8.2.14

RÚSSIA SOBE O TOM E ACUSA EUA DE INTROMISSÃO EM ASSUNTOS INTERNOS DA UCRÂNIA

Via Opera Mundi -
Reação veio após o vazamento na internet de telefonema de diplomata norte-americana xingando União Europeia.

A subsecretária dos EUA para a Europa, Victoria Nuland,
posa para foto com a liderança da oposição ucraniana.
"E você sabe... Que se foda a UE!". As palavras nada diplomáticas são da mais alta diplomata norte-americana na União Europeia. O comentário de Victoria Nuland, subsecretária de Estado dos EUA para a Europa, foi feito em um telefonema privado com o embaixador norte-americano em Kiev, Geoff Pyatt. Após o vazamento no YouTube do áudio da conversa particular ter colocado o governo norte-americano numa saia justa com Bruxelas, Washington é novamente acusada pela Rússia de intrometer-se nos assuntos internos da Ucrânia.
Após o vazamento, um assessor do Kremlin afirmou que os Estados Unidos estão "interferindo grosseiramente" na política nacional da Ucrânia. Na gravação, Nuland e Pyatt discutem abertamente a composição de um novo e eventual governo na Ucrânia, em substituição ao gabinete do presidente Viktor Yanukovych, pró-Rússia e anti-UE. A Casa Branca nega qualquer tipo de interferência nos assuntos de Kiev.
Sergei Glazyev, assessor do presidente Vladimir Putin, e encarregado das relações do país com a Ucrânia, também havia acusado os EUA de armar os "rebeldes" da oposição ucraniana. Glazyev ainda pediu que o governo ucraniano permanecesse alerta para o que ele classificou de uma "tentativa de golpe".
A origem da gravação permanece desconhecida. Inicialmente, foi compartilhada na rede social com o título: "Maidan Puppets" (fantoches de Maidan) — uma referência à praça Maidan, em Kiev, local onde os manifestantes enfrentam o governo do país. Por meio de sua porta-voz, a diplomata Victoria Nuland desculpou-se pela afirmação vazada.
Embora a Casa Branca se negue a comentar o conteúdo de conversas diplomáticas privadas, o porta-voz de Washington deu a enteder que o governo russo pode estar envolvido com o grampo e o vazamento. "Como o vídeo foi primeiramente percebido e tuitado pelo governo russo, eu acho que isso diz algo sobre o papel da Rússia", afirmou Jay Carney, assessor de imprensa da Casa Branca.
A chanceler alemã Angela Merkel classificou como "totalmente inaceitável" o comentário da emissária dos EUA para Assuntos Europeus. O governo alemão, que reconheceu ter sido contatado pelos EUA após a divulgação do comentário, defendeu ainda o trabalho diplomático da União Europeia, comandado por Catherine Ashton. Por sua vez, a própria Ashton, chefe de política externa da UE, se negou a comentar o episódio.
No restante do telefonema, Nuland também adianta ao interlocutor que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pretenderia nomear um antigo embaixador holandês em Kiev, Robert Serry, como o representante das Nações Unidas na Ucrânia.
"Isso seria fantástico para ajudar a juntar tudo isso, ter a ONU que junte isso e, voce sabe, que se foda a UE!", comenta Nuland, escancarando divergências entre Estados Unidos e UE na condução da política externa sobre a crise ucraniana.
EUA anunciam apoio financeiro
Após o incidente, Nuland anunciou que os EUA ofereceriam suporte financeiro à Ucrânia caso o país se comprometa a fazer reformas políticas.
"A comunidade internacional e os Estados Unidos estão dispostos a oferecer respaldo à Ucrânia se (o país) avançar rapidamente pela via da defesa da dignidade e dos direitos humanos, da resolução do conflito e das reformas políticas", disse em entrevista coletiva a diplomata americana, segundo aAgência Efe. "Ninguém, nem os EUA nem o Fundo Monetário Internacional nem a Europa, vai a ajudar uma Ucrânia que não realizar reformas".