HELIO
FERNANDES –
65 anos depois da “grande Marcha” de Mao Tsé-Tung, a
China milenar se funde com a China potência econômica moderna, assombra o
mundo. E não pretende ficar estagnada nesse poderio quase capitalista
vitorioso, vai caminhando por céus e terras.
Com 1 bilhão e 500 milhões de habitantes, seus
dirigentes perceberam que o povo envelhecia, retirou a restrição a apenas um
filho, mostra que está atenta e preocupada.
Ao mesmo tempo anuncia medidas de progresso econômico e
financeiro visível, anuncia que vai à lua para ficar, que vai explorar os minérios
que existem lá, principalmente urânio.
Anuncia tudo com estardalhaço, as chamadas potências
absolutas, assistem e assumem a preocupação. Ao mesmo tempo em que combate
duramente a corrupção, favorece a parte mais rica da população, para que com
seus impostos, financiem e favoreçam a vida dos mais pobres.
Tudo o que fazem mostram ao mundo, noticiam que quase
100 milhões de chineses estão viajando anualmente como turistas. Sem
restrições.
Querem
visibilidade, conquistar prestígio
Esse o caso anunciado, (não sei como tratarão disso) da
compra do New York Times, o jornal mais importante que existe. Lembrei que na
Tribuna da Imprensa, escrevi sobre as duas vezes que tentaram comprar esse
poderoso jornal.
O primeiro foi Rupert Murdoch, antes do escândalo do tablóide
inglês e depois de fazer o que parecia impossível, comprar o Wall Street
Journal.
E a seguir pagar 27 bilhões de dólares pela Directv nos
EUA inteiro. Tentou fazer o mesmo com o New York Times, nem foi recebido.
Um
brasileiro entra no circuito
Entre 35 e 40 anos, um brasileiro se formou em Harvard.
Como companheiro de turma, Carl Sulzberger, neto do fundador do jornal. Ficaram
amigos, sempre que o brasileiro ia a Nova Iorque almoçavam juntos. Num desses
encontros, o brasileiro (não estou autorizado a revelar seu nome) falou: “Hoje
não é apenas recordação, represento um grupo que quer comprar o teu jornal”.
Sulzberger não disse nada, parecia que havia
possibilidade de haver negócio. Pergunta: “Você concorda em conversar?”. Resposta:
“Nenhuma conversa ou negócio é impossível, estamos no capitalismo”. O
brasileiro disse apenas, “excelente”, esperançado.
Conversar
é uma coisa, negociar, outra diferente
Sulzberger disse então: “O jornal e o título são duas
coisas diferentes. O New York Times é feito e existe da mesma forma que todos os
outros jornais. Os contadores e advogados dos seus amigos, e os meus, se
encontram, avaliam quanto vale o patrimônio da empresa, prédios, carros, 168
correspondentes no mundo inteiro, organização, nem tomo conhecimento de nada”.
O brasileiro ficou exultante, mas Sulzberger continuou:
“Quanto ao título, New York Times, isso é tratado exclusivamente comigo, dou a
primeira e a ultima palavra. Seus amigos, que parece ter muito dinheiro, podem
montar um jornal num terreno em frente ao meu jornal, mas não podem usar o
título”.
E foi em frente: “Diga a eles, que a venda do título é
tratada exclusivamente comigo, podemos começar a conversar a partir de 1 BILHÃO
de dólares, não sabemos até onde iremos ou chegaremos. Depende deles”.
E
a China?
Esse fato é rigorosamente inédito. Podem dizer, o
Washington Post foi vendido para o dono da maior editora virtual do mundo, a
Amazon. Por que não pode haver compra e venda do jornal americano?
Não tenho idéia. Mas se os chineses concretizarem o
negócio, a tiragem vai dobrar em um mês.
PS- Um
dos homens mais ricos do mundo, Carlos Slim, comprou 6 por cento das ações do
jornal. Da mesma forma que comprou um terço da NET. É um homem de negócios e de
comunicação.
Quem
tem medo do impeachment de dona Roseana?
Fui o primeiro a falar em intervenção no Maranhão,
repeti, nem cheguei perto do que chamam de impeachment. Quando usaram a
palavra, disse logo: “A Assembléia do Maranhão tem 42 deputados, precisam 28
para tirar do cargo a filha de Sarney, não conseguirão de modo algum.
Entraram com pedido, o presidente da Assembléia do
mesmo PMDB de Sarney e da filha, não teve o menor problema, arquivou a questão
sem consultar ninguém.
Dois
fatos colaterais
1 – O que me disseram e sei que é rigorosamente
verdadeiro: “se precisar, o presidente da Assembléia, tem, garantidos, 33 dos
42 deputados. 2 – Dona Roseana deixa o cargo para tentar ir para o senado, mas
não fica imune ou impune. O TSE pode torná-la inelegível. Isso é praticamente
obrigação, Sarney e o senado não têm nada com isso.
A
cartelização atinge Alckmin
Está completando 20 anos no governo de São Paulo, como
vice em exercício, ou como governador substituindo Covas, que estava morrendo.
(Morreria em 2001, deixando outros três anos para Alckmin). Só saiu em 2006, para tentar a presidência da República.
Seu
projeto de 2018, ameaçado
Como já disse, quer ficar mais quatro anos no
Bandeirantes para tentar mudar de endereço e de moradia. Mas o escândalo das
cartelizações ameaça seu projeto. A Justiça bloqueou 60 milhões da Siemens e
das outras. Como chegaram a esse total, se o volume de dinheiro envolvido e
desviado é de b-i-l-h-õ-e-s?
Governador
de Minas, Aécio comprou a Light
Está quase impossível viver ou trabalhar no Rio ou
Estado do Rio. Todo dia falta energia, a empresa não atende telefonemas, tem
medo da revolta dos consumidores-contribuintes-eleitores, desprezados, apesar
da altura das contas, sempre com elevação dos preços.
Quando era governador de Minas, Aécio comprou essa
Light, que desde os tempos de Monteiro Lobato, enriquecia no Brasil. Quem pagou
e ficou como proprietária, até hoje, foi a Cemig. Agora que Aécio quer ser presidenciável,
deve explicar essa operação que revolta o cidadão-contribuinte-eleitor.