3.8.17

1- MICHEL TEMER BARRA NA CÂMARA INVESTIGAÇÃO POR CORRUPÇÃO; 2- MAIA DIZ QUE ASSESSORES DE TEMER FORAM “TRUCULENTOS” E “JOGARAM BAIXO” COM ELE

REDAÇÃO -


O plenário da Câmara rejeitou há pouco o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para autorizar a análise de denúncia criminal contra o presidente Michel Temer (PMDB), por corrupção passiva, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Antes mesmo do encerramento da votação, os parlamentares da base aliada já comemoravam o resultado assim que foram alcançados 159 votos contrários ao prosseguimento das investigações. Considerando-se o número de parlamentares que registraram presença, as ausências, os votos da oposição e da base aliada e os dissidentes do governo, não há mais condições de se alcançar os 342 votos necessários para a continuidade da análise da denúncia no STF, como determinam a Constituição e o Regimento Interno da Câmara. Assim, fica interrompida a consecução da denúncia.

Com o placar, o pedido da PGR à Câmara para autorizar a análise da denúncia criminal é arquivado temporariamente. Primeiro presidente a ser denunciado por crime comum no exercício do mandato, Temer escapa, por ora, de se tornar o primeiro réu no Planalto, o que o obrigaria a se afastar da Presidência até a conclusão do julgamento. Agora, imposta a maioria governista em plenário, o processo por corrupção tem que esperar ao menos até 1º de janeiro de 2019, quando o peemedebista deixa o governo e perde o foro privilegiado – caso o mandato de Temer, investigado na Operação Lava Jato, não enfrente outro percalço na Justiça, como uma segunda denúncia eventualmente aceita na Câmara.

Os oposicionistas contam, ainda, com o oferecimento de novas denúncias pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, contra o presidente por obstrução à Justiça e organização criminosa. Temer foi denunciado em 26 de junho por corrupção. Para a PGR, o presidente era o destinatário dos R$ 500 mil entregues pelo lobista Ricardo Saud, da JBS, ao suplente de deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), então assessor do presidente, flagrado em vídeo recebendo e transportando a mala de dinheiro.

A base governista fez valer sua maioria e superou até as dissidências internas. À oposição, restou o consolo de ter conseguido protelar a votação, levando-a para a noite, horário em que contava com maior audiência na TV, estratégia adotada para constranger os deputados a votarem para salvar a pele de Temer – maior audiência do país, a TV Globo transmite a sessão ininterruptamente, rara situação em que novelas deram vez à sessão plenária em uma quarta-feira, dia tradicionalmente reservado ao futebol.

Dois discursos polarizaram as discussões ao longo de todo o dia: os apoiadores do presidente atribuíam sua posição à necessidade de estabilidade política e econômica; já os defensores das investigações recorreram à bandeira do combate à corrupção, atribuindo a Temer o papel de liderar uma “quadrilha” no Planalto. (…)

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Maia diz que assessores de Temer foram “truculentos” e “jogaram baixo” com ele

Após rejeição da denúncia contra Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados, nessa quarta-feira (2), o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reclamou da ação “truculenta” e “desrespeitosa” de assessores do peemedebista quando o democrata era cotado como sucessor no Planalto.

“De fato, em torno do presidente, houve uma relação muito ruim comigo, muito desrespeitosa, mas o tempo vai resolver isso”, disse Rodrigo Maia. “Não posso negar que atos de alguns assessores do presidente foram truculentos […] Nunca pensei que fossem jogar tão baixo comigo”, desabafou, em entrevista para a Globo News, sem citar nomes. Maia é quem assumiria a Presidência caso Temer fosse obrigado a deixar o cargo.

Apesar da vitória de Temer, Maia vê com cautela o resultado da votação da denúncia. O presidente da Câmara afirmou que ainda não tem todos os 308 votos para aprovar a Reforma da Previdência, e para isso precisará reunificar o PSDB na base do governo. (…)
(via Estadão)