13.1.14

JOSÉ SARNEY SAIU DE FÉRIAS

CARLOS CHAGAS -
Polêmico, contestado e elogiado, José Sarney apresenta incontestável bagagem com  60 anos de exercício na política. Tornou-se professor emérito na matéria, ocupando todos os postos abertos à prática. Pois bem, e com todo o respeito: o professor tirou férias. Encontra-se  fora da escola,  em lugar incerto e não sabido, mesmo imaginando-se ser no Maranhão. Sumiu.
Outra explicação não há para a obtusa entrevista concedida esta semana por sua filha, a governadora Roseana Sarney, na presença do ministro da Justiça, para falar sobre as barbaridades ocorridas nos presídios de seu estado. 
Como aceitar  que o barbarismo tenha tomado conta de São Luís porque o Maranhão ficou mais rico e sua população aumentou? Então a riqueza, lá, não gerou mais empregos, senão fez aumentar o crime.  Como solução para  maior número de habitantes, por sinal desempregados,  cortam-se cabeças? Incendeiam-se ônibus? Assaltam-se cidadãos que pagam impostos, na rua e dentro de casa?
A governadora também vestiu o boné de dedo-duro, ao acentuar que a situação nos presídios e nas ruas das cidades de São Paulo, Rio, Santa Catarina, Rio Grande de Sul e Alagoas é igual ou pior. Não consta que se cortem cabeças ou se dissequem cadáveres, com direito a registro televisivo, nos estabelecimentos penais desses estados. Estão os respectivos governadores na obrigação de reagir. De não aceitar a acusação.
Mas teve mais, na lamentável entrevista de Roseana. Disse que o presídio feminino da capital maranhense é um exemplo para todo o Brasil. Corre o risco de ser desmentida caso alguma cabeça de mulher-presidiária  venha a rolar.
Acrescentou estar chocada com a violência na prisão de Pedrinhas, rotulando de inexplicável o que aconteceu lá. Errou de novo, porque explicação há.  Faz  pelo menos dois anos que a violência campeia,  na prisão,  de lá chefiada, e fora dela. 
Não foi de graça que enquanto a governadora falava à imprensa, sob o olhar atônito do ministro José Eduardo Cardoso, o Procurador-Geral da República anunciava que pedirá a intervenção federal no Maranhão, enquanto o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana solidarizava-se com Rodrigo Janot.
Vale repetir,  Roseana Sarney esqueceu todas as lições recebidas do pai com relação à postura que as autoridades públicas devem manter diante de graves crises. Explicações como as dadas por ela para o caos reinante a partir das Pedrinhas  merecem nota zero. Tomara que o  professor retorne logo ao palácio dos Leões.
A INÉRCIA E SEUS RISCOS
No capítulo das entrevistas da semana que passou, uma sobressai no sentido oposto da lamentável fala da governadora do Maranhão. À Folha de S. Paulo, o ministro Luiz Roberto Barroso, Benjamin do Supremo Tribunal Federal, observou que a inércia do Congresso trás riscos para a democracia. Sendo assim, cabe à mais alta corte nacional de justiça defender as regras da democracia. Por isso quatro dos onze votos do Supremo já foram exarados em favor da proibição de pessoas jurídicas doarem dinheiro para campanhas eleitorais.
Tudo leva a crer que a maioria dos ministros votará pela proibição, registrando-se a lição de Luiz Roberto Barroso a respeito do Congresso: quando alguma coisa  está emperrada, temos que empurrar…