 nos EUA, e a da Rússia que transformaria o país em União Soviética em 1917, muito maiores.

Cruel, déspota mesmo, sem convicções, Franco ficou no Poder até 1975. Restabeleceu a monarquia, passou o cargo ao próprio Juan Carlos, que estaria completando agora quase 40 anos de Poder. Bem visto, de formação e feitio quase democrático, foi ficando, embora toda a Espanha quisesse a República. 

10 anos de impopularidade 

Os últimos anos foram de contestação, de descoberta e escândalos dele e da família. O genro e a filha acusadissimos de enriquecimento ilícito. O genro chegou a ser preso. Para os aristocratas, inacreditável.

Nesse período, Juan Carlos só teve um momento de notoriedade. Numa reunião com muitos presidentes, Ministros e até reis, Chávez, presidente-ditador da Venezuela não parava de falar. Fez então a frase curta que correu o mundo: “Por que não te calas”. 

Juan Carlos já estava sendo “abdicado” 

O primeiro Ministro e as lideranças partidárias já conversavam sobre o destino e o futuro de Juan Carlos. A última palavra, com ele mesmo, no episódio do safári caríssimo, revoltando o país. O Rei não tinha recursos para isso, tudo investigado. Além do mais, responsável pelo meio ambiente, participou de uma caravana para assassinar elefantes.

Não resistiu, fez algumas exigências pessoais, concordou em passar o trono ao filho Felipe. Tido como sério, discreto, casado há 18 anos. Só que no dia em que foi anunciada a saída de Juan Carlos, multidões dominaram as ruas com cartazes e gritos, apenas uma palavra e assim, sincopada: R-E-P-Ú-B-L-I-C-A. Pode estar próxima. 

Sem marqueteiros, Campos desarvorado 

Ele é do tipo que precisa sempre ser aconselhado, encaminhado, conduzido pela mão. Sozinho, é um desastre, uma tragédia, contradição em cima de contradição. Leiam a última declaração dele, querendo atingir Dona Dilma. Textual, sem qualquer acréscimo ou comentário do repórter.

“O governo Dilma Rousseff e sua coalizão, tem raposas de paletó e gravata, que já surrupiaram do povo brasileiro, o que tinham que surrupiar”. Apenas para lembrar: Campos fez parte dessa “coalizão”, durante muito tempo. 

Dona Dilma também não pode ficar sozinha 

É inacreditável a “queda” de nível não só do relacionamento entre políticos, mas também da falta de importância de suas afirmações. Como fiz com Campos aí em cima, vou fazer com Dona Dilma. Também não pode ficar longe dos marqueteiros. Textual, sem comentários.

“A confiança voltará depois das eleições, os empresários serão recompensados. Expectativas, atrapalham o crescimento”. 

Poder: a obsessão da continuação 

Quase todos que chegam ao Poder, não querem sair, fazem tudo para ficarem o maior tempo possível. Rafael Corrêa, do Equador, foi eleito e reeleito. Agora não quer apenas mais um mandato e sim a fixação de ininterruptos. Assim, poderia ficar até quando quisesse. 

Menen, FHC, Lula 

O presidente da Argentina, que começou a derrocada do país, corruptíssimo, eleito e reeleito. Tentou o terceiro mandato, não conseguiu. Desapareceu, vive com a fortuna que transferiu dos cofres públicos para suas contas particulares. 

A escabrosa reeleição de FHC 

Em 1995 haveria eleição para substituição de Itamar que assumira com o impeachment de Collor. Achando que não ganhava, tratou de reduzir o mandato de 5 para 4 anos, foi eleito.

Em 1998 comprou a reeleição, a primeira na História da República. Com a fortuna das “moedas podres” e a formidável remessa de dinheiro consequência da privataria e do “plano Real”, queria o terceiro mandato, não conseguiu. 

Lula também não conseguiu o terceiro 

Eleito e reeleito, Lula tinha um plano para o terceiro mandato, coletivo. Todos, presidente, governadores, prefeitos, teriam os mandatos prorrogados até 2012. (Incluiu até os Ministros do Supremo que passariam a se aposentar com 75 anos e não aos 70). Depois da reeleição geral de 2012, acabaria a reeleição. Não deu certo. 

