14.6.14

O CARNAVAL PERDEU PARA O FUTEBOL, A CONSTATAÇÃO DE MAIOR ESPETÁCULO. O COMPORTAMENTO DE FRED NEM FREUD EXPLICA

HELIO FERNANDES – 

Não fossem os exageros, os devaneios e o poder nem tão momentâneo como deveria e a Copa do Mundo de futebol, o esporte mais popular do mundo, deveria ser mesmo o maior espetáculo da terra. Tinha e tem tudo para ser, só que impõem aos países, exigências, restrições e obrigações que só podem ser cumpridos com sacrifícios inacreditáveis.

Mas como todos os países querem realizar essa Copa, não haverá nenhuma providência para trazer e fazer a Copa para as ruas, perto do povo. Muitos pensam que por causa dos gastos alucinantes e imponderáveis, os jogos são populares. São, mas para os dirigentes, esportivos ou não, que ficam 30 dias nas manchetes.

Não se trata de outra coisa, mesmo no Brasil, que terá eleição pouco mais de 2 meses depois de acabada a Copa. Todos procuram se favorecer, não conseguirão, mesmo que os jogadores conquistem o título. Só eles e não os dirigentes ou autoridades esportivas ou não. 

Participação do repórter 

Dos vivos, jornalistas ou não, sou o único que vi 9 jogos fora do Brasil, nos locais onde se realizavam. Escrevi sobre todas, incluindo a de 1998, com a confusão e a convulsão do Ronaldo fenômeno.

Escrevi na hora e não pode ser desmentido até hoje, 14 anos depois: “Jamais se saberá o que aconteceu”, a razão dele ter ido sozinho a um hospital fora de Paris, voltado na hora de começar o jogo, e dizer: “Vou jogar”. Edmundo que já estava escalado, teve que sair, entrou Ronaldo.

Perdemos facilmente, é impossível negar que a França tinha Zidane e mais 10, quase todos de ótima qualidade. Mas até então jamais havia ganhado uma Copa, e depois também não ganharia mais. Com o vexame de 2010, jogadores e técnicos se hostilizando e até se agredindo, num espetáculo que teve que ser investigado depois, na própria França. 

Dilma e as vaias merecidas 

Não queria ir, já havia sido vaiada antes da Copa. Foi obrigada. Ficou lá no fundo, ao lado do corruptaço, Blatter, avisou que não ia discursar. Devia ter discursado, teria sido vaiada, pelo “conteúdo”, e não pelo “continente”. Todos sabem que falando ela é ainda mais monótona do que calada.

Como sabiam que estava lá, vaiaram com insistência, até que silenciaram os telões. As vaias continuaram só que em circuito fechado, mas um circuito mais importante e imponente, o circuito invencível das ruas, “o povo unido, jamais será vencido”. O difícil é uni-lo, com tanta repressão, intimidação, perseguição.

65 mil pagantes, todos ricos ou quase isso, lotaram o estádio do BNDES e com a participação do prefeito Haddad, que deu mais de 400 milhões como INCENTIVO, não para pagar e sim para INCENTIVAR. 

Aos 78 anos, Blatter “conquistou” mais 5 anos 

Para decepção e frustração dos que não queriam Copa, ela surgiu exatamente às 17 horas. É a famosa pontualidade Fifa. Que só vale para o início dos jogos. Para o começo e o fim dos mandatos, basta uma geografia financeira.

O melhor exemplo é o próprio Blatter. Simples burocrata até 1998, foi sendo “prorrogado” até 2010. Aí cooptou (nada com comprou) a permanência até 2015.

No ano passado fez acordo com Platini, presidente da UEFA: “Não me candidato mais, é a tua vez”. Mas no ano passado começou a campanha para ficar mais 5 anos. (O mandato era de 4 anos aumentou para 5).

Já tem número para ser reeleito, Platini não tem como ganhar. Declaração de Blatter, aqui mesmo no Brasil, garantido o novo mandato: “Ainda não acabei minha missão”. Leia-se: ainda não enriqueceu suficientemente. 

Voltamos ao futebol do campo, fora dele é um desfrute vergonhoso 

A seleção, perdão, Felipão, se auto-proclamou favoritíssima. Mas (venceu?) com extrema dificuldade e com ajuda nem pedida nem desejada, do arbitro japonês. Que vergonha.

O jogo terminou às 19 horas, imediatamente os sites dos jornalões do mundo todo, retumbavam em unanimidade, quase com as mesmas palavras: “O Brasil estreia na Copa com vitória roubada”. Nem injustiça nem exagero.

Fred-Freud

Ele faz sempre a mesma coisa, jogos em cima de jogos. Há 15 dias, num lance falcatruado, usei o jogo de palavras com o seu nome e o do grande psiquiatra, que repito sem prazer, mas rigorosamente verdadeiro.

Fui escrevendo sobre o jogo de estreia, minuto após minuto, e começando o intervalo, coloquei, textual: “Está na hora de tirar o Fred, não viu nem pegou na bola. Mas Felipão vai deixa-lo, pode escorregar e fazer um gol sentado”.

Não escorregou, se jogou no chão, ficou sentado, o japonês marcara o pênalti. Examinando dezenas de imagens de várias televisões, todas se completam: Fred está sentado, com as mãos para cima, o chão é todo dele. Não há nenhum croata perto. 

