HELIO
FERNANDES –
Há seis anos as ações da Petrobras estavam em 53 reais,
quase euforia. Um ano depois haviam caído para 45. Menos oito reais em apenas
um ano.
Os governos continuavam recomendando: “Invistam o
dinheiro do Fundo de Garantia, em ações da Petrobras”. Parecia um bom negócio.
Apenas parecia. O retrocesso visível, parecia imitação pobre do retrocesso dos
oito anos de FHC. Com reeleição comprada e tudo.
Derrocada
Dona graça ainda não era presidente, mas a
desadministração da Petrobras era uma constante, não acontecia a menor reação.
Dona Dilma: numa decisão espetacular e altamente promovida, colocou Dona Graça
na presidência. Com tantos elogios que a impressão era de reviravolta, na
administração, e lógico, nos resultados.
“A
mulher mais poderosa do mundo”
Com um ano na presidência, as ações continuaram caindo,
cada vez em maior velocidade. A Petrobras que era a terceira maior empresa do
setor no mundo, foi rebaixada, não está mais nem entre as 10 mais importantes,
de maior faturamento. Mas as revistas de fofocas financeiras, deram a Dona
Graça, essa identificação que está no título destas notas.
A mais poderosa? Por quê? Mais Poderosa deveria ser
Dona Dilma, que nomeou e pode demitir Dona Graça. A impressão: Fortune, Forbes,
e outras de menor repercussão, praticaram o “endeusamento” planejado e
premeditado.
Menos
5% num dia
Anteontem, registrada essa queda, Dona Graça foi ao
Jornal Nacional, “explicar” a razão disso ter acontecido. Primeira fala do
trono: “O principal fator para o que está acontecendo, É A FALTA DE PLATAFORMA.
Geralmente entrega com seis meses de atraso, agora demora muito mais”.
“Em
2014, os acionistas irão recuperar os prejuízos”
Terminou com essa afirmação audaciosa, digna e coerente
com o comportamento de Dona Dilma, responsável pela sua entronização na presidência
da maior empresa do Brasil. Se em seis anos as ações vieram de 53 reais para um
círculo entre 11 e 13 reais, como voltar em 2014 da média indesculpável de hoje
para há de seis anos?
E
o que não se ganhou nesses 6 anos?
Digamos ou admitamos que neste prazeroso (para ela)
2014, as ações subam para os saudosos 53 reais? E o que o investidor deixou de
lucrar nesses seis anos de queda insustentável? Para igualar os preços de seis
anos, a Petrobras terá que ir no mínimo a 70 reais.
As
bolsas em queda atingem a Petrobras
Para terminar, por hoje, por hoje: o clima nas bolsas é
de queda, pessimismo, e naturalmente venda. Quem precisa por qualquer motivo,
se desfaz imediatamente de ações da Petrobras e da Vale. São as de maior
liquidez.
Basta dar uma ordem à corretora, o negócio está feito.
Quem acredita em recuperação dos prejuízos neste 2014, eleitoral e marcado por
todos os dados rigorosamente negativos?
O
Supremo tem que priorizar a devolução do dinheiro do povo
É lógico, claro e evidente, que não estou sugerindo nem
de longe, que os processos criminais sejam abandonados. Ao contrário, devem ser
acelerados, demoraram um tempo inqualificável. Mas os prejuízos do
cidadão-contribuinte-eleitor, não podem demorar mais do que já demoraram.
Todos têm direito de receber o que perderam com os
Planos Cruzado, Bresser e Verão no governo Sarney. E o Collor I e II desse
presidente. Os bancos estão fazendo terrorismo, têm a mídia inteira a favor
deles: “Se tivermos que pagar essas importâncias, vamos quebrar e o país
quebrará junto conosco”.
Os
cálculos estratosféricos
Falam em 150 bilhões, passam para 300 bilhões, chegam a
900 bilhões, loucura completa. O advogado Geral da União, Luís Inácio Adams,
(que foi acusado de muitas irregularidades e não respondeu) diz audaciosamente:
“O Brasil, nesse processo, corre risco sistêmico financeiro”. Durante esses “planos”,
os bancos não perderam nada, tiveram autos lucros. Agora ameaçam o país e os
que perderam tudo.
E
os aposentados e roubados dos Fundos aéreos?
