HELIO FERNANDES –
Não fossem os exageros, os devaneios e o poder nem tão
momentâneo como deveria e a Copa do Mundo de futebol, o esporte mais popular do
mundo, deveria ser mesmo o maior espetáculo da terra. Tinha e tem tudo para
ser, só que impõem aos países, exigências, restrições e obrigações que só podem
ser cumpridos com sacrifícios inacreditáveis.
Mas como todos os países querem realizar essa Copa, não
haverá nenhuma providência para trazer e fazer a Copa para as ruas, perto do
povo. Muitos pensam que por causa dos gastos alucinantes e imponderáveis, os
jogos são populares. São, mas para os dirigentes, esportivos ou não, que ficam
30 dias nas manchetes.
Não se trata de outra coisa, mesmo no Brasil, que terá eleição
pouco mais de 2 meses depois de acabada a Copa. Todos procuram se favorecer,
não conseguirão, mesmo que os jogadores conquistem o título. Só eles e não os
dirigentes ou autoridades esportivas ou não.
Participação do
repórter
Dos vivos, jornalistas ou não, sou o único que vi 9 jogos
fora do Brasil, nos locais onde se realizavam. Escrevi sobre todas, incluindo a
de 1998, com a confusão e a convulsão do Ronaldo fenômeno.
Escrevi na hora e não pode ser desmentido até hoje, 14 anos
depois: “Jamais se saberá o que aconteceu”, a razão dele ter ido sozinho a um
hospital fora de Paris, voltado na hora de começar o jogo, e dizer: “Vou jogar”.
Edmundo que já estava escalado, teve que sair, entrou Ronaldo.
Perdemos facilmente, é impossível negar que a França tinha
Zidane e mais 10, quase todos de ótima qualidade. Mas até então jamais havia
ganhado uma Copa, e depois também não ganharia mais. Com o vexame de 2010,
jogadores e técnicos se hostilizando e até se agredindo, num espetáculo que
teve que ser investigado depois, na própria França.
Dilma e as vaias
merecidas
Não queria ir, já havia sido vaiada antes da Copa. Foi
obrigada. Ficou lá no fundo, ao lado do corruptaço, Blatter, avisou que não ia
discursar. Devia ter discursado, teria sido vaiada, pelo “conteúdo”, e não pelo
“continente”. Todos sabem que falando ela é ainda mais monótona do que calada.
Como sabiam que estava lá, vaiaram com insistência, até que
silenciaram os telões. As vaias continuaram só que em circuito fechado, mas um
circuito mais importante e imponente, o circuito invencível das ruas, “o povo
unido, jamais será vencido”. O difícil é uni-lo, com tanta repressão,
intimidação, perseguição.
65 mil pagantes, todos ricos ou quase isso, lotaram o
estádio do BNDES e com a participação do prefeito Haddad, que deu mais de 400
milhões como INCENTIVO, não para pagar e sim para INCENTIVAR.
Aos 78 anos, Blatter “conquistou”
mais 5 anos
Para decepção e frustração dos que não queriam Copa, ela
surgiu exatamente às 17 horas. É a famosa pontualidade Fifa. Que só vale para o
início dos jogos. Para o começo e o fim dos mandatos, basta uma geografia
financeira.
O melhor exemplo é o próprio Blatter. Simples burocrata até
1998, foi sendo “prorrogado” até 2010. Aí cooptou (nada com comprou) a
permanência até 2015.
No ano passado fez acordo com Platini, presidente da UEFA: “Não
me candidato mais, é a tua vez”. Mas no ano passado começou a campanha para
ficar mais 5 anos. (O mandato era de 4 anos aumentou para 5).
Já tem número para ser reeleito, Platini não tem como
ganhar. Declaração de Blatter, aqui mesmo no Brasil, garantido o novo mandato: “Ainda
não acabei minha missão”. Leia-se: ainda não enriqueceu suficientemente.
Voltamos ao futebol
do campo, fora dele é um desfrute vergonhoso
A seleção, perdão, Felipão, se auto-proclamou favoritíssima.
Mas (venceu?) com extrema dificuldade e com ajuda nem pedida nem desejada, do
arbitro japonês. Que vergonha.
O jogo terminou às 19 horas, imediatamente os sites dos
jornalões do mundo todo, retumbavam em unanimidade, quase com as mesmas
palavras: “O Brasil estreia na Copa com vitória roubada”. Nem injustiça nem
exagero.
Fred-Freud
Ele faz sempre a mesma coisa, jogos em cima de jogos. Há 15
dias, num lance falcatruado, usei o jogo de palavras com o seu nome e o do
grande psiquiatra, que repito sem prazer, mas rigorosamente verdadeiro.
Fui escrevendo sobre o jogo de estreia, minuto após minuto,
e começando o intervalo, coloquei, textual: “Está na hora de tirar o Fred, não
viu nem pegou na bola. Mas Felipão vai deixa-lo, pode escorregar e fazer um gol
sentado”.
Não escorregou, se jogou no chão, ficou sentado, o japonês
marcara o pênalti. Examinando dezenas de imagens de várias televisões, todas se
completam: Fred está sentado, com as mãos para cima, o chão é todo dele. Não há
nenhum croata perto.
A comemoração
vergonhosa da Comissão Técnica
Marcado o pênalti, a Comissão Técnica num vexame coletivo,
se abraçou efusivamente, como se aquele fosse o último jogo e o Brasil campeão.
