JOSÉ CARLOS WERNECK -
Nunca, nestes quase 54 anos, desde sua inauguração, a população de Brasília vive dias de tanta insegurança como os que está vivendo. Não há, ninguém, entre as pessoas de todas as classes sociais, que não se mostre literalmente apavorado com o aumento da criminalidade no Distrito Federal.Tanto no chamado Plano-Piloto, como nas Cidades-Satélites e na Região do Entorno, a violência cresce assustadoramente, sem que o governo local tome providências efetivas que requerem urgência, sob pena de que pessoas inocentes, honestas e trabalhadoras engrossem o número das estatísticas de vítimas fatais.
Nas áreas de Saúde e Educação Públicas, a população, também, sofre com o abandono a que foram relegados estes setores, que juntamente com a Segurança Pública deviam ser a prioridade de qualquer Governo minimamente sério e responsável.
Uma moradora do Distrito Federal, que precisou de um médico, viveu, na madrugada deste sábado com seu bebê de cinco meses, uma situação dramática.
Há quase dois dias o Pierre, de cinco meses, está com os mesmos sintomas: “com febre, continuou empolado”, disse Jéssica Cristina Rodrigues, a mãe da criança.
Empolado, com sinais de uma crise alérgica desde a tarde de sexta-feira Jéssica tentava uma consulta com um pediatra em um hospital público do Distrito Federal. Não conseguiu. Ela reside em Santa Maria, cidade a 40 quilômetros de Brasília.
Na sexta, no hospital de Santa Maria a recepcionista informou que não havia pediatra. Também, no hospital mais próximo, na Cidade do Gama, a sete quilômetros de distância, não havia nenhum pediatra.
Jéssica precisou contar com a solidariedade dos amigos, que conseguiram R$ 180 para pagar uma consulta particular às três da manhã. E no sábado, a mãe da criança soube que o esforço foi em vão.
A pediatra solicitou exames que a Jéssica não tinha como pagar. Por isso ela voltou ao hospital de Santa Maria onde tudo começou. Desta vez, tinha um pediatra.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal diz que a falta de pediatras é geral em todo o país, mas que isso não justifica a falta de atendimento.
“Quem examina o paciente e determina de fato o status do paciente é um médico. Portanto, chegado alguém, seja adulto, ou seja, criança, não pode ser rechaçada, recusado seu atendimento, sem que seja por um médico. O médico tem que minimamente ver ainda que ele não seja da especialidade”, afirmou Elias Miziara, secretário de Saúde adjunto.
O Ministério Público do Distrito Federal não anunciou nenhuma medida concreta para punir a falta de atendimento e diz que o problema é o grande número de pediatras temporários.
“A saúde não é uma questão para ser tratada de forma temporária, durante um mandato eletivo. Ela tem que ser tratada de forma permanente - curto médio e longo prazo”, aponta Marisa Isar, promotora.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirmou que até março do ano que vai fazer um novo concurso para médicos. Até lá, serão contratados 400 profissionais temporários. Entre eles, 60 pediatras.
Tanto, na Saúde como na Educação, não se precisa ser nenhum especialista no assunto. Basta que se faça uma visita a qualquer hospital ou escola pública para que se verifique "in loco",as precárias condições em que se encontram.
No caso da Segurança é só ligar o rádio, a televisão, acessar a Internet, ou abrir o jornal para se tomar conhecimento da violência que assola a Capital do País.
Apesar dessa situação caótica o Governo é generoso ao gastar em publicidade. Para isso não faltam verbas.
As emissoras de Televisão de Brasília exibem, a todo instante, farta publicidade do GDF, mostrando uma Saúde Púbica de padrões escandinavos, muito distante da vergonhosa realidade em que se encontra um setor prioritário para toda a população, notadamente os mais carentes. Isso tudo sem falar de outras publicidades mostrando as "maravilhas" realizadas pela atual administração do Distrito Federal,como o Estádio Mané Garrincha, uma das "Jóias da Coroa"do Governo Agnelo Queiroz.