Precisamos somar a esses processos não julgados, outro
que deveria ter prioridade absoluta, entrou na lista dos que deveriam ficar “esperando
para sempre”. São os que passaram a vida descontando para os Fundos das
empresas aéreas, não têm nada, não recebem aposentadoria, praticamente na
miséria.
O processo chegou ao Supremo, Cármen Lúcia foi sorteada
relatora. Demorou mais do que devia, entregou o voto, inteiramente favorável
aos trabalhadores espoliados. Voto claro e irrespondível. Joaquim Barbosa, “tenho
dúvidas, peço vista”. Está em dúvida até hoje, com o processo engavetado. Nada
surpreendente nele.
A
história do Hotel Glória
Uma das primeiras compras espalhafatosas do esdrúxulo
Eike Batista, foi esse hotel. Fica no Flamengo, a cem metros do palácio do Catete.
Naquela época, os políticos mais importantes vinham ao Rio conversar com o
presidente da República.
Excluídos os que tinham residência aqui na capital, os
outros (principalmente governadores) se hospedavam no Glória. Na hora da audiência,
iam a pé para encontrar o presidente.
(Na campanha de 1960, Jânio Quadros ficava na enorme suíte
600. Mentindo, bebendo cachaça misturada com pimenta, num copo grande. Quase
não comia).
O
novo Ministro da Saúde, acusado, toma posse
Inacreditável. Não há ninguém que indicado para
Ministro não fique logo no limite de ser indiciado. Aconteceu mais uma vez.
Arthur Chioro, convidado para substituir Alexandre Padilha, foi acusado de ser
consultor de muitas empresas dependentes.
A impressão é que não tomaria posse. Mas Dona Dilma e o
novo Ministro são muito criativos. Ele fez a proposta, a presidente aceitou
imediatamente: “As consultorias passam para o nome da minha mulher”. Bestial,
pá. Tudo acertado ele é Ministro, sem ética mas com consultoria.
André
Vargas, vice da Câmara, desafiando o presidente do Supremo
Na instalação dos trabalhos da ultima legislatura,
coube a ele, pela disposição do protocolo parlamentar, sentar ao lado do presidente
do Supremo. Ficou o tempo todo com o braço levantado, como fizeram Genuíno e
Dirceu ao serem presos.
Para estes, era protesto, para Vargas desafio tolo e
inútil. E ainda olhava acintosamente para Joaquim, que nem ligou.
Comecei a frequentar (e escrever) o Congresso, mocíssimo,
na Constituinte de 1945 que promulgou a notável Constituição de 1946. Nunca vi
tanta mediocridade, incompetência, imprudência ou falta de ética. Tudo isso
pode levá-lo à presidência da Casa. Nada surpreendente.
PS –
A Veja Rio publicou alguns desenhos do Millôr. E analisando no geral, diz
textualmente: “Suas tiradas definitivas, não morrerão jamais”. Millôr era
genial em tudo, mas o que gostava mesmo era de desenhar.
PS2 –
Parava de desenhar, voltava um ano depois, me dizia: “Passo um tempo enorme sem
me expressar, a não ser por palavras, quando volto, estou mais entusiasmado”.
PS3 –
Lançou as duas páginas centrais da revista O Cruzeiro, um assombro e uma
revolução. Milagre da fusão do escrito e do desenhado.
PS4 –
Com uma capacidade incrível de se comunicar, tinha o mesmo prazer genial de
confrontar ou enfrentar os que se julgavam poderosos. E para ele, “enfrentar
era de frente” mesmo.
PS5 –
Um dia fez matéria excepcional, (desculpem, tudo o que fazia era excepcional)
desagradou o Cardeal do Rio. O próprio Cardeal, pessoalmente, foi a Assis
Chateaubriand e pediu a demissão do Millôr, “ele ofendeu a Igreja”.
PS6 –
Foi atendido, Millôr entrou na Justiça, ganhou à indenização que merecia, O
Cruzeiro começou a desaparecer.
PS7 –
Em tempo: quando lançou as duas páginas centrais da revista, o PIF-PAF, estava
completando 23 anos. Os gênios já nascem, não se formam ou se transformam. Quem
ensinou a Galileu, “que a terra se move?”. Ou a “Teoria da Relatividade”, a
Einstein?