27.1.16

CHEGA DE INTERMEDIÁRIOS - DELFIM NETTO PARA PRESIDENTE

CARLOS CHAGAS -


Delfim Netto recomenda  que Dilma Rousseff assuma de volta a presidência da República e a 2 de fevereiro apresente ao Congresso no mínimo quatro reformas: da Previdência Social, reduzindo  pensões e aposentadorias; da flexibilização do mercado de trabalho, suprimindo os direitos sociais que ainda sobram; da desindexação, permitindo que os salários não acompanhem a alta do custo de vida; e da desvinculação das verbas do orçamento, levando o governo a renegar compromissos com o Legislativo.

Com isso, completa o ex-csar da economia, “abre-se espaço para o setor privado operar”. Fora daí, par ele, será o caos nos próximos três anos.

Fica evidente que as sugestões, se por  hipótese adotadas, tornariam ainda mais amargas as agruras dos assalariados. Exprimiriam o naufrágio permanente das propostas que um dia o PT, o  ex-presidente Lula e Madame imaginaram concretizar como forma de mudar o Brasil. As centrais sindicais iriam para as profundezas, se ainda não foram. A prevalência dos interesses do capital se tornaria absoluta, contra as necessidades do trabalho.

Essa derradeira  investida das elites, caso vitoriosa, marcaria o fim do sonho dos raros companheiros que ainda acreditam nos postulados trabalhistas.  Seria  a capitulação do governo frente ao neoliberalismo afinal vitorioso. A garantia de que Dilma abandonou mesmo a presidência da República.

A proposta de Delfim Netto acopla-se àquela  formulada pelo PMDB, sobre os caminhos do futuro,  mais o genérico roteiro estabelecido pelos tucanos. Indaga-se se haverá resistência, mas a resposta surge negativa. Nem o PT, nem a  CUT, sequer o Congresso dispõem de ânimo para reagir. Mesmo que a presidente  não  subscreva a lição das quatro  reformas básicas, a pressão continuará.  Desemprego em massa, aumento de impostos, taxas e tarifas, redução de prerrogativas sociais, diminuição do crescimento econômico,  paralisação de  projetos de obras públicas – tudo  funciona como preliminar para o sucesso das  sugestões de Delfim.

Melhor seria repetir o abominável vaticínio dos idos de 1964, quando as esquerdas reagiram ao golpe militar  apregoando que bastava de intermediários,  queriam o  embaixador Lincoln Gordon para presidente. Pois agora repete-se a farsa: Delfim Netto para presidente!...