ROGER MCNAUGHT -
A tarde da quarta-feira dia 2 de março foi marcada no centro
do Rio de Janeiro pela luta dos servidores estaduais e estudantes da rede
estadual de ensino. Com faixas, cartazes e um imenso carro de som, milhares de
manifestantes lotaram o centro da cidade exigindo o fim dos desmandos do
governo do estado para com o serviço público, seus servidores e usuários.
Na concentração da manifestação já era perceptível o caráter
heterogêneo dos presentes. Em
meio a bandeiras dos mais diversos grupos partidários, sindicais e ideológicos,
estudantes circulavam prestando apoio aos professores grevistas e reivindicando
melhores condições de ensino, enquanto manifestantes combativos acendiam uma
fogueira onde fora queimada uma bandeira do Brasil.
A manifestação percorreu diversas ruas do centro até seu
ponto de encerramento na Cinelândia, onde mais uma vez seu caráter heterogêneo
se tornou evidente. Do alto
do carro de som, uma das organizações presentes propôs o canto do Hino
Nacional, recebendo de imediato vaias e gestos de desaprovação por parte de
inúmeros manifestantes de vários grupos diferentes. O fato mais curioso foi a forma com a
qual o orador que estava ao microfone escolheu para tentar impor sua
vontade: o mesmo alegou que
por estarmos em uma democracia, quem não concordava bastaria permanecer “
calado”. Tal afirmação, acompanhado
de olhares de seguranças que estavam ao redor do carro de som foram o bastante
para que os manifestantes vaiassem ainda mais e em coro cantassem palavras de
ordem para abafar o Hino Nacional.
Ao fim da manifestação, que ocorreu de forma tranquila e
pacífica, ficou clara a necessidade do movimento de repensar a forma de
interagir com a população, sem impor hinos ou silenciamentos enquanto se
preparam para seu próximo ato ainda este mês.