17.2.14

CORÉIA DO NORTE COMETE CRIMES DE 'ESTADOS TOTALITÁRIOS DO SÉCULO XX', DIZ ONU

Via Opera Mundi -

Governo de Kim Jong-un refuta relatório de Comissão de Direitos Humanos e diz que documento faz parte de complô político.
Governo de King Jong-un (centro) diz que 'rejeita categórica e totalmente'
 o relatório, alegando que é 'instrumento de complô político'
A Comissão de Direitos Humanos da ONU para a Coreia do Norte publicou nesta segunda-feira (17/02) um relatório de 400 páginas em que denuncia que o país liderado por Kim Jong-un comete uma série de crimes contra a Humanidade – como submeter sua população a execuções, à fome, à escravidão e à tortura.

"Essas atrocidades cometidas contra os reclusos lá retidos por razões políticas nos lembram dos horrores nos estados totalitários do século XX", compara o relatório.  Para os analistas das Nações Unidas, a liderança que permite a existência de sistemáticas violações dos direitos humanos deve ser levada a um tribunal internacional.


Baseado em depoimentos de mais de 240 vítimas – que hoje vivem em países como  EUA, Coreia do Sul, Japão ou Reino Unido -, o documento da ONU prova de modo inédito os relatos de testemunhas que revelam que tais crimes fazem da Coreia do Norte um país “sem comparação em todo mundo contemporâneo”. De acordo com o relatório, o Estado se estrutura em um sistema de castas conhecido como "songbun", que nivela os cidadãos com base em razões ideológicas e políticas.Paralelamente, o presidente da comissão, Michael Kirby, enviou uma carta a Kim Jong-un em que lembra que o líder norte-coreano deve assumir a responsabilidade por esses crimes, dos quais existem amplas evidências para serem levadas para um tribunal internacional. O relatório vai ser debatido a 17 de março pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

Entre os crimes contra a humanidade, o texto acusa as autoridades norte-coreanas de "extermínio, assassinato, escravidão, tortura, encarceramentos prolongados, violência sexual, abortos forçados, privação de alimento, deslocamento forçado de povoações e perseguição por motivos políticos, religiosos, racionais ou de gênero". Também se dá "uma total negação" dos direitos de liberdade de expressão, informação, pensamento e religião.

Além disso, a ONU atesta a existência de um "potente" aparato de propaganda e doutrinamento que garante a obediência ao líder e incita o ódio nacionalista para outros países, sobretudo para a Coreia do Sul. 

Repercussão

Após o lançamento do documento, a Coreia do Norte manifestou que “rejeita categórica e totalmente” o relatório, alegando que se trata de um "instrumento de complô político" e um "produto da politização dos direitos humanos por parte da União Europeia e do Japão em aliança com a política hostil dos EUA". Em nota enviada à Reuters, a diplomacia norte-coreana em Genebra reforçou que “mais uma vez deixa claro que as ‘violações dos direitos humanos' mencionadas no chamado ‘relatório' não existem em nosso país”.

Já os Estados Unidos declararam apoio ao relatório da ONU, afirmando que o documento mostra a "clara e inequivocamente a brutal realidade" dos abusos aos direitos humanos na Coreia do Norte. A porta-voz do departamento de Estado, Marie Harf, pediu que Pyongyang adote "medidas concretas" para melhorar sua situação.