CARLOS CHAGAS -
O ministro Teori Zavascki agiu estritamente dentro da lei ao
requisitar para o Supremo Tribunal Federal todos os autos do processo
que a Justiça Federal do Paraná movia contra os envolvidos no
inquérito da Operação Lava-Jato feita pela Polícia Federal. Afinal, com
pelo menos três deputados federais enrolados na trama, cabe à mais alta
corte nacional de Justiça dispor sobre a matéria.
Difícil de entender, porém, foi o complemento da iniciativa do mais
novo integrante do Supremo, de mandar soltar os onze réus presos por
ordem do juiz paranaense, a começar pelo ex-diretor de abastecimento da
Petrobrás, Paulo Roberto Costa, implicado no superfaturamento da Usina
Abreu e Lima, na compra da usina de Pasadena e outras operações pouco
claras mas notoriamente irregulares. Liberdade também foi concedida para
o doleiro Alberto Yossef, chefe de um esquema bilionário de lavagem de
dinheiro.
Quem garante que os réus não aproveitarão para evadir-se do país,
mesmo tendo prazo até ontem para entregar seus passaportes? Dias atrás,
Nelma Kodama, também doleira, foi presa em flagrante no aeroporto de
Guarulhos, tentando fugir.
Acresce estar o processo paralisado, remetido para Brasília,
ignorando-se quando começará a ser apreciado no Supremo, prevendo-se que
de início deponham os deputados Andre Vargas, Luiz Argôlo e Candido
Vaccareza, com direito a foro especial.
Em suma, fica para a opinião pública a impressão de que onze
bandidos estavam presos e foram libertados por decisão da última
instância do Judiciário.