HELIO FERNANDES –
Assumiu em 1975, popularíssimo quando acabou a ditadura de
Franco. Em 1936, o povo não queria mais a monarquia, foi para as ruas, exigiu a
República, ela foi promulgada. Eleito e empossado o presidente, os generais não
concordam, se dividiram, começou a mais terrível guerra civil do mundo
ocidental.
Lógico, proporcionalmente, por causa da população, não muito
grande. E a guerra civil de 1860 nos EUA, e a da Rússia que transformaria o
país em União Soviética em 1917, muito maiores.
Cruel, déspota mesmo, sem convicções, Franco ficou no Poder
até 1975. Restabeleceu a monarquia, passou o cargo ao próprio Juan Carlos, que
estaria completando agora quase 40 anos de Poder. Bem visto, de formação e
feitio quase democrático, foi ficando, embora toda a Espanha quisesse a
República.
10 anos de
impopularidade
Os últimos anos foram de contestação, de descoberta e
escândalos dele e da família. O genro e a filha acusadissimos de enriquecimento
ilícito. O genro chegou a ser preso. Para os aristocratas, inacreditável.
Nesse período, Juan Carlos só teve um momento de
notoriedade. Numa reunião com muitos presidentes, Ministros e até reis, Chávez,
presidente-ditador da Venezuela não parava de falar. Fez então a frase curta
que correu o mundo: “Por que não te calas”.
Juan Carlos já estava
sendo “abdicado”
O primeiro Ministro e as lideranças partidárias já
conversavam sobre o destino e o futuro de Juan Carlos. A última palavra, com
ele mesmo, no episódio do safári caríssimo, revoltando o país. O Rei não tinha
recursos para isso, tudo investigado. Além do mais, responsável pelo meio
ambiente, participou de uma caravana para assassinar elefantes.
Não resistiu, fez algumas exigências pessoais, concordou em
passar o trono ao filho Felipe. Tido como sério, discreto, casado há 18 anos.
Só que no dia em que foi anunciada a saída de Juan Carlos, multidões dominaram
as ruas com cartazes e gritos, apenas uma palavra e assim, sincopada: R-E-P-Ú-B-L-I-C-A.
Pode estar próxima.
Sem marqueteiros,
Campos desarvorado
Ele é do tipo que precisa sempre ser aconselhado,
encaminhado, conduzido pela mão. Sozinho, é um desastre, uma tragédia,
contradição em cima de contradição. Leiam a última declaração dele, querendo
atingir Dona Dilma. Textual, sem qualquer acréscimo ou comentário do repórter.
“O governo Dilma Rousseff e sua coalizão, tem raposas de
paletó e gravata, que já surrupiaram do povo brasileiro, o que tinham que
surrupiar”. Apenas para lembrar: Campos fez parte dessa “coalizão”, durante
muito tempo.
Dona Dilma também não
pode ficar sozinha
É inacreditável a “queda” de nível não só do relacionamento
entre políticos, mas também da falta de importância de suas afirmações. Como
fiz com Campos aí em cima, vou fazer com Dona Dilma. Também não pode ficar
longe dos marqueteiros. Textual, sem comentários.
“A confiança voltará depois das eleições, os empresários
serão recompensados. Expectativas, atrapalham o crescimento”.
Poder: a obsessão da
continuação
Quase todos que chegam ao Poder, não querem sair, fazem tudo
para ficarem o maior tempo possível. Rafael Corrêa, do Equador, foi eleito e
reeleito. Agora não quer apenas mais um mandato e sim a fixação de ininterruptos.
Assim, poderia ficar até quando quisesse.
Menen, FHC, Lula
O presidente da Argentina, que começou a derrocada do país,
corruptíssimo, eleito e reeleito. Tentou o terceiro mandato, não conseguiu.
Desapareceu, vive com a fortuna que transferiu dos cofres públicos para suas
contas particulares.
A escabrosa reeleição
de FHC
Em 1995 haveria eleição para substituição de Itamar que
assumira com o impeachment de Collor. Achando que não ganhava, tratou de
reduzir o mandato de 5 para 4 anos, foi eleito.
Em 1998 comprou a reeleição, a primeira na História da
República. Com a fortuna das “moedas podres” e a formidável remessa de dinheiro
consequência da privataria e do “plano Real”, queria o terceiro mandato, não
conseguiu.
Lula também não
conseguiu o terceiro
Eleito e reeleito, Lula tinha um plano para o terceiro
mandato, coletivo. Todos, presidente, governadores, prefeitos, teriam os
mandatos prorrogados até 2012. (Incluiu até os Ministros do Supremo que
passariam a se aposentar com 75 anos e não aos 70). Depois da reeleição geral
de 2012, acabaria a reeleição. Não deu certo.
