3.10.18

MÍDIA COMERCIAL VISIVELMENTE TENTA INFLUIR CONTRA CANDIDATOS QUE NÃO REZEM POR SUA CARTILHA

MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -


Nos últimos dias da campanha eleitoral para a Presidência, além das pesquisas diárias que contariam inclusive as divulgadas anteriormente, surge de novo o juiz Sérgio Moro tornando público depoimento do ex-Ministro Antônio Palocci com acusações contra o preso político Luís Inácio Lula da Silva, que haviam sido rejeitadas, por falta de provas, pelo Ministério Público.

Mas Moro não está nem aí para essas coisas e fica claro que o objetivo do juiz badalado pela mídia comercial é incriminar Lula, de forma a ter reflexos na corrida eleitoral, no sentido de prejudicar o candidato apoiado pelo ex-Presidente.

Palocci fala qualquer coisa, desde que possa reduzir a sua pena ou mesmo ficar livre depois de mais de dois anos presos. Cada um age a sua maneira e não importa se a delação seja ou não verdadeira. O importante para o delator é se livrar da cadeia. Vale tornozeleira eletrônica, desde que o preso saía da condição em que se encontra e vá par o remanso do lar, muitas vezes uma mansão adquirida de forma suspeita.

Com mais essa de Sérgio Moro, a maior prejudicada é a própria justiça, que passa a ser vista como um poder inserido no golpe de 2016. É de fazer espécie o fato de acusações rejeitadas por falta de provas venham a se tornar pública menos de um semana antes da realização do pleito.

Quanto as pesquisas, não é de hoje que são divulgadas de forma a provocar impacto e, mais do que isso, induzir o eleitorado a se posicionar em favor do que mais interessa ao mercado.

Nesse sentido o extremista Jair Bolsonaro, cujo vice segue se posicionando radicalmente contra o 13º salário e até pregando retrocesso na ordem democrática, começa a ser aceito pela mídia comercial, que inclusive lhe concede espaço sem que o demais candidatos consigam de forma igualitária. E por incrível que pareça a justiça considerou legal essa desproporção rejeitando   recurso contra a aberração.

Novamente quem perde com essa decisão é a própria justiça que passa a ser considerada de forma suspeita.

Não será de se estranhar se nos próximos dias surgirem informações pré-fabricadas com o visível objetivo de prejudicar uma candidatura e um partido político. Se isso acontecer mesmo se confirmará que o objetivo é o de prejudicar o Partido dos Trabalhadores (PT) e o candidato Fernando Haddad.

Aguarda-se também o último debate, no caso da TV Globo, useira e vezeira a manipular contra quem não reza por sua cartilha. Para a família Marinho, já que o candidato preferencial, Geraldo Alckmin, até agora não decolou, e dificilmente isso acontecerá, vale qualquer um, até mesmo um nazifascista como Jair Bolsonaro. É a posição também do chamado mercado.

Em suma, os candidatos preferenciais da família Marinho seguem se posicionando contra qualquer forma de TV pública, independente da experiência ter sido abortada pelo governo de Michel Temer, E Alckmin segue, com a idiotice que lhe caracteriza, repetindo que o canal em questão é do Lula.

Podem imaginar a sua plataforma restante? Como agora o mercado está ao lado de Bolsonaro, é bastante possível que ele pense a mesma coisa sobre a TV Pública, tema que a TV Globo não colocará em debate, da mesma forma que a democratização dos meios de comunicação, que a mídia comercial não pode nem ouvir falar e se refere como se fosse censura.

Independente da Globo e demais espaços midiáticos comerciais é mais do que necessário que o eleitorado seja informado a respeito, pois democracia sem democratização dos meios de comunicação não é democracia, mas sim a continuidade do domínio de poucas famílias no setor. E isso, convenhamos, não é democracia, muito pelo contrário, vale sempre insistentemente repetir.

* Mário Augusto Jakobskind, é Professor, Jornalista, Escritor, membro da Chapa Villa- Lobos, arbitrariamente impedida de concorrer à direção da ABI (2016/2019) e Coordenador de História do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê - Canal Universitário de Niterói.