8.2.14

ECONOMIA TEM LEGIÃO DE ESPECTROS. O FANTASMA DA BOLHA IMOBILIÁRIA RONDA A “REPÚBLICA” DOS BANQUEIROS

DANIEL MAZOLA –

Até quando Mantega, Dona Dilma Rousseff, Lula, postes e agregados conseguiram manter o discurso ilusório de que tudo vai bem na economia brasileira? Bolsa caindo, Petrobras, Vale e Eletrobrás se desvalorizando, déficit na balança comercial subindo, nota de risco do País em clima de rebaixamento, dólar subindo, fuga de investidores do Brasil. Cenário caótico e explosivo.

 Nessa conjuntura, reeleger Dilma Rousseff não será tarefa fácil, como muitos haviam previsto e davam como garantido, os marqueteiros e a equipe da reeleição terão muito trabalho para garantir mais quatro anos no Planalto, nessa caríssima empreitada. A realidade econômica só faz crescer as desilusões e desesperanças do povão, e anima eleitoralmente Campos, Mariana e Aécio, que farão de tudo para estarem no segundo turno.


O mundo real, fora dos palácios, bolhas e coberturas de luxo a beira mar, indica que “a crise imobiliária já está instalada. Até as construtoras estão devendo dinheiro para os bancos. Todas as crises do capitalismo, financeiras, começam com crises imobiliárias, e não adianta dizer que dessa vez é diferente". A constatação é de um professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas. Ele prevê que o preço dos imóveis, hoje nas alturas, deve cair a partir do meio do ano. Só quem prefere não acreditar nisto é o setor da construção civil. Os bancos, que lucram com o negócio, também são puro otimismo, e não revelam o tamanho das dívidas. Oficialmente, nega-se a existência de uma bolha imobiliária no Brasil.

A realidade, no entanto, desmente a versão mais otimista do setor, que tem 115 fundos imobiliários listados na BM&F Bovespa. O crédito imobiliário representa cerca de 8% do PIB brasileiro. A constatação é de que os bancos estão cheios de imóveis residenciais caríssimos, devolvidos por quem não conseguiu pagar os financiamentos a juros altíssimos. Situação que se agrava com a tendência de alta da taxa básica de juros pelo Banco Central. O mesmo fenômeno impacta os imóveis para uso comercial. Nada menos que 30% dos espaços comerciais estão vazios, ociosos.

Já se observa grande parte das pessoas que compraram imóveis na planta, devolvendo os apartamentos. “A pessoa que recebeu as chaves e precisa financiar o que restou, vai perceber que as prestações vão ficar muito caras, a taxa Selic está muito alta. Sem condições, ela vai querer vender o imóvel para a construtora, que não vai querer comprar. Ainda que a pessoa faça um desconto, as construtoras vão continuar não querendo. Os bancos estão cheios de imóveis devolvidos”. Afirma o professor da FGV.

Ele recorda que, quatro anos atrás, com a queda nos juros, com dinheiro sobrando pelos sucessivos lucros recordes, os bancos resolveram facilitar a contratação de empréstimo imobiliário. Só em 2013, foram R$ 109,2 bilhões liberados para compra e construção de imóveis, segundo a Associação Brasileira das Entidades de crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em 2012, foram R$ 82,8 bilhões emprestados, principalmente para incorporação e construção. Só entre janeiro e dezembro de 2013, foram financiados 529.800 imóveis.

Com a procura em alta, os preços dos imóveis se valorizaram depressa. De 2008 a 2013, o valor médio dos imóveis subiu 121,6% no Brasil. A constatação é que a partir de agora, com a taxa de juros subindo, pegar dinheiro emprestado é um negócio desaconselhável. Na previsão do especialista, muita gente não conseguirá arcar com o financiamento dos imóveis. Assim, com a oferta maior, os preços tendem a cair. Por enquanto, segundo dados de dezembro da Abecip, a inadimplência na carteira de crédito imobiliário é de apenas 1,8%. Menos que os 5,3% do financiamento de veículos e 8,1% no cheque especial.

O fundo imobiliário é um investimento de longo prazo, apostando na valorização futura do mercado. Existem três modalidades. Fundos de investimento em títulos imobiliários oferecem menor risco. Fundos de renda de aluguel tem risco médio, mas dependem sempre da ocupação dos imóveis. E o fundo de desenvolvimento imobiliário depende do lucro na venda do imóvel quando a obra é entregue. No Brasil, existem mais de 100 mil cotistas destes fundos.

Esse é mais um espetro que ronda o país, nossa frágil e dependente economia pode explodir. Essa crise gravíssima, que para alguns especialistas é para já, e inevitável, vêm gerando ainda mais pesadelos para o Palácio do Planalto, e a equipe de marqueteiros. Na legião fantasmagórica de crises e espectros, alimentados pela desastrosa desadministração governamental, esse é sem sombra de dúvidas o mais assustador e perigoso. A bolha do “terror” vai estourar, mas quando? Antes das eleições, antes da Copa? Veremos, a hora está se aproximando!

“República” dos banqueiros

Caso um poupador ou correntista tivesse depositado R$ 100,00 na poupança em qualquer banco, no dia 1º de julho de 1994 (dia do lançamento do Plano Real), teria hoje na conta R$ 374,00.

Se esse mesmo correntista tivesse sacado R$ 100,00 no Cheque Especial, na mesma data, e não pagasse a conta, teria hoje uma dívida de R$139.259,00 (Cento e Trinta e Nove Mil e Duzentos Cinquenta e Nove Reais) no mesmo banco.

Com esse simples exemplo, vemos para quem trabalha a economia do país. Com o modelo econômico dos juros altos, praticado de forma irresponsável e submissa, só os bancos ganham dinheiro fácil, MUITO FÁCIL.

Armadilha dos cartões

Outro dado assustador, terror puro. Um terço (1/3) das concessões de crédito no cartão no ano passado entraram no perigoso rotativo, ou seja, deixar de pagar o principal e rolar a dívida pra frente.

Os brasileiros empurraram dívidas de R$ 26 bilhões no rotativo do cartão de crédito, número maior do que o que foi emprestado em crédito consignado ou crédito ao consumo. Desse total, quase 37% está com o pagamento da fatura em atraso de mais de 90 dias, ou seja, inadimplentes. É o que podemos chamar de “república” dos banqueiros.