Nos EUA, reduziram e
limitaram os mandatos presidenciais
Lá a duração era ilimitada, os mandatos ininterruptos.
Ninguém ficou mais de 8 anos, não quiseram o terceiro. Até que surgiu Franklin
Delano Roosevelt. Eleito em 1932, 36, 40 e 44, acreditavam que poderia tentar o
quinto mandato, estava com 61 anos. Morreu no início do quarto mandato.
Republicanos e
Democratas, juntos
Preocupados que surgisse um novo Roosevelt, os dois partidos
se juntaram em 1952, aprovaram a emenda constitucional número 24. Agora, os
presidentes cumprem no máximo 8 anos. Depois não podem ser eleitos ou nomeados
para coisa alguma. Acabou a carreira. O primeiro a cumprir essa emenda foi
Eisenhower, eleito em 1952, foi embora em 1960.
Imposto sobre herança
Importante agência de dados dos EUA, pesquisou quanto pagam
os herdeiros que recebem o quê e no Brasil, se chama a “legítima”. A herança é
obrigatória. Em muitos países, os que morrem, fazem o que querem.
“Generosidade” da
ditadura
Por esse levantamento, no Brasil se paga o menor imposto
pela herança. O mais alto na Inglaterra e na França. Quando Castelo Branco era
“presidente” e a maioria de empresários apoiava e financiava o golpe, ele fez
um decreto. Deu 30 dias para os que quisessem “adiantar a legítima” para os
herdeiros, não pagassem nada. Os poderosos da época se aproveitaram. Por aí a
Comissão da Verdade poderia localizar os empresários “participantes de 64 em
diante”, Alguns “herdaram” por volta de 100 milhões, ISENTOS.
Paulo Otávio, milionário
preso por corrupção
A corrupção é genérica, endêmica, questão de oportunidade?
Paulo Otávio, já foi vice de Brasília com José Roberto Arruda governador. Os
dois renunciaram para não serem cassados. Ele é o maior proprietário
imobiliário de Brasília, prédios e terras.
Agora está preso acusado de corrupção ATIVA e PASSIVA. E
todos os prédios e terras que tem, sob suspeita de terem certidões IRREGULARES.
Pagou por tudo. Inacreditável. O óbvio: vai “comprar” a liberdade com o
dinheiro da corrupção.
PS – Houve tanta
eliminação precoce em Roland Garros, que pela primeira vez, Gulbis, um jogador
da Letônia chega à semifinal. Ganhou do tcheco Berdich, bom mas sem convicção,
ou garra.
PS2 – À noite,
nestes tempos em que só se fala em Copa do Mundo, mesmo em programas não
esportivos, uma opção para a noite, é um programa apresentado pelo Canal Fox.
PS3 – Comandado
por Paulo Roberto Falcão, interessantíssimo, tem a qualidade e a grandeza do
extraordinário jogador e notável personagem. Sempre convidados ótimos,
distração agradável.
PS4 – Os jornalões
no dia seguinte, e as televisões, na hora, endeusaram a seleção, por ganhar do
Panamá. Todos usaram a palavra GALA. “Caminho da gala”, “ensaio da gala”,
“começo da gala”. Comentaristas amestrados, a mesma badalação e bajulação.
PS5 – Bastaria
deixar a pergunta para que o povão respondesse-perguntando: “E se o Neymar não
estivesse em campo?”. Os próprios companheiros exaltaram Neymar, sabem que sem
ele não há nem seleção nem título.
PS6 – É evidente
que houve corrupção na “escolha” do Qatar para sede da Copa em 2022. Sempre as
sedes são escolhidas indicadas com 6 anos de antecedência. O Brasil ganhou a
realização em 2008, para este 2014.
PS7 – Logo a
seguir houve a indicação da Rússia para sede de 2018. E sem qualquer
constrangimento, com o dinheiro rolando, informaram: “A Copa de 2022 será no
Qatar”.
PS8 – Surgiram
denúncias de todos os lados e por vários motivos. Antes da corrupção confirmada
agora, houve o protesto geral contra a Copa do Qatar em junho, impensável por
causa do clima. Mudaram para Janeiro, atingindo o calendário dos 219 países
filiados à Fifa.
PS9 – Agora,
juntando tudo, a conclusão: a Copa de 2022 pode ser em muitos países menos no
riquíssimo e escravagista Qatar. O México, que já realizou duas Copas, e a
Grã-Bretanha, reivindicam sediar a Copa de 2022.
PS10
– Amanhã em São Paulo, a seleção joga com a
Sérvia, melhor do que o Panamá, vem de uma escola importante. De qualquer
maneira, nenhuma preocupação. Podem preparar manchetes com a palavra GALA.


