21.6.14

UMA CONVENÇÃO PROVISÓRIA

CARLOS CHAGAS -
Surpresas, propriamente, não deverão acontecer hoje, aqui em Brasília, durante a Convenção do PT que formalizará a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição de outubro. Caberá ao ex-presidente Lula propor a decisão aos quase 800 companheiros convencionais, certamente sob intensas manifestações de concordância. O acordo PT-PMDB será exaltado, com direito à presença do vice Michel Temer. Salvo engano, deverá registrar-se apenas uma singularidade: o Lula será muito mais aplaudido do que Dilma.

Nas aparências, uma festa. No fundo, porém, os participantes estarão temerosos da decisão oficializada: e se a candidata continuar caindo nas pesquisas e, mais ainda, a despertar na opinião pública um nítido sentimento de rejeição? Porque dúvidas relativas ao sucesso da candidatura Dilma registram-se no íntimo de cada petista. Com a consequente e reservada indagação:  não seria melhor o partido indicar o Lula, como forma de preservação do poder?

Poucos companheiros ousarão tornar público esse anseio, cada vez mais verificado em particular. Porque o objetivo central do PT, faz muito, é de permanecer ocupando os espaços maiores de controle da máquina estatal. Trata-se de não perder a chave do cofre, tanto faz se para a concretização dos planos e programas partidários ou se para satisfação de objetivos pessoais, nem sempre eivados de espírito público.

Em suma, os companheiros cumprirão o roteiro traçado para uma convenção como a de hoje, ainda que de olho em outro, capaz de virar a sucessão presidencial pelo avesso. Será uma convenção provisória?

Junte-se a essas preocupações o quadro nada otimista para as eleições de governador e se terá a receita de decisões instáveis. Porque nos principais Estados, não vão bem os candidatos do PT. Cite-se apenas Alexandre Padilha, em São Paulo, para evitar o constrangimento de referir o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraná, Pernambuco, Ceará e outros. Pode não funcionar o antídoto para o pessimismo generalizado, de que tudo mudará quando do início da propaganda eleitoral gratuita. 

NÃO DÁ PARA SOLTAR 

As mais recentes manifestações dos black blocs levam a uma indagação: por que esses animais, flagrados praticando crimes indiscutíveis, não ficam presos, quando conduzidos à delegacias? Por que não processá-los, mantendo-os na cadeia pela óbvia periculosidade que representam?