11.4.16

SERVIDORES: LUTA POR SALÁRIO, ORGANIZAÇÃO E CONSCIÊNCIA

MOYZÉS LIMA -
O salário inteiro e no dia certo é um direito, é a contrapartida do trabalho exercido para suprir suas próprias necessidades e da sua família. Quando o trabalhador tem sua voz e liberdade de expressão sufocadas, seus atos contidos por leis injustas e retrógradas, a retirada de direitos por incrível que pareça vai para segundo plano.

Importante é estar organizado para resistir. A força de trabalho que exerce sua função e não tem a contrapartida esperada, ou melhor, tem sim, uma contrapartida negativa, tem que tomar as ruas.

O grande palco da história das lutas sempre foi a rua, ainda que essa situação atual no Rio de Janeiro pareça-nos algo armado, planejado, pronto, ainda que o clima incentive e coloque os servidores em movimentação e colabore para a instabilidade nacional, o lugar da vitória é a rua. Não dá pra sentir fome e não chorar, sentir sede e não gritar. Não dá para ficar calado e alheio a tudo enquanto as famílias sentem o peso de uma crise e uma conta que não são delas.

É claro que os operários elegem seus representantes e os líderes são forjados em meio a luta, uns se mantém ou estão líderes, assim como os representantes. É um teste de habilidade, dom e perseverança carregar um título desse por um tempo.

Quando a classe trabalhadora escolhe esses personagens, não anula a responsabilidade individual de cada um, como cidadão consciente, como operário organizado, de se levantar diante de qualquer injustiça, ilicitude, desigualdade, opressão, tirania e retirada de direitos garantidos.

Mas quando surgem esses homens e mulheres, e eles emergem do proletariado, o que se espera é que não neguem, nem esqueçam suas raízes, sua origem classista, seu berço de trabalhador, sua linhagem de escravo. Espera-se a colaboração com a coletividade, com o levante conjunto e vitorioso de todos os oprimidos, sem protagonistas, cooptação e capitulação.

Líderes verdadeiros se legitimam ao lado do seu povo, ombreando, se prestando ao papel de ouvi-los; construindo metas e objetivos em conjunto; fortalecendo e reconhecendo suas próprias deficiências; se desenvolvendo e fazendo crescer os seus; tendo um pingo de razão e responsabilidade nas ações; se mantendo atualizado e produzindo informação também. sendo humilde e se predispondo a aprender.

Os que aí estão, os representantes legais que foram eleitos, além de colocarem os funcionários públicos e suas famílias em total vulnerabilidade, estão dando os últimos golpes de misericórdia nos serviços públicos, destruindo, precarizando, privatizando, sucateando... Esses que aí estão, e aqueles que compactuam, não representam o povo, lideram seus próprios interesses.

Cabe aos trabalhadores não esperarem nada de representantes políticos, nem sequer que simplesmente os ouça. Pertence exclusivamente aos servidores públicos organizados, o dever de resistir e lutar não só pelo próprio salário, mas por todas as perdas ocorridas em virtude dos atrasos e parcelamentos, além da garantia dos serviços públicos gratuitos e de qualidade, como transporte, saúde, educação e segurança. Não há tempo a perder.