HELIO
FERNANDES –
Pablo Neruda colocou como título de suas memórias, “Confesso
que vivi”. Posso dizer, depois de uma vida inteira de jornalismo, confesso que
jamais vivi uma campanha eleitoral como esta de 2014.
Existem no Brasil 32 partidos recebendo fortunas do
Fundo Partidário, usando horário eleitoral, enganando a opinião pública,
mistificando o cidadão-contribuinte-eleitor.
Cada
partido, dois candidatos
A campanha eleitoral ainda não começou, o que é um
exagero de linguagem, pois a campanha tem mais de 1 ano. Desde que Eduardo
Campos falou para Dilma: “Vou dizer para você, em sigilo. Sou candidato a
presidente”. Logo, logo Dona Dilma “vazou” a confissão, apesar de na época
serem intimíssimos.
Marina-Campos
Divergem, ou melhor, brigam publicamente, e não por
convicções. Dona Marina é contra tudo o que Campos finge que defende. Está
valendo até hoje, o que Dona Marina retumbou no dia em que se filiou ao PSB.
Deixando bem claro: “Minha comunidade é a da Sustentabilidade e não do
Socialismo”.
“Não
vamos falar em vice”
Na mesma oportunidade, respondendo a pergunta de
jornalistas, que pretendiam saber se ela seria segunda do governador,
respondeu, mudando de assunto: “Não vamos perder tempo com vice”. Continua a
mesma.
Dilma-Lula
Não estão intransigentes, mas a atual não faz nada sem
consultar o ex. Nenhum desrespeito ou desconsideração, Dona Dilma era um poste
que Lula plantou, irrigou, (poste pode ser irrigado?) e aí fincou na terra que
ele mesmo adubou.
Agora, esse poste considera que pode se “vingar” do
Lula pelo fato de ter sido seu inventor. É um festival Wagner de contradição e
ingratidão. E Dona Dilma só tem um sonho e uma esperança: que não haja segundo
turno.
Ela sabe pouca coisa. Mas sabe que sua “popularidade”
nas pesquisas fabricadas, pode não valer num segundo turno. Mesmo contra esses “adversários”
desconjuntados.
Aécio
e o PSDB paulista
É candidato há muito tempo, embora não tenha disputado
nenhum cargo presidencial. Está longe de Lula, que só se elegeu na quarta
tentativa. Mas Aécio vem de longe, dos tempos do avô. Como presidenciável, teve
que fazer uma parada e se eleger presidente da Câmara. “Na próxima serei
candidato a presidente”.
Mais
13 anos de espera
Saiu da Câmara, ainda não dava. Foi para o governo de
Minas, ainda presidenciável, mas com oito anos no cargo, para reabastecimento.
Saiu, se elegeu senador, já cumpriu (cumpriu?) três anos do mandato. Só que
acredita que agora será candidato mesmo.
Espera
o apoio dos paulistas
Sem nenhuma segurança, sabe muito bem que nenhum
mineiro pode ser presidente sem apoio de São Paulo. Embora o inverso não seja
verdadeiro. Desde a primeira República, a que já nasceu “velha”, os paulistas
tivessem sempre prioridade.
PS – Amanhã examino a estapafúrdia mas habitual e blandiciosa
afirmação de FHC. Depois do retrocesso de 80 anos em 8, só Aécio pode andar
atrás dele.
Irregularidades
de Ministros
Dona Dilma tem um notável radar para localizar cidadãos
respondendo a processos, para fazê-los Ministros. No primeiro ano do que
intitulam de governo, teve que demitir sete ministros. Na época chamaram de “jogar
as coisas para baixo do tapete”. Esses tapetes sujos ou figurados, não eram
muito espessos, todos voltavam. Não pessoalmente, mas representando partidos da
base.
Até
Palocci teve que sair
Ministro da Fazenda poderoso com Lula, foi demitido por
ele, readmitido por ela. A razão? Tinha uma consultoria, faturou milhões.
Agora, cortando rapidamente para dois anos depois, nomeia um Ministro da Saúde,
que pelo visto não cabia no buraco deixado pelo poste.
Qual a acusação feita a ele? Consultoria múltipla e
inadequada. Só que está sendo investigado pelo Ministério Público. “Prometeu” a
Dona Dilma que vai se “desfazer” das consultorias. Dona Dilma não se aborrece,
viajou para Davos, preparando a festa, isolada, para o novo Ministro. Como é da
Saúde, vai consultar mais médicos.
Ministério
da Criatividade
Em ano não eleitoral, Dona Dilma nomeia qualquer um, mesmo
sabendo que terá que “varrê-lo” logo depois. Em ano eleitoral, vai buscar um
Ministro da Saúde não médico, lá no ABC. Só que o senhor Chioro pode ir para
outro Ministério, como coloquei no título. Proposta que fez à Dona Dilma: “Passo
todas as consultorias para minha mulher, fico sem nenhuma”. Ele sabe a quem
está propondo.
