31.5.18

A DITADURA DO JUDICIÁRIO E AS BOMBAS DE COMBUSTÍVEIS AUTOMÁTICAS DO IMPÉRIO

ANDRÉ MOREAU -


A onda de justiçamento seletivo do Supremo Tribunal Federal (STF), foi desnudada novamente com a prisão e soltura do ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, de um dia para o outro (30). O ex-Presidente Lula foi condenado a 12 anos e 2 meses de prisão, na masmorra de Curitiba, sem prova de ter recebido as chaves do "luxuoso" tripléx do Guarujá como propina, já o investigado sob suspeita de ser operador do Senador José Serra (PSDB-SP) Paulo Preto, foi solto 12 horas depois da prisão, graças ao Habeas Corpus do Ministro do STF, Gilmar Mendes, apesar do Ministério Público da Suíça ter compartilhado com procuradores de São Paulo informações sobre as quatro contas no banco suíço Bordier & Cie em nome da offshore panamenha Group Nantes Sociedade Anônima, cujo o beneficiário é Paulo Preto. De acordo com as informações contidas na denúncia, o saldo de Paulo Preto é de 35 milhões de francos suíços, valores incompatíveis com os rendimentos do investigado, transferidos em fevereiro de 2017, para um banco em Nassau, nas Bahamas.

O processo trata de supostos desvios das indenizações destinadas aos moradores dos imóveis desapropriados para a construção do Rodoanel de São Paulo. No inquérito aberto no STF em 2017 a partir das delações da Odebrecht, os advogados de Paulo Preto pedem para que a cooperação internacional seja suspensa.

Mas a “calça” dos que votaram a favor do impeachment, sem mérito, por migalhas ou chantagens dos usurpadores da “democracia”, voltará a ser “arriada” por completo, no dia 20 de junho, quando a Presidente do STF, Cármen Lúcia, realizará o julgamento da ação impetrada a 20 anos atrás que questiona se o Congresso pode instituir o parlamentarismo por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC). O relator do processo que trata do sistema rejeitado no voto pela população, duas vezes, é o ministro Alexandre de Moraes.

O assunto foi pouco divulgado pelos veículos de radiodifusão de massas, da mesma forma que o Projeto de Lei (PL 725/2015), tirado da gaveta do Senado e aprovado a “toque de caixa” na última quarta-feira (23), que prevê em caso de vacância, eleições indiretas do governo, da presidência e da vice-presidência, em até 30 dias antes das eleições, com voto secreto. O PL 725/2015, de autoria do Senador Ronaldo Caiado (DEM), se encontrava engavetado desde 2015 e não por acaso, só agora foi pautado, em meio ao acirramento “meia sola” da narrativa “anti-corrupção” que incorporou as greves dos caminhoneiros e dos petroleiros.

Paralelamente a cortina de fumaça foi levantada visando socorrer os desesperados da “opinião pública”, pregando a suposta normalização no abastecimento, mas mantendo ocultas informações sobre a restauração dos modais de transporte por ferrovias, rios e mar que vinha sendo feita nos governos Lula e Dilma Rousseff e em alguns casos satanizando os adversários políticos como responsáveis pela crise.

O caso da empregada doméstica que esperava o ônibus precário e lotado, atrasada para chegar na casa grande, visando lavar as calcinhas da patroa, teve mais espaço do que a greve dos petroleiros, mas sem maior aprofundamento, até porque poderia lembrar a catarse dos pobres no “teatro do oprimido”, jogando em cima da classe média a responsabilidade deles opinarem sobre o que não sabem.

As manipulações, além de tentar colocar o povo contra os grevistas a partir do medo do desabastecimento, empurrando os incautos para o consumo desnecessário, visam blindar o responsável pela política liberal de preços, o Sr. Pedro Parente e servem para aprofundar medidas impopulares como, por exemplo, a implantação de bombas de combustíveis automáticas como as dos Estados Unidos, o que provocará a demissão em massa dos frentistas.

Os “especialistas” do consórcio dos veículos de comunicação se dedicaram em manter a ralé no total obscurantismo. Falaram sobre o modal de transportes por rodovias, mas sem aprofundar os reais motivos da exclusividade: uma das metas em detrimento das ferrovias e da indústria naval, da ditadura empresarial/militar deflagrada em 1º de abril de 1964, cujo objetivo foi investir na construção de rodovias, até porque a ordem é eximir os mentores do desmonte, inclusive os do governo ilegítimo de Michel Temer.

Nesse clima de total hipocrisia, a implosiva passagem do Sr. Pedro Parente, novamente, pela Petrobrás, também foi ocultada, de acordo com a estratégia que rendeu projeção meteórica ao O Globo de Irineu Marinho 1962 - 1971 no mesmo período em que foi diretor do Departamento de Propaganda e Cinema do IPÊS - Instituto de Pesquisas e Estudo Social.

O desmonte da nossa indústria naval que foi a terceira maior do mundo, bem como das ferroviárias e dos trens, nunca é demais lembrar, serviu de moeda de troca para O Globo ampliar suas atividades com propriedades cruzadas, por todo território nacional. O desmonte dos dois modais que proporcionam os meios de locomoção mais baratos do mundo, visando tornar exclusivo o transporte de carga por caminhões, foi uma das imposições de Washington, para atender os interesses dos fabricantes da gasolina azul, do diesel, óleo de motor, das autopeças e dos caminhões estadunidenses.

E obediente ao mercado, Pedro Parente aumentou o preço da gasolina em 0,74%, novamente (30), debochando dos grevistas que representam a maioria da população.

---
*André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de imprensa, jornalabi.blogspot.com arbitrariamente impedida de concorrer à direção nas eleições de 2016/2019.