ALCYR CAVALCANTI -
O secretário-geral da
Interpol Ronald Noble disse à rede de televisão CNN que foi enviada uma equipe
para investigar possível manipulação de resultados durante a Copa do Mundo no
Brasil. “Eu posso garantir que enquanto a Copa acontece nos estádios existem
grupos do crime organizado trabalhando com apostas ilegais. Isso pode
influenciar no resultado de um jogo, com suborno ou corrupção”, afirmou Ronald
Noble na ultima sexta-feira ao apresentador Richard Quest da CNN. Para Noble as
apostas não seriam apenas sobre os resultados, mas também envolvendo lances
durante a partida como pênaltis ou mesmo escanteios. Milhões de dólares são
envolvidos nas apostas em vários países do mundo, em uma perversa globalização.
Ao ser perguntado sobre a participação de juízes ou atletas, ele disse que é
uma possibilidade, que tudo pode acontecer, mas não pode afirmar, nem sabe se
isso é provável.
Eduardo Novajas
delegado federal e coordenador da Interpol no Brasil afirmou que apenas houve
um mal entendido, má interpretação da entrevista, e negou que haja uma operação
dirigida para investigar manipulação de resultados durante a Copa no Brasil. As
operações seriam preferencialmente dirigidas contra os black blocs que estariam
vindo de outros países com a única finalidade de promover distúrbios e quebra
quebras.
Os erros de arbitragem
na fase inicial da Copa deixaram muitas duvidas quanto à lisura, ou a
competência dos árbitros das partidas da fase de grupos. Na Copa de 1978 na
Argentina a goleada da seleção portenha sobre o Peru levou os argentinos à
final, e a conquista da taça, levantando suspeitas sobre o “desinteresse” da
seleção peruana durante a partida. Os jogos da chave do grupo A tiveram erros
gritantes e lances duvidosos que influenciaram nos resultados das partidas. Na
partida Brasil X Croácia não só o pênalti em Fred, mas uma serie de erros do
juiz japonês Yuichi Nishimura prejudicaram a seleção croata, provocando
criticas na imprensa mundial, e também do técnico Nico Kovac da Croácia que
durante a entrevista coletiva acusou frontalmente o árbitro de ter prejudicado
sua equipe. Para Kovac se os jogos continuarem com erros gritantes, o
espetáculo que poderia ser o maior de todos os tempos vai se transformar em um
imenso circo. O técnico Luis Felipe Scolari visivelmente irritado disse “Que
houve pênalti claro que houve, vi e revi o lance mais de dez vezes, para mim
foi pênalti. Agora isso é uma coisa, cada um pode interpretar de um jeito, e se
o arbitro disse que foi pênalti, a interpretação é dele”. Para Felipão a falta
do zagueiro croata Lovren foi nítida, só não viu quem não quis. No outro jogo do
grupo, México contra Camarões os mexicanos tiveram dois gols anulados
indevidamente. A seleção mexicana não se abalou e fez um terceiro, esse foi
validado o que não impede uma apuração rigorosa do comitê de arbitragem da
FIFA. A seleção do México é a próxima adversária do Brasil, terça em Fortaleza,
e luta pela classificação na fase de grupos.
O presidente da
Confederação Brasileira de Futebol-CBF José Maria Marin em recente entrevista
ao repórter Jorge Rodrigues de O Globo
declarou “que só uma fatalidade nos tira o título”, e classificou de políticas
as manifestações contra a Copa, partem de
grupos que só pensam em reclamar, e arrematou: “Estamos agora no inicio da
Copa, estamos em um verdadeiro purgatório. Se acontecer um novo 1950 nenhum
brasileiro vai aceitar. Ou vamos todos,
se ganharmos para o céu, ou vamos todos, inclusive eu para o inferno”. Da mesma
forma pensa o coordenador técnico da seleção Carlos Alberto Parreira. Na
chegada dos jogadores em Teresópolis no final de maio, Parreira disse
visivelmente satisfeito: “Chegaram os campeões, estamos com a mão na taça”, afirmação
feita por ter uma certeza absoluta da vitória, ou talvez para dar uma injeção
de ânimo para superar o distante trauma de 1950 diante do Uruguai, o Maracanazo.
Acreditamos que nossa
seleção tem futebol suficiente para ganhar apenas na bola, sem armações escusas
fora das quatro linhas, confiamos nas jogadas de Oscar e principalmente no
talento de Neymar, sem nenhum tipo de manipulação de resultados. O povo não aguenta
mais nenhuma forma de corrupção, basta o que tem
acontecido em nossas terras. O futebol pentacampeão do mundo é uma instituição
nacional, não merece isso.