HELIO
FERNANDES –
Depois de nove meses do povo nas ruas, a partir de 6 de
junho, a impressão é esta: as autoridades estaduais e membros do Congresso,
querem enquadrar os mascarados que assuntam o país, como TERRORISTAS. Já deviam
ter investigado os fatos, separando os manifestantes motivados pelos
baderneiros destruidores. Protegendo os primeiros, garantidos pela
Constituição, investigando e responsabilizando os outros. E todos que pretendem
mudar a lei para atingir esses violentos sem outro objetivo a não ser o de
destruir, tumultuar, confundir, se juntam em torno de uma palavra: TERRORISTAS.
A
Polícia e os governos “alimentaram” esses violentos
Ficaram assistindo o cruzamento do protesto cívico com
a baderna organizada, mas aparentemente não comandada por ninguém. Ficaram
assistindo em silêncio, não investigaram.
Durante meses insensíveis e silenciosos, diante do
cruzamento do protesto legítimo e pacífico, com os mascarados que só queriam
violentar. Ninguém investigou nada. A polícia, imprensada entre os dois grupos,
não sabia como agir, não tinha o mínimo de treinamento. Trabalhavam sem chefia,
no dilema perigoso: ou se OMITIAM ou se EXCEDIAM.
Agora,
a denúncia do estranho Jonas Tadeu
Esse advogado, se equilibrando perigosamente longe de
qualquer explicação, vem dominando as manchetes. Embora sua participação nos últimos
anos tenha sido apenas esta: advogado de milicianos bandidos. Ele tem direito
de defender quem quiser, mas logo milicianos? Para defender milicianos, tem que
ter contato com eles, ser conhecido deles, poder ser chamado ou contratado.
O
julgamento não pode ser no Tribunal do Júri
Um juiz singular (único) é quem deve receber e julgar o
processo. Não é caso de Tribunal do Júri, a força que fazem agora para
caracterizar o fato como “homicídio qualificado”, é absurda e sem razão de ser.
O rojão, se é que essa foi a causa da morte, não é um instrumento de precisão,
como uma arma de fogo.
Se tivesse utilizando um revolver, pistola ou qualquer
arma de longo alcance, o atirador poderia mirar no alvo. E atingir ou não
atingir uma pessoa determinada, de acordo com sua habilidade. Mas o rojão, além
de não ser arma planejada para homicídios, sofre dois efeitos restritivos
importantes.
1 – O rojão sofre variação provocada pelo vento, está
longe da precisão, sintetizada nesta afirmação: “Vou atirar e matar aquele
sujeito que está de camisa azul”. 2 – No meio de uma multidão, como determinar
quem será atingido e logo na cabeça? Não tem idade ou treinamento para isso.
Colossais
interesses, muitas contradições
Haja o que houver, esse estranho advogado é até agora,
o ponto chave de todo o caso. Quando a polícia patinava, sem saber qual era o
caminho mais seguro e mais elucidativo, surgiu esse estranho advogado, com um “acusado”
a tiracolo. Dizia não conhecê-lo, “jamais falei com ele, mas estou tentando
convencê-lo a se entregar espontaneamente, é melhor para ele”.
Logo
depois, surgia com outro suposto criminoso
48 horas depois, esse mesmo estranho advogado, aparece
com outro possível, suposto ou presumido culpado. E surpreendentemente, repete
as mesmas palavras usadas com o primeiro “suposto”, provocando perplexidade: “Não
o conheço, mas sou intimo de um amigo dele, estou tentando convencê-lo a se
entregar espontaneamente, é melhor para ele e para todos”.
Por
que não falou diretamente com a polícia?
Reflitam, vejam a impressionante coincidência das
palavras usadas para “convencer o primeiro e o segundo possível autor que
pretendia entregar”. O primeiro se deixou envolver, foi apresentado à polícia,
não teve nenhum benefício.
Foi levado logo para uma penitenciária, violência a
mais. Prisão CAUTELAR ou PREVENTIVA, depende de ratificação judicial. Tem que
estar perto, na hipótese de ser libertado.
O
segundo resistiu à lábia do advogado
Não se deixou enganar de jeito algum. Fugiu sem
conhecer o advogado, andou por cidades e estados, mas sempre com esse estranho
advogado na pista dele. Foi esse advogado miliciano que levou a polícia até à
Bahia. E carregou o delegado até onde ele estava a 100 quilômetros de Salvador.
Muito estranho, perplexo, duvidoso.
A divergência
entre a foto distribuída e a pessoa
Seguindo pela identidade distribuída no Brasil todo,
jamais iriam encontrá-lo. Ele se registrou num hotel na Bahia, sem o menor
problema. Claro, eram duas identidades inteiramente diferentes. O próprio
delegado que foi à Bahia prender o suposto homicida indicado pelo advogado
Jonas Tadeu, no primeiro momento, hesitou.
Sem
o advogado, Caio estaria na Bahia
Qual o objetivo desse advogado? De onde ele vem? Quais
são suas credenciais, seu passado, além da defesa dos milicianos? Agora, esse Jonas
Tadeu quer ser advogado dos dois personagens responsabilizados por ele. Vai
enfraquecer a defesa dos dois. O que disser “em defesa” do primeiro, atingirá o
segundo. Defendendo o segundo, se comprometerá ainda mais, ficará mais
vulnerável do que os acusados.
A
OAB tem que intervir
Cabe a ela, proibir que o mesmo advogado “defenda” os
dois acusados. A OAB se manterá silenciosa e distante. Não é mais a OAB da
ditadura do “estado novo”, quando designou um jovem advogado conservador,
Sobral Pinto, para defender o líder comunista, Luiz Carlos Prestes.
Jonas
Tadeu, agora positivo: acusa grupos de patrocinarem os criminosos das manifestações
Esse o único lado defensável do advogado miliciano. Deu
indicações precisas de que os mascarados malfeitores, não agem por intuição ou
impensadamente. Denuncia que “grupos poderosos, pagam essas pessoas para a
destruição”. Cada um recebe 150 reais por manifestação, antecipadamente.
E acrescenta: “Em cada local de manifestação, existem
vãs com máscaras e rojões. Os contratados e contactados, recebem o dinheiro,
apanham as mascaras e os rojões e vão cumprir o trabalho combinado”.
Agora, de posse dessas informações, a polícia pode ir
imediatamente no caminho da investigação, aprofundá-la e responsabilizar os
patrocinadores. É evidente que têm interesses no tumulto das ruas. Por que pagariam?
Agora
os fatos se complicaram, podem ser esclarecidos logo, logo
Todos que choraram pelo cinegrafista, estão cobertos de
razão, podem seguir na linha emocionante do diálogo da filha com o pai. Nenhuma
palavra será exagerada para lamentar a morte de um ser humano, profissional,
que estava trabalhando.
Mas agora Santiago Andrade pode ter dado a vida para
que fosse descoberto algum crime mais hediondo. Os empresários ricos que
pagavam trabalhadores pobres para cumprissem seus objetivos tenebrosos. Mais
uma vez a desigualdade financeira e social, escondendo os objetivos ainda não
elucidados ou esclarecidos. Mas que serão. Ou os que controlam os Poderes, saíram
chamuscados, responsabilizados, inutilizados por não terem agido.
PS –
Fui o único jornalista a chamar a atenção para o fato de Santiago Andrade está
sem capacete e sem colete à prova de bala.
PS2 – Todos os senhores patronais, “lamentaram”. Mas não se lembraram da proteção.
PS2 – Todos os senhores patronais, “lamentaram”. Mas não se lembraram da proteção.