5.2.14

A DESMORALIZAÇÃO DOS GESTOS

CARLOS CHAGAS -
Houve tempo em que os gestos correspondiam às ideologias, às tendências e às corporações. Até hoje, por exemplo, militares batem continência, mesmo quando, nas guerras, generais rendem-se a generais. Nos tempos do nazismo a moda era esticar o braço e a mão direita, enquanto os comunistas erguiam o punho fechado. Por algum tempo a Humanidade foi atropelada por aqueles símbolos, ainda que exprimissem sectarismo e intolerância.

O mundo mudou, à margem das continências militares sobraram em maioria gestos obscenos, mas assistimos agora a fenômeno singular. Estão virando obscenidades as antigas expressões políticas. Só os companheiros entenderam como louváveis e justos os braços levantados de José Genoíno e José Dirceu, no momento em que caminhavam para a cadeia, condenados por corrupção.
Pois não é que a moda pegou e surge um falso Vargas, deputado federal pelo Paraná, que nada tem a ver com o verdadeiro, fazendo macaquices do alto da mesa da Câmara. Quis provocar o presidente do Supremo Tribunal Federal, a seu lado, responsável maior pela condenação de uns tantos líderes e dirigentes do PT flagrados em ilícitos penais e hoje presos.
Numa volta às décadas de trinta e quarenta do século passado, o deputado encenou espetáculo que Joaquim Barbosa não viu e as próprias bancadas petistas ignoraram. Viveu seus dois minutos de rei da cocada preta, faltando-lhe apenas a farda, não se sabe se igual à usada por Stalin ou por Adolf Hitler. Melhor seria dizer Mussolini, pela semelhança física dos personagens.
André Vargas desonrou a função que ocupa, de vice-presidente da Câmara, só faltando gritar “Heil Hitler!” (seria “Heil Lula!”?) ou, como alternativa, dar um viva ao “Guia Genial dos Povos”, no caso Stalin. É por essas e outras que o PT se desequilibra sempre que dá a impressão de haver encontrado um caminho sólido para trilhar. Das cerimônias de abertura dos trabalhos do Congresso, da retomada das sessões nos tribunais superiores e até da substituição de ministros pela presidente Dilma, destacou-se a imagem do trôpego falso Vargas. As eleições de outubro bem que poderiam reconduzi-lo ao esquecimento.
DIFÍCIL MAS NÃO IMPOSSÍVEL PERMANECER
À exceção de Borges de Medeiros e, mais tarde, de Ildo Meneghetti, mesmo assim dez anos depois, nenhum governador do Rio Grande conseguiu reeleger-se. Tarso Genro vai tentar. Enfrentará a senadora Ana Amélia, muito bem colocada nas pesquisas.