CARLOS CHAGAS -
Cresce entre os ministros palacianos, núcleo duro do governo, a
impressão de não demorar muito para o ministro Joaquim Levy pedir o
boné. Ou recebê-lo no final de mais uma reunião a que não comparecer. A
presidente Dilma não engoliu a ausência dele quando do anúncio dos
cortes ao orçamento. Seu lugar na mesa ficou vazio e não foi por acaso
que permaneceu a placa com o nome dele, diante de uma cadeira vazia.
Muito menos Dilma aceitou que na mesma hora Levy tivesse viajado para o
Rio, deixando como desculpa um resfriado. Na verdade, sua proposta era
para cortar de 70 a 80 bilhões, curvando-se aos 69,9 bilhões mas ficando
agastado com todo mundo. No reverso da medalha, pegou mal junto aos
principais assessores da presidente terem sido as mais sacrificadas as
verbas para Educação, Saúde e o programa “Minha Casa, minha Vida”.
A conclusão é uma evidente má vontade nas duas margens do rio da
amargura econômica: tanto o ministro quanto a presidente parecem mal
satisfeitos. Para complicar ainda mais a situação, vem o presidente da
FIESP, Paulo Skaf, afirmar que o empresariado não aceita pagar um
centavo a mais de impostos, logo depois de nova ameaça clara do dr.
Levy: se o Congresso não aprovar as medidas provisórias do ajuste
fiscal, o aumento será inevitável.
Assim começa a semana, conturbada também pela previsão de que a
Câmara rejeitará todas as propostas de vulto da reforma política,
limitando-se a apoiar perfumarias. Dilma mandou anunciar que estará em
Salvador entre os dias 11 e 13 do próximo mês, para o congresso
nacional do PT. Estaria cogitando de, ao lado do Lula, fazer uma espécie
de exposição a respeito das dificuldades atuais do governo e do país.
Seria bom fiscalizar a bagagem do alto comando dos companheiros para
saber se não estão levando algumas panelas. Aliás, foi um fracasso a
reunião da sessão paulista do partido, no fim de semana que passou.
Sobraram lugares no auditório.
Para cada lado que Dilma se volte, encontra problemas. Não terá
gostado da performance do senador Lindbergh Farias, cujos petardos
atingiram o governo, tanto quanto as medidas provisórias do ajuste
fiscal, especialmente pela versão de que o ex-presidente da UNE teria
sido estimulado pelo Lula. Os amantes da astrologia sustentam que no
período de um mês anterior ao aniversário de cada pessoa transcorre o
seu inferno zodiacal, onde tudo de ruim pode acontecer. O
aniversário de Madame é em dezembro, mas, pelo jeito...



