MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -
Nesta altura dos acontecimentos, vale lembrar o que aconteceu com a sigla PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), que foi surrupiado pelo então coronel Golbery do Couto e Silva, entregando-a para a então parlamentar Ivete Vargas. O objetivo de Golbery era evitar que a sigla ficasse com os verdadeiros herdeiros do criador do partido. Em outras palavras, o sistema que Golbery e seus asseclas comandavam temiam que Leonel Brizola fosse o responsável pelo PTB e os seguidores contemplariam o trabalho sobre o capital.
O que foi mencionado faz parte da história de um tempo em que Golbery do Couto e Silva era todo poderoso e sempre queria manter o esquema de dominação do capital. Prevaleceu então o esquema do PTB, hoje sob a presidência de Roberto Jeferson, que privilegia o capital em detrimento do trabalho. E deu no que deu, ou seja, o apoio total do atual PTB ao impeachment que levou ao governo o lesa pátria Michel Temer, que sempre defende o capital em detrimento do trabalho.
E agora chegou ao ponto, pode-se dizer indecoroso, em que o golpista Michel Temer nomeou a Deputada Cristiane Brasil como Ministra do Trabalho. Aí se torna pública a informação segundo a qual a filha de Roberto Jeferson teve de pagar mais de 60 mil reais de indenização a um motorista que trabalhava para ela e não tinha a carteira assinada. Foi a decisão da justiça do trabalho, a justiça que hoje o governo alterou para fazer o jogo do capital. Ou seja, só mesmo em um governo como o de Michel Temer é nomeado para o Ministério do Trabalho alguém, como empregador, que comete ilegalidade com um trabalhador.
Se no Brasil estivesse em vigor um governo legal e democrático, e consequentemente não o atual, seria impossível a nomeação de uma figura com o perfil como o de Cristiane Brasil. Mas como sob esse governo golpista tudo é possível, não chega a surpreender que Temer decida nomear alguém como ela. E vale também outra observação: o que esperar de um governo que tem como Ministros figuras do gênero de Carlos Marun, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Aloysio Nunes Ferreira e assim sucessivamente?
O Brasil, que a mídia comercial conservadora, com o predomínio da Rede Globo, apresenta como um país com a economia recuperada, está a cada dia que passa privilegiando o capital contra o trabalho, e que por isso o projeto executado vem sendo tão badalado pelos colunistas de sempre.
É só verificar com um mínimo de isenção para constatar que o que vem sendo repetido inúmeras vezes com o objetivo de virar verdade, não passa de balela dos defensores do capital. É só circular pelas ruas das cidades brasileiras e ver o aumento da população de rua para constatar que as “verdades”, repetidas constantemente pela mídia comercial conservadora não resistem a menor análise. Os tais analistas fazem o jogo do mercado, que só se interessa pelo lucro fácil em detrimento da maioria da população. Aí, para esse setor, desde que os lucros aumentam, tudo está as mil maravilhas.
Como o objetivo é iludir os incautos ainda há setores da opinião pública que seguem repetindo as mentiras como se fossem verdades absolutas. Ao longo da história esse tipo de enganação é muito comum, mas só que não resiste por muito tempo, porque a verdade aparece e desmente o que é dito para enganar incautos. É tudo uma questão de tempo.
No caso da história inicial do PTB, o esquema Golbery tentou enganar a opinião pública, mas com o passar do tempo prevaleceu a verdade que acaba encaminhada para a sigla dominada por Roberto Jeferson e também a sua filha Cristiane Brasil, defensores incondicionais da reforma trabalhista, o esquema que faz o jogo do capital, isto é, privilegiando o patronato em detrimento do trabalhador.
Se quando o motorista que ganhou a indenização a ser paga pela Ministra nomeada por Temer estivesse em vigor a reforma trabalhista promulgada pelo lesa pátria, provavelmente o trabalhador dificilmente entraria na Justiça, porque ia temer ser obrigado a pagar o custo da ação. Esse é o Brasil de Temer, Jeferson e Cristiane Brasil, o Brasil, por sinal, que a mídia comercial apresenta como positivo, mas tentando escamotear a verdade do favorecimento do capital, sempre em detrimento do trabalho.
* Via e-mail/Mário Augusto Jakobskind, é Professor, Jornalista, Escritor, vice-presidente na Chapa Villa-Lobos, arbitrariamente impedida de concorrer à direção da ABI (2016/2019) e Coordenador de História do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê - Canal Universitário de Niterói.