O
Ministério Público, tem que investigar a Supervia
Não precisa muito malabarismo jurídico. Basta dissecar
a afirmação do próprio presidente dessa empresa, que sufoca, estrangula e desarvora
a população. Confissão do medíocre presidente dessa Supervia: “Em 2015 vamos investir
900 milhões e em 2016, outros 900 milhões, DO NOSSO DINHEIRO”.
Há
13 anos enganando a comunidade
De onde vem esse dinheiro, 1 BILHÃO e 800 MILHÕES? Para
completar, insiste: “É impossível servir à população, com esses trens de 50
anos de serviço”. Estão há 13 anos com a concessão, de quem é a culpa dos trens
serem tão velhos.
E como conseguiram acumular esse 1 Bilhão e 800 Milhões,
que prometem investir, NOSSO DINHEIRO? E o povão tem que esperar três anos?
Eles mesmos prometem, “a partir de 2016, estaremos prestando um bom serviço”. O
que deixam claro, não fazem agora. Não podem ficar impunes e controlando a vida
de pelo menos 600 mil pessoas.
Acusação
contra Tarso Genro
Sem condenação ou absolvição, apenas constatação: deram
manchetes apressadas acusando o governador do Rio Grande do Sul. Acentuaram que
ele “Está sendo investigado pelo Ministério Público”. Fui verificar, registrei:
a base da acusação é a nomeação sem concurso de um funcionário imprescindível,
nenhum á disposição, com concurso.
Mais grave, não para Tarso Genro, mas para os que o
acusam: isso aconteceu há 10 anos quando ele foi prefeito eleito de Porto
Alegre. Deixou o cargo, foi para Brasília, se destacou, Ministro da Justiça,
voltou para o “seu” Rio Grande, eleito governador.
Agora, pretendendo a reeleição, surge o que me dizem
que é o chamado “fogo amigo”. Não fico em silêncio por exigência ou insinuação
de alguém.
O medo da delegacia
Os que dizem, na ONU, “no Brasil existe o habito único da
tortura”, acertaram com tal profundidade, que fico assombrado. Aqui não se
tortura apenas nas ditaduras, nas penitenciárias, e sim em qualquer lugar onde
haja uma “autoridade”.
No Brasil, a tortura e o medo, sempre começaram pelas
delegacias. A palavra já vinha impregnada de quase terror, quem recebia ordens
de “comparecer à delegacia”, ficava logo apavorada. O “delegado” mandava mais
do que qualquer um, lógico, só eram intimados e interrogados, (sempre com
violência), eram os que não podiam se defender.
Isso se transformou em “tradição maldita”, e não é
coisa do passado. As mortes praticadas por policiais em serviço, e registradas
de forma errada, são multiplicadas. Sem repressão, perdão, punição.
Normas
e regras para a polícia
O governador de São Paulo e não apenas ele, tem medo da
polícia. E não apenas da Militar. Quando começaram as manifestações de 6 de
junho, ele e o prefeito Haddad buscaram se aliar a Policia Militar. Tiveram que
recuar, a opinião pública estava nas ruas, e tinha decisão clara: contra a violência
da polícia, em primeiro lugar a polícia fardada.
Difícil
indenização
Agora com base nos “rolezinhos”, o governador não
entendeu nada, como precisava fazer alguma coisa, “legislou” para regulamentar
o comportamento da Polícia Militar.
A confusão
é total
Tentando a reeleição para ver se disputa a segunda
candidatura presidencial em 2018, Alckmin classifica o “rolezinho” como
movimento cultural, e quer seduzir os jovens protestantes com a possível
construção de um “roledromozinho”. É o que permite o alcance da atuação de um
anestesista.
E
a Polícia Militar?
De admirador e suposto aliado, o governador de São
Paulo se transformou em crítico e acusador da Polícia, principalmente a
Militar. Sem defender ou acusar, apenas situar a questão, podemos dizer: a Polícia
Militar está sempre nas manchetes, e na definição quase sumária.
A Polícia Militar erra sistematicamente. Por excesso ou
por omissão.
PS – Messi e Maradona, são comparados agora, na
Argentina e até fora do país. Apesar de Messi ser um grande jogador, está tão
distante de Maradona, que é até difícil, de longe, identificar um ao outro.
PS2 – Para justificar a comparação, Messi precisa
ganhar uma copa, de preferência sozinho, como Maradona fez em 1986. Tem que
fazer um gol “com a mão de Deus”. E mostrar a personalidade, positiva e
negativa de Maradona.