Nos EUA, reduziram e limitaram os mandatos presidenciais 

Lá a duração era ilimitada, os mandatos ininterruptos. Ninguém ficou mais de 8 anos, não quiseram o terceiro. Até que surgiu Franklin Delano Roosevelt. Eleito em 1932, 36, 40 e 44, acreditavam que poderia tentar o quinto mandato, estava com 61 anos. Morreu no início do quarto mandato. 

Republicanos e Democratas, juntos 

Preocupados que surgisse um novo Roosevelt, os dois partidos se juntaram em 1952, aprovaram a emenda constitucional número 24. Agora, os presidentes cumprem no máximo 8 anos. Depois não podem ser eleitos ou nomeados para coisa alguma. Acabou a carreira. O primeiro a cumprir essa emenda foi Eisenhower, eleito em 1952, foi embora em 1960. 

Imposto sobre herança 

Importante agência de dados dos EUA, pesquisou quanto pagam os herdeiros que recebem o quê e no Brasil, se chama a “legítima”. A herança é obrigatória. Em muitos países, os que morrem, fazem o que querem. 

“Generosidade” da ditadura 

Por esse levantamento, no Brasil se paga o menor imposto pela herança. O mais alto na Inglaterra e na França. Quando Castelo Branco era “presidente” e a maioria de empresários apoiava e financiava o golpe, ele fez um decreto. Deu 30 dias para os que quisessem “adiantar a legítima” para os herdeiros, não pagassem nada. Os poderosos da época se aproveitaram. Por aí a Comissão da Verdade poderia localizar os empresários “participantes de 64 em diante”, Alguns “herdaram” por volta de 100 milhões, ISENTOS. 

Paulo Otávio, milionário preso por corrupção 

A corrupção é genérica, endêmica, questão de oportunidade? Paulo Otávio, já foi vice de Brasília com José Roberto Arruda governador. Os dois renunciaram para não serem cassados. Ele é o maior proprietário imobiliário de Brasília, prédios e terras.

Agora está preso acusado de corrupção ATIVA e PASSIVA. E todos os prédios e terras que tem, sob suspeita de terem certidões IRREGULARES. Pagou por tudo. Inacreditável. O óbvio: vai “comprar” a liberdade com o dinheiro da corrupção. 

PS – Houve tanta eliminação precoce em Roland Garros, que pela primeira vez, Gulbis, um jogador da Letônia chega à semifinal. Ganhou do tcheco Berdich, bom mas sem convicção, ou garra. 

PS2 – À noite, nestes tempos em que só se fala em Copa do Mundo, mesmo em programas não esportivos, uma opção para a noite, é um programa apresentado pelo Canal Fox. 

PS3 – Comandado por Paulo Roberto Falcão, interessantíssimo, tem a qualidade e a grandeza do extraordinário jogador e notável personagem. Sempre convidados ótimos, distração agradável. 

PS4 – Os jornalões no dia seguinte, e as televisões, na hora, endeusaram a seleção, por ganhar do Panamá. Todos usaram a palavra GALA. “Caminho da gala”, “ensaio da gala”, “começo da gala”. Comentaristas amestrados, a mesma badalação e bajulação. 

PS5 – Bastaria deixar a pergunta para que o povão respondesse-perguntando: “E se o Neymar não estivesse em campo?”. Os próprios companheiros exaltaram Neymar, sabem que sem ele não há nem seleção nem título. 

PS6 – É evidente que houve corrupção na “escolha” do Qatar para sede da Copa em 2022. Sempre as sedes são escolhidas indicadas com 6 anos de antecedência. O Brasil ganhou a realização em 2008, para este 2014. 

PS7 – Logo a seguir houve a indicação da Rússia para sede de 2018. E sem qualquer constrangimento, com o dinheiro rolando, informaram: “A Copa de 2022 será no Qatar”. 

PS8 – Surgiram denúncias de todos os lados e por vários motivos. Antes da corrupção confirmada agora, houve o protesto geral contra a Copa do Qatar em junho, impensável por causa do clima. Mudaram para Janeiro, atingindo o calendário dos 219 países filiados à Fifa. 

PS9 – Agora, juntando tudo, a conclusão: a Copa de 2022 pode ser em muitos países menos no riquíssimo e escravagista Qatar. O México, que já realizou duas Copas, e a Grã-Bretanha, reivindicam sediar a Copa de 2022. 

PS10 – Amanhã em São Paulo, a seleção joga com a Sérvia, melhor do que o Panamá, vem de uma escola importante. De qualquer maneira, nenhuma preocupação. Podem preparar manchetes com a palavra GALA.