Via Justiça Global -
Desprovida de direitos dentro de sua própria terra, a comunidade quilombola Rio dos Macacos, em Salvador, foi mais uma vez atacada diretamente pelo Estado brasileiro, na tarde de segunda-feira, dia 6 de janeiro. O quilombo, que existe há 150 anos, fica dentro de um espaço que, na década de 1960, passou a ser declarado como pertencente à Marinha, obrigando os moradores a passar por um portão controlado pelos militares para chegarem a suas casas.
Anteontem, os irmãos Ednei e Rosi Meire da Silva foram espancados, humilhados e presos quando passavam por essa guarita, sendo liberados somente à noite. Os dois já se encontraram com a presidente Dilma Rousseff, que costuma passar o fim de ano na região do quilombo e prometeu seguidas vezes interceder pela comunidade.
A Justiça Global, que em 2012, junto a diversas entidades, denunciou a organismos internacionais as diversas violações de direitos humanos cometidas pela Marinha, prepara um novo informe para a Organização das Nações Unidas (ONU) e para a Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o aumento da violência contra a comunidade. Os moradores relatam que a tensão no local é constante, sendo a agressão a Rosi Meire e Ednei apenas o último caso.
O Quilombo Rio dos Macacos, localizado no bairro de São Tomé de Paripe, no limite das cidades de Simões Filho e Salvador, é formado por 70 famílias que vivem tradicionalmente no local desde o período imperial. A área tornou-se palco de uma disputa judicial e territorial a partir da década de 60, com a doação das terras pela Prefeitura de Salvador à Marinha do Brasil.



