16.4.19

A MEIA NOITE LEVAREI SUA ALMA; BOLSONARO, NEOLIBERALISMO, PETROBRAS E O PREÇO DO ÓLEO DIESEL

WLADMIR COELHO -


O grupo governante, em sua composição civil e militar, apresenta-se claramente submisso aos interesses do imperialismo estadunidense possuindo, inclusive, um mentor ou guru residente naquele país.

As orientações do astrólogo estadunidense servem, como sabemos, para diversão do grande público enquanto os agentes do entreguismo realizam na prática as políticas de negação da soberania nacional e consequente destruição da economia nacional conforme os ditames da matriz.

O problema desta docilidade governamental ao imperialismo encontra-se exatamente no fato “sistema econômico nacional” princípio negado, em função do fundamentalismo ideológico, pelos seguidores do ministro Paulo Guedes e defendido, o fundamentalismo, ao extremo nos editoriais e colunas dos jornais de maior circulação nacional como verificou-se no episódio do cancelamento do aumento no valor do óleo diesel.

A glória destes fundamentalistas oficiais encontra-se na recente viagem do chefe de Estado aos Estados Unidos oferecendo, deslumbradamente, bases militares, atacando os imigrantes e até loteando a região amazônica.

Nenhum destes atos escandalizou ou revoltou a burguesia nacional aquela do coronel high tech da monocultura envenenada ou mesmo seus subordinados a chamada classe média cuja maior preocupação é criar fábulas para justificar ou associar aos princípios cristãos às políticas de extermínio dos pobres e preconceitos em geral.

A realidade, todavia, não perdoa e cobra o seu preço. A política econômica amparada na radicalização neoliberal apresentou um preço elevado aos senhores do campo a ponto destes perceberem a pouca validade de uma prática escravista sem o necessário subsídio ao combustível venha este a movimentar suas máquinas ou caminhões para o transporte da produção.

Este fato, controle de preços ou subsídio dos combustíveis, vai revelar um segundo problema, ou seja, a inexistência de uma política de preços para o setor voltado ao atendimento das necessidades econômicas nacionais decorrentes, esta ausência de uma política de preços dos combustíveis, das práticas neoliberais amparadas estas na privatização da Petrobras.

O Palácio do Planalto, embora repleto de adoradores do imperialismo estadunidense, não está localizado geograficamente em um subúrbio qualquer de Washington e recebe, diariamente, as pressões dos segmentos econômicos nacionais.

Neste ponto temos o fato sobrevivência política do chefe do governo associado este, vejam a ironia, a necessidade de reconhecimento do sistema econômico nacional ou simplesmente, no caso dos combustíveis, a indispensável existência dos meios necessários ao controle estatal dos preços traduzidos na existência de uma política econômica do petróleo.

Os Estados Unidos possuem uma política econômica do petróleo associada à segurança nacional oferecendo uma série de subsídios aos produtores locais e entendem como parte desta política a garantia de atuação no exterior, livre de qualquer amarra regulatória desrespeitando, como sabemos, os princípios da soberania nacional em nome de seus interesses comerciais.

Temos neste ponto mais um problema para o governo brasileiro e seu fundamentalismo econômico, ou seja, não existe conciliação entre o princípio ideológico neoliberal e soberania econômica fato representado neste episódio, vejam a nova ironia, na manutenção das atribuições originais da Petrobras.

A burguesia nacional começou a sentir o peso da subordinação imperialista, do radicalismo neoliberal e desesperada aponta a necessidade de repensar o modelo. O governante de plantão lança mão do recurso intervencionista que ainda resta para controlar o preço do óleo diesel e deste ato apresenta a primeira contradição com os fundamentos ideológicos radicais de seu governo.

Continua, o senhor Bolsonaro, agradando o império oferecendo a desregulamentação econômica simbolizada no fim da aposentadoria, capitalização das pensões, carteira de trabalho verde e amarela.

O problema, destes agrados, encontra-se no aprofundamento do desemprego e consequente asfixia do mercado interno apresentando como resultado sinais de descontentamentos da dita classe média e dos trabalhadores gerando os primeiros problemas no modelo de distração e controle social amparado no discurso moralista, no fundamentalismo religioso e no infantilizante verde amarelismo.

O bolsonarismo, para sobreviver, apresenta claramente a necessidade de rever a sua associação ao neoliberalismo e subordinação canina ao imperialismo. Resta saber como seria um eventual rompimento deste nível a esta altura dos acontecimentos.

O governo vai compensando a burguesia nacional e isso ainda é pouco, pois existem milhões de desempregados e uma juventude com poucas expectativas somado, estes problemas, a crescente repressão aos trabalhadores simbolizadas nos assassinatos realizados através dos aparatos de repressão oficiais.

A necessária política de reconhecimento do sistema econômico nacional vai além da redução dos valores do óleo diesel, contudo o fato revela uma importante contradição no interior do governo.