A comemoração vergonhosa da Comissão Técnica 

Marcado o pênalti, a Comissão Técnica num vexame coletivo, se abraçou efusivamente, como se aquele fosse o último jogo e o Brasil campeão. Depois, na entrevista, Felipão foi sucinto e sumário: “Pra mim foi pênalti”.

Depois como querendo pedir desculpas, (o que não fez quando revelou a sua grande admiração por Pinochet), afirmou: “Cada um vê o lance da sua maneira”.

Só complicou as coisas. Técnicos e comentaristas, sem “patriotadas” têm que ver o que acontece e aconteceu e não o que despudoradamente serve a si mesmo. 

“Ganhamos sem o pênalti” 

A frase é do Felipão, do “carreira”. Perdão, Parreira, disseram isso, baseados no gol do Oscar. Este mereceu, mas se não houvesse o pênalti que o japonês traduziu muito mal, o empate ficaria até os 45 minutos quando Oscar fez o terceiro.

Sem falar que os croatas ficaram desapontados, decepcionados e desencantados, passaram apenas a se defender. E sem esquecer que o goleiro “colaborou” nos 3 gols.

Neymar chutou de fora da área, fraco, ele se atirou atrasado. O gol do Oscar quase repetição do Neymar, só que Oscar veio de longe, chutou de bico. E no pênalti, o goleiro “adivinhou” o canto, bateu na bola, mas de forma medíocre.

Há anos, um professor de UERJ, depois reitor fez tese de Mestrado com este título: “A Informação e a Intuição no Jornalismo de Helio Fernandes”. Não conversou comigo, escreveu o que ele observou no que eu escrevia. Uma espécie de tradução do que Carlos Lacerda se fartou de dizer e escrever: “O Helio advinha”.

Lógico que não uso adivinhação, e o que o professor chamou de intuição seja o acumulo e a obsessão pela informação. Agora 24 horas depois da estreia madiocríssima, não quero adivinhar nada, nem ser catastrófico com o resultado do primeiro jogo na chave e até com os outros dois.

A Itália empatou os três jogos e se classificou. É dificílimo mas não impossível tanto que aconteceu.

O Brasil ganhou com aquele pênalti vergonhoso, Felipão e Fred deviam fazer como no basquete. Quando os jogadores fazem falta, levantam as mãos, se acusando. Ontem foi o contrário. O Brasil não está eliminado, pode ser campeão, mas sem o favoritismo apregoado pela Comissão Técnica. 

PS – Espanha-Holanda talvez fosse o jogo mais esperado, por causa do histórico. Em 2010, os dois países chegaram à final, sem títulos. A Holanda chegara duas vezes à final, a Espanha nem isso. Apesar de ter sediado e perdido a Copa em casa, 1982. 

PS1 – A Holanda que provavelmente jamais sediará Copa, fez história com a “laranja mecânica” em 1974 e 1978. Ontem, antes de começar o jogo, Ledio Carmona (dos melhores comentaristas esportivos da TV) afirmou: “A Espanha tem a melhor seleção de todos os tempos”. Exagero que não poderia cometer. 

PS2 – A Espanha levou 80 anos sem conquistar um título. E o de 2010, foi conquistado com o seguinte resumo. 90 minutos, 0 a 0. Primeiros 15 minutos da prorrogação, 0 a 0. 11 minutos do seguinte tempo, 0 a 0. Até que faltando 4 minutos para os pênaltis, a Espanha fez um gol por acaso, ganhou o título. É uma excelente seleção, nada mais do que isso, longe de ser invencível. 

PS3 – Os dois estão na chave do Brasil. Dependendo dos resultados, poderão se enfrentar nas oitavas. Apesar da estreia o Brasil está nas oitavas. Qual a preferência? Enfrentar a Espanha, com um título, a Holanda sem nenhum? Perguntem ao Felipão. O que ele disser apostem no contrário. 

PS4 – Termina o primeiro tempo. A Espanha desperdiçou 45 minutos, confundiu exibicionismo com talento. E confundiu, mas a favor o próprio árbitro que marcou um pênalti, numa montagem fantasiosa. Deixou o pé, veio o pênalti, INEXISTENTE. Não tão vergonhoso e vexaminoso como o do Fred. A Espanha continuou “bailando”, aos 44 sofreu o gol do empate, bola cabeçada de Van Persie. 

PS5 – Logo no início, Robben, em grande jogada faz o segundo da Holanda. 

PS6 – Aos 18 minutos, o técnico da Espanha tira os protagonistas do primeiro gol: Diego Costa que fingiu o pênalti e Alonso que marcou muito bem. 

PS7 – Menos de 1 minuto depois, a defesa da Espanha falha completamente e o goleiro Casillas, parodiando um ministro do Supremo, falha por último, é o terceiro da Holanda. 

PS8 – Aos 25 nova falha clamorosa e inacreditável de Casillas, Van Persie faz o seu segundo, o quarto da Holanda. É a forra completa de 2010, embora 2014 esteja apenas começando. 

PS9 – Aos 35, o mais destacado jogador em campo, Robben, faz também o seu segundo, o quinto da Holanda. É a primeira goleada da Copa, “goleada de gala”, desculpem. 

PS10 – Que jogaço e que craque esse Robben, que quase faz o sexto, de primeira. Goleada não tem explicação. Talvez a única que satisfaça o técnico Del Bosque: vendo o adversário de AZUL, jamais podia imaginar que fosse a LARANJA MECANIC.