CARLOS CHAGAS-
Não se trata da reta final
na corrida pela presidência da República, apenas do ensaio geral.
Fala-se do primeiro turno das eleições, no próximo dia 5 de outubro, com
a presença de onze candidatos, sendo três de verdade e oito de
mentirinha. Mesmo assim, o resultado do segundo turno estará embutido na
manifestação inicial. Para onde fluirão os votos de todos os
candidatos, inclusive Aécio Neves? Para Marina, para Dilma ou para a
indiferença expressa nas abstenções, no voto em branco ou no voto nulo?
Caso a polarização continue
a crescer, ou seja, o sentimento do eleitorado traduzindo-se na opção
“pró ou contra o PT”, estará favorecida a candidata do PSB. Não se
admite a maioria da esquadrilha dos tucanos voando para a reeleição da
presidente. Mas se a desconstrução da candidatura de Marina prosperar,
na base de que ela não está preparada para o exercício do poder, a
conclusão será inversa. Reforçará o segundo mandato de Dilma.
Dirão os céticos estarmos
evoluindo sobre o óbvio, mas será por aí que se desenvolverão as
campanhas do segundo turno, entre as duas pretendentes. Dilma tentará
demonstrar a fragilidade da adversária, enquanto Marina partirá para
provar o esgotamento do PT no exercício do governo. Como fio condutor
dos debates prevalecerão as agressões. De um lado, ênfase para os
escândalos e a corrupção detectada nos governos petistas. De outro, a
exposição das realizações de Lula e Dilma no setor social.
Do que as candidatas
parecem cuidar menos, conforme os conselhos de seus estrategistas, é dos
planos e programas para os próximos quatro anos. O que de novo
pretendem realizar as duas ex-ministras do Lula? Dispõem de propostas
para ampliar os direitos trabalhistas? Ou para restringi-los? Abrirão as
portas da economia a mais investimentos estrangeiros ou, ao contrário,
vão estatizar o que foi privatizado em termos de segurança nacional?
Promoverão mudanças na Constituição? Isolarão a influência dos partidos
políticos fisiológicos ou mais lotearão o governo para garantir maioria
parlamentar? Diante da crescente insegurança pública, que soluções
possuem? Engajar as forças armadas na luta contra o crime organizado e
desorganizado? Centralizar a educação primária no governo federal?
As dúvidas multiplicam-se aos milhares, acima e além de saber se o PT continuará ou não dominando a administração pública…