CARLOS CHAGAS -
Por enquanto é missão impossível saber de onde começou o ataque, mas a verdade é que o ministro Henrique Meirelles encontra-se sob fogo batido. Poderá render-se em poucos dias. Serão os tucanos? O próprio presidente Temer? O tal centrão de deputados desimportantes? Ou ministros com trânsito livre no palácio do Planalto?
A verdade é que começou a temporada de caça ao ministro da Fazenda, como tantas vezes tem acontecido contra os antes campeões da recuperação econômica, desde os tempos de Sarney, Fernando Collor, Lula e Dilma. Salvou-se apenas Fernando Henrique, que resistiu oito anos com Pedro Malan. De início tidos como solução para a volta à normalidade, exaltados e cortejados, acabaram saindo pelo ralo ministros de todos os matizes e tendências. Escusados de ser referidos nominalmente, pela injustiça que seria apontá-los, eles passaram da exaltação à execração em pouco tempo.
Agora chegou a vez de Meirelles, seis meses depois de ser saudado como esperança do governo e do mercado de sairmos do sufoco. A hipótese de que Armínio Fraga está convocado para ajudar a combater a crise não deixa dúvidas, pois foi Temer quem anunciou. É claro que o atual ministro pedirá para sair assim que o outro estiver entrando.
Trata-se de desespero e injustiça jogar sobre os ombros do ex-presidente do Banco de Boston e do Banco Central o ônus do fracasso da retomada do crescimento. É o próprio ministério que sabota as iniciativas de contenção que ele pretendia estabelecer. Para não falar do presidente da República, de seu turno pressionado para fazer bondades em vez das pretensas maldades de Meirelles. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco, no caso, o ministro da Fazenda e não o chefe do governo.
A conclusão dessa nova escaramuça na Esplanada dos Ministérios é de que nenhuma nova tentativa de restabelecer o crescimento econômico dará certo se não vier precedida de medidas de contenção e de sacrifício. Se Michel insistir em continuar bonzinho, quebrará a cara. Henrique Meirelles terá sido apenas mais um.