WLADMIR COELHO -
O controle das áreas com potencial ou produtoras de petróleo constitui uma antiga prática dos oligopólios internacionais. No Brasil, desde o final do século XIX até a criação da Petrobras em 1953, a Standard Oil impediu a exploração petrolífera nacional através da aquisição de extensas áreas com potencial produtivo.
Neste ponto recordamos que até o final da IIª Guerra Mundial os Estados
Unidos encontravam-se na posição de maior produtor mundial de petróleo e suas
empresas – Standard Oil à frente – controlavam a produção mundial.
Assim ao ocupar áreas com potencial produtivo – sem contar o controle
exercido no setor de refino e distribuição - temos a política econômica de uma
empresa privada estrangeira a controlar ou influir diretamente na segurança
energética nacional.
O controle destas áreas representa não somente uma condição comercial ao
modo do laissez-faire. Controlar, regulamentar a exploração petrolífera
revela-se um aspecto fundamental à segurança energética nacional.
Estados Unidos e Reino Unido mostram exemplos da necessidade desta
regulamentação. Estes estados transformaram em interesses nacionais o controle
de áreas produtivas em todo o planeta através de suas empresas mantidas e
criadas com elevados subsídios e protegidas internacionalmente através da
diplomacia da corrupção e forças militares.
Contrariando o discurso neoliberal a indústria petrolífera não conhece a
chamada autonomia em relação ao Estado. Em nossos dias o consumo estatal de
petróleo nos Estados Unidos, representado nas forças armadas, constitui um
exemplo do uso da guerra como forma de lucro. Guerras pelo controle do petróleo
em sua maior parte. As forças armadas estadunidenses encontram-se na 34ª
posição entre os maiores consumidores de petróleo do mundo.
Lembre-se: A indústria petrolífera recebe subsídios oficiais, encontra-se protegida militarmente e quando esbarra com uma fronteira fechada
utiliza o canhão estatal movido, inclusive, pelo combustível vendido aos
exércitos.
No Brasil a dinâmica repete-se por enquanto sem o uso dos canhões
bastando para esse fim o discurso falso da incompetência estatal. Em 1957 o
jornalista Epitácio Caó escreveu o livro “Eu vi o trust por dentro” no qual
relatava o trabalho ideológico realizado através da imprensa, com farta distribuição
de dinheiro para propaganda, através de artigos, reportagens, debates
favoráveis aos oligopólios internacionais.
Passados 59 anos da denuncia de Epitácio Caó temos, ainda, um mundo
movido a petróleo, todavia a existência do mineral em áreas de fácil acesso
encontra-se extremamente reduzidas. Em 2015, por exemplo, ocorreram 191
descobertas de novas regiões para exploração contra a média de 430 até 2006. Em
2016 até o mês de julho foram apenas 60 descobertas.
A campanha contra a Petrobras é resultante da estratégia dos oligopólios
internacionais do petróleo no sentido de controlar os poucos territórios que
ainda permitem novas descobertas.
Estes oligopólios patrocinam o discurso da livre concorrência e
competência empresarial nos meios de comunicação encontrando o apoio de
ancoras, comentaristas e especialistas que ocultam da população o caráter
financiador e protetor do Estado deste setor.
Escondem ainda em seus comentários, de falsa isenção, a política
internacional de submissão do Brasil aos interesses da política econômica dos
grupos internacionais. A segurança energética do Brasil encontra-se seriamente
ameaçada diante da prática de entrega da Petrobras ás necessidades da política
econômica do petróleo dos grupos estrangeiros.