Depois, na entrevista, Felipão foi sucinto e sumário: “Pra mim foi pênalti”.
Depois como querendo pedir desculpas, (o que não fez quando
revelou a sua grande admiração por Pinochet), afirmou: “Cada um vê o lance da
sua maneira”.
Só complicou as coisas. Técnicos e comentaristas, sem “patriotadas”
têm que ver o que acontece e aconteceu e não o que despudoradamente serve a si
mesmo.
“Ganhamos sem o pênalti”
A frase é do Felipão, do “carreira”. Perdão, Parreira, disseram
isso, baseados no gol do Oscar. Este mereceu, mas se não houvesse o pênalti que
o japonês traduziu muito mal, o empate ficaria até os 45 minutos quando Oscar
fez o terceiro.
Sem falar que os croatas ficaram desapontados, decepcionados
e desencantados, passaram apenas a se defender. E sem esquecer que o goleiro “colaborou”
nos 3 gols.
Neymar chutou de fora da área, fraco, ele se atirou
atrasado. O gol do Oscar quase repetição do Neymar, só que Oscar veio de longe,
chutou de bico. E no pênalti, o goleiro “adivinhou” o canto, bateu na bola, mas
de forma medíocre.
Há anos, um professor de UERJ, depois reitor fez tese de
Mestrado com este título: “A Informação e a Intuição no Jornalismo de Helio
Fernandes”. Não conversou comigo, escreveu o que ele observou no que eu
escrevia. Uma espécie de tradução do que Carlos Lacerda se fartou de dizer e
escrever: “O Helio advinha”.
Lógico que não uso adivinhação, e o que o professor chamou
de intuição seja o acumulo e a obsessão pela informação. Agora 24 horas depois
da estreia madiocríssima, não quero adivinhar nada, nem ser catastrófico com o
resultado do primeiro jogo na chave e até com os outros dois.
A Itália empatou os três jogos e se classificou. É dificílimo
mas não impossível tanto que aconteceu.
O Brasil ganhou com aquele pênalti vergonhoso, Felipão e
Fred deviam fazer como no basquete. Quando os jogadores fazem falta, levantam
as mãos, se acusando. Ontem foi o contrário. O Brasil não está eliminado, pode
ser campeão, mas sem o favoritismo apregoado pela Comissão Técnica.
PS – Espanha-Holanda
talvez fosse o jogo mais esperado, por causa do histórico. Em 2010, os dois
países chegaram à final, sem títulos. A Holanda chegara duas vezes à final, a
Espanha nem isso. Apesar de ter sediado e perdido a Copa em casa, 1982.
PS1 – A Holanda que
provavelmente jamais sediará Copa, fez história com a “laranja mecânica” em
1974 e 1978. Ontem, antes de começar o jogo, Ledio Carmona (dos melhores
comentaristas esportivos da TV) afirmou: “A Espanha tem a melhor seleção de
todos os tempos”. Exagero que não poderia cometer.
PS2 – A Espanha
levou 80 anos sem conquistar um título. E o de 2010, foi conquistado com o
seguinte resumo. 90 minutos, 0 a 0. Primeiros 15 minutos da prorrogação, 0 a 0.
11 minutos do seguinte tempo, 0 a 0. Até que faltando 4 minutos para os pênaltis,
a Espanha fez um gol por acaso, ganhou o título. É uma excelente seleção, nada
mais do que isso, longe de ser invencível.
PS3 – Os dois
estão na chave do Brasil. Dependendo dos resultados, poderão se enfrentar nas
oitavas. Apesar da estreia o Brasil está nas oitavas. Qual a preferência? Enfrentar
a Espanha, com um título, a Holanda sem nenhum? Perguntem ao Felipão. O que ele
disser apostem no contrário.
PS4 – Termina o
primeiro tempo. A Espanha desperdiçou 45 minutos, confundiu exibicionismo com
talento. E confundiu, mas a favor o próprio árbitro que marcou um pênalti, numa
montagem fantasiosa. Deixou o pé, veio o pênalti, INEXISTENTE. Não tão vergonhoso
e vexaminoso como o do Fred. A Espanha continuou “bailando”, aos 44 sofreu o
gol do empate, bola cabeçada de Van Persie.
PS5 – Logo no
início, Robben, em grande jogada faz o segundo da Holanda.
PS6 – Aos 18
minutos, o técnico da Espanha tira os protagonistas do primeiro gol: Diego Costa
que fingiu o pênalti e Alonso que marcou muito bem.
PS7 – Menos de 1
minuto depois, a defesa da Espanha falha completamente e o goleiro Casillas,
parodiando um ministro do Supremo, falha por último, é o terceiro da Holanda.
PS8 – Aos 25 nova
falha clamorosa e inacreditável de Casillas, Van Persie faz o seu segundo, o
quarto da Holanda. É a forra completa de 2010, embora 2014 esteja apenas
começando.
PS9 – Aos 35, o
mais destacado jogador em campo, Robben, faz também o seu segundo, o quinto da
Holanda. É a primeira goleada da Copa, “goleada de gala”, desculpem.
PS10 – Que jogaço
e que craque esse Robben, que quase faz o sexto, de primeira. Goleada não tem
explicação. Talvez a única que satisfaça o técnico Del Bosque: vendo o
adversário de AZUL, jamais podia imaginar que fosse a LARANJA MECANIC.