DANIEL MAZOLA -
A sociedade brasileira precisa refletir e debater
com extrema urgência a questão da proibição das drogas ilícitas, mas sem
preconceitos, do contrario continuaremos sendo vitimas do “mostro” que ajudamos
a criar e estamos alimentando. Precisamos aprovar e regulamentares Leis,
principalmente para a prevenção dessas substâncias. Essa questão não afeta
somente traficantes e usuários, mas toda população, somos vitimas dessa grande
corporação multinacional chamada narcotráfico.
Estima-se que mais de 200 milhões de pessoas consomem drogas ilícitas no mundo, e certamente mais de US$ 500 bilhões circulam por ano, em função da proibição do mercado das drogas ilícitas. Os ricamente favorecidos: banqueiros, sistema financeiro e bolsas de valores, responsáveis pela lavagem de dinheiro proveniente do comercio ilegal, e claro, os “empresários” do narcotráfico. Segundo um estudo elaborado pela ONU, a lavagem do dinheiro do narcotráfico serviu para salvar vários bancos da bancarrota.
A escalada do poder econômico do narcotráfico teve
inicio com a proibição de algumas drogas nos Estados Unidos da América, isso na
primeira metade do século XX. Nessa época até as bebidas alcoólicas foram
proibidas, lembram da famosa Lei Seca de 1919. Os proprietários de fabricas
forçaram a proibição de diversas drogas, pois estavam interessados no
aproveitamento máximo da força de trabalho, a coerção industrial estabeleceu
como principais alvos o sexo (prostituição), e as drogas. A partir da década de
60 ocorreu a grande explosão do consumo, houve aumento
significativo da demanda de maconha, haxixe e cocaína no EUA e na Europa,
estimulando a formação dos famosos cartéis mafiosos aqui na América do Sul.
Colômbia, Peru e Bolívia.
Não faz sentido seguirmos repetindo chavões e
piadas idiotas de drogados e traficantes, não é sensato e bom para o conjunto
da sociedade que continuemos reproduzindo preconceitos moralistas, deixando
esse importante debate de lado, obscurecido. Lembremos que são drogas tanto
medicamentos lícitos vendidos em qualquer farmácia, quanto álcool, tabaco e as
drogas ilícitas como maconha, cocaína, etc. O uso descontrolado de qualquer
droga pode ser problemático e perigoso, então se faz necessário políticas
publicas e sociais voltadas para a prevenção e o tratamento dos dependentes
químicos, seja a droga que for.
“Guerra às Drogas”
Vivemos o cotidiano do contraditório e da criminalização da pobreza, a proibição
só amplia a desigualdade social, a repressão, e a exploração da classe
trabalhadora. Alguns indivíduos são recrutados ou seduzidos, e encontram na
comercialização das drogas seu meio de sobrevivência. A juventude negra e
pobre que vive nas periferias e favelas do Brasil é a principal vítima da
chamada “Guerra às Drogas”, que é a grande justificativa para ações policiais
que esculacham e matam diariamente dentro dessas comunidades.
O Estado por meio dos governantes
e parlamentares do sistema, e de seu braço militar e jurídico, elege o
“Tráfico” como sendo o mal a ser combatido na sociedade, e baseia sua política
de segurança pública no seu combate, contando com a sustentação ideológica
feita pela "grande" mídia. Foi, e é por termos governos com
essas características que fomos um dos últimos países do mundo a abolir a
escravidão. E mesmo depois de aboli-la mantivemos todo o apartheid, comprovado com a
repressão aos “rolezinhos” atualmente.
Sobre esse tema prioritário para o povão
massacrado, e para os rumos políticos do país, seguimos desinformados e
iludidos pelo jornalismo de mercado. Omitindo-nos e fazendo piadinhas de mau
gosto, milhares de pessoas morrem todo ano em função do mostro ilegal que
ajudamos a alimentar (com omissão e desinformação), e criamos. Mas assim como
alguns países vizinhos estão fazendo, com debate sem preconceito, e sem nos eximir,
podemos transformar algo perverso e destruidor, em projetos sociais,
medicinais, industriais, trabalhistas, e também libertários e criativos.
Com tudo isso, estaremos melhorando nossa tão
degradada qualidade de vida, fortaleceremos a Liberdade de Expressão e
Individual, estaremos avançando e contribuindo para atingirmos a sonhada
Democracia Real.