18.8.15

CLIENTELISMO E AUTORITARISMO NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE MAGÉ-RJ. PREFEITURA DEMITE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO CONCURSADOS

DANIELA ABREU -


Magé, uma cidade da baixada fluminense, localizada ao pé da linda Serra dos Órgãos, e a Serra de Petrópolis, esbanja beleza natural e arbitrariedades na política. Ganhou audiência nacional nos escândalos da prefeita cassada Núbia Cozzolino e sua irmã deputada estadual também cassada, Jane Cozzolino. Muitas foram as arbitrariedades no período Núbia, no ano de 2005 após uma série de atitudes autoritárias como a exoneração de muitas direções das escolas, ela persegue politicamente e demite dez professores concursados da rede municipal.

Os tempos são outros, mudou o prefeito, mas o assombroso abuso do poder ocorre dez anos depois. Nove profissionais da educação concursados do município de Magé foram demitidos pela prefeitura.

No dia quinze de julho seis professores e funcionários administrativos aprovados no concurso de 2012 foram comunicados que estavam exonerados do serviço público. Todos faziam parte da primeira convocação do concurso, e entre eles oito não residem no município de Magé. Foi exposto que estes profissionais haviam sido reprovados no estágio probatório.

Essa ação da prefeitura é realizada com arbitrariedades em série. Primeiro o estágio probatória findou para todos entre o dia 12 e 15 de junho, um mês antes destes serem informados, forçando-os trabalharem um mês a mais. Embora a publicação no D.O (Diário Oficial) tenha ocorrido na data certa, ele não circulou e o site permaneceu fora do ar.

Profissionais denunciam que o procedimento para as avaliações não foram efetuados de forma transparente e com seriedade. Até o ano passado todos acreditavam estarem sendo bem avaliados, já que uma real avaliação deve ocorrer de seis em seis meses. Uns nunca assinaram nenhuma avaliação antes da última, outros só assinavam a última folha, alguns se viram acuados a assinarem e denunciam atitudes de má-fé.

As escolas de Magé funcionam há anos como espaços para uma política clientelista. Poucos foram os concursos realizados na cidade, durante o governo Núbia o lobby era que o concurso iria desempregar os moradores de Magé para empregar profissionais de outros municípios, ou seja, não votantes da cidade.

O famoso beija mão, lugar comum na cidade, escolas são fatiadas nas mãos de políticos. Tornam-se verdadeiros feudos, que do diretor ao vigia todos eram indicação, passando a assim a dever favores e lealdade ao vereador, deputado, prefeito, secretário, quem estivesse responsável por esse espaço.

O concurso público de 2012 trouxe desconforto para os senhores acostumados a comandar os cabideiros de emprego público, e fazer destes as suas bases eleitorais. Desta maneira a sua realização foi uma vitória, mas a luta perdurou pela chamada dos aprovados. O concurso foi realizado quinze anos após o último validado, já que de 2004 foi cancelado. Causando um impacto direto no perfil dos profissionais de ensino, mais de 80% durante este período eram contratados. Mesmo com grande quantitativo de carência, as vagas oferecidas não supriam 1/3 das necessidades. Desta maneira o SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) precisou atuar junto ao Ministério Público para garantir mais chamadas visando contemplar a rede.

De fato hoje a realidade é outra, mas ainda contratos são encontrados em muitas unidades escolares, mesmo com professores aprovados esperando a convocação. Denunciam ainda que tudo era feito para que quem não pertencesse ao município de Magé desistisse de sua matrícula. Muitos forçados a pegar duas ou três escolas, umas bem distantes, não tinham acesso ao mapa das escolas por ordem de classificação.

Demissão de profissionais concursados é o ápice do autoritarismo. Não é de praxe exonerar profissionais de educação sem alguma falta grave, mesmo no estágio probatório. Todos os casos conhecidos foram traumáticos e representaram retaliação, perseguição política, arbitrariedade. O que levou o Prefeito Nestor Vidal tomar tal atitude faltando um ano das eleições municipais? Apostar na total impunidade, dentro de uma cidade que naturalizou a barganha política, o emprego em troca de votos, cargo público em troca da garantia de curral?

Não se sabe a resposta, apenas que Nestor Vidal que foi eleito como a salvação para Magé, após todo roubo de Núbia Cozzolino, toma atitudes equivalentes da antiga prefeita.

Até agora muitos diziam que este prefeito nada fez, agora que fez muito coisa parecida com a Núbia, inclusive uma das piores: exonerar servidor público.

O SEPE conclama a todos os profissionais de educação da rede municipal de Magé a parar no dia 19 de agosto, dia do “Basta”, em solidariedade a todos os exonerados e com uma pauta intensa, a qual revela tantas mazelas na condição de trabalho.

Brasil “Pátria Educadora” que dilacera, revela contradições e esfacela a esperança de uma gente cidadã.