Por IVAN CAVALCANTI PROENÇA -
Nem a mais leviana e oferecida das vivandeiras assinaria um texto tão sórdido quanto o publicado pelo “seu” Aristóteles Drummond em sua coluna no jornal O Dia neste 22 de janeiro, em exaltação dos militares golpistas. Aliás, exaltação não, bajulação e submissão repulsiva em presença dos usurpadores do poder, torturadores e assassinos dos 21 anos de Ditadura. Se conhecesse de fato a história das Forças Armadas, lembraria a digna trajetória dos militares ao longo de sua existência no país, na defesa dos nossos territórios, na República, na Segunda Grande Guerra, nas tarefas desempenhadas regularmente nas lutas pelo “Petróleo é nosso” etc.
Mas o “seu” Aristóteles Drummond (nome e sobrenome de predestinação às avessas) elogia fervorosamente a ditadura, justifica implicitamente (ou não) as torturas, extermínios e arbitrariedades da época, reduz os 21 anos a 10 (inédita “versão”), exalta Médici, denuncia com distorções a resistência, e diz que na ditadura “o Brasil viveu seus anos dourados com um time de craques” na condução do país. Lembra os bambas (! )da Educação no país: srª Ester Ferraz e General Ludwig. É demais.
FALSIDADE
Sinto-me ofendido, vítima de falsidade, deformação, calúnia histórico-ideológica. Pessoalmente, no meu caso, até com direito de resposta.
Mas qual o verdadeiro objetivo, nos dias de hoje, de matéria tão descaradamente tendenciosa e falsa? Será reproduzida na Revista do Clube Militar? Alardeada pelos Bolsonaro? Fácil resposta: faceta inusitada de submissão pegajosa ao golpismo.
Desculpe, filósofo Aristóteles. Desculpe, poeta Drummond. Esse indivíduo não sabe o que diz. Ou melhor, sabe sim. A serviço.
*Ivan C. Proença, Presidente do Conselho da ABI, membro da Academia Carioca de Letras. Diretor da OLIP (Oficina Literária que leva seu nome), detentor da medalha Chico Mendes (Grupo Tortura Nunca Mais), no Governo Brizola, Diretor de Cultura do Estado, Diretor do MIS e Assessor Pedagógico. Professor universitário, Mestre e Doutor em Literatura (e Cultura Brasileira), autor de inúmeros livros e Ensaios Literários e de Cultura Popular. Protagonista do conhecido Episódio CACO quando era capitão do Regimento Presidencial Dragões da Independência no dia do golpe, o que lhe custou prisão, cassação e perseguição por 21 anos.