MARCELO MÁRIO MELO e CELLY ADELINA -
O MACHÃO
(Marcelo Mário de Melo)
Há muito macho rude raso e violento
correndo solto por aí pelas esquinas
pensando ser o soberano no pedaço
e as mulheres tratando como meninas.
Comportamento de um galo no terreiro
com arrogância de quem é dono da praça
macaco-homem pós-moderno troglodita
vê as mulheres como objetos de caça.
O mundo muda e o machão não se apercebe
que o modelo vai ficando superado
e se apresenta com retoque no discurso
surfando em onda de machismo reciclado.
Caricatura de pai e super-heroi
manipulando cordas de cavalheirismo
ele ignora os fios da delicadeza
universais que vão além do sexismo.
Que outro modelo masculino se desenhe
quebrando firme do machismo as suas quinas.
Mais plumas pétalas e toques de cristal
são necessários nas posturas masculinas.
***
CORTE
(Celly Adelina)
Se desse ferir
Punhal for seu nome
Cortando dentro
Resistentes apegos
Há de sentir
No teu universo
Uma gota, ao menos,
Do sofrimento.
Clama
A chama apagada do teu afeto
Nem mais resto
Nem mais punge
Nem migalhas
Doendo n’alma.
Há penas.



