12.2.14

A FICHA COMEÇA A CAIR: O JORNALISTA QUE ESTÁ NAS RUAS NÃO É NENHUM BARÃO DA MÍDIA. LULA SEM MUSEU. POSTE EVOCA COVAS

DANIEL MAZOLA –
"O falecimento do nosso colega revolta e entristece a todos que lutam pelo jornalismo de qualidade. Temos que nos unir neste momento difícil para impedir que ações violentas - seja de Estado, patrões ou pretensos manifestantes - tentem nos calar", dizia a nota de abertura do Ato realizado ontem, na ABI, para mostrar que atos de violência não vão calar o livre exercício da profissão.
Talvez a morte do cinegrafista Santiago Andrade faça os jornalistas e midiativistas abrirem o olho. Em outros tempos, jornalistas eram visto com respeito e valorizados pelo povo, hoje somos visto com desconfiança, as vezes desprezo. Essa trágica morte evidenciou o quanto somos desrespeitados pelos patrões. Acumulamos funções e não recebemos EQUIPAMENTOS de SEGURANÇA.
A ficha começou a cair para muitos, é chegada a hora da união em defesa de melhores condições de trabalho, salários, e outras tantas demandas. A primeira coisa que vêm a cabeça dos jovens repórteres é: o profissional que está nas ruas não é o editor, não é o chefe de redação, não é nenhum barão da mídia. 
A morte do profissional, que precisa ser apurado com isenção, (esperamos respostas claras e lógicas) é resultado de um modelo de Estado falido. Não haveria manifestações se nossas necessidades, mínimas, fossem atendidas. Cada vez mais, salta aos olhos o quanto somos explorados e mal remunerados. Mas vivemos na “república” dos banqueiros.
Emocionados e indignados com a morte do cinegrafista (e de 117 vítimas da ação truculenta das forças de repressão, a partir das jornadas de junho), jornalistas, profissionais de comunicação, manifestantes e midiativistas começam a se reunir e propor reivindicações e soluções que precisam ser realizados em conjunto. Por todos os interessados e envolvidos na luta pela dignidade aos profissionais da imprensa. Entidades jornalísticas, sindicatos e voluntários se comprometeram com a enorme tarefa:
- Apresentar denúncia ao Ministério Público do Trabalho contra o Grupo Bandeirantes para exigir que as emissoras constituam um protocolo de segurança. O método poderá ser aplicado em outras empresas. O protocolo garante que o jornalista terá equipamentos de proteção individual, logística adequada, equipe de apoio e treinamento periódico;
- Acompanhamento diário das investigações do caso que vitimou Santiago Andrade;
- Dar ênfase à campanha salarial dos jornalistas, que está em curso e prevê a normatização de uma série de medidas de segurança do trabalho que hoje não são adotadas nas empresas, além de garantir o pagamento de adicional de periculosidade;

- Reuniões periódicas nas redações e a divulgação de uma carta aberta às chefias pedindo maior segurança para os profissionais;

- Rodada de conversas com manifestantes de movimentos sociais organizados para explicar, de uma vez por todas, que jornalista é trabalhador e não patrão. Essa aproximação pode ajudar a dirimir a hostilidade nas ruas;

- Nota coletiva assinada por entidades ligadas à defesa dos direitos humanos, nacionais e internacionais, em defesa dos jornalistas e de repúdio à violência nas manifestações;

- Denunciar o clima de insegurança em que vivem os jornalistas do Rio hoje à Organização Internacional do Trabalho (OIT);

- Requisitar audiência com o ministro do Trabalho para reivindicar rigor no cumprimento de normas de segurança para os jornalistas;

- Articular a formação de comissões de redação para fortalecer o diálogo entre a base da categoria e a diretoria do Sindicato;

- Solicitar audiência pública na comissão de Trabalho da Alerj sobre a violência contra jornalistas, a exemplo da que foi realizada em novembro na Câmara Municipal do Rio;

- Cobrar do governo do Estado medidas específicas para garantir a segurança do jornalista durante o exercício da profissão;

- Elaboração de uma cartilha com orientações sobre equipamentos e procedimentos de segurança para os jornalistas que cobrem as manifestações;

- Formação de um comitê sindical, e da categoria, nos atos para identificar profissionais em situação de risco, notificar empregadores e dar publicidade aos casos de violência;

- Criação de um comitê jurídico que acompanhe e dê publicidade a investigações, tramitação de processos e julgamento dos acusados, militantes ou policiais, de crimes contra jornalistas;
- Formação de um grupo de jornalistas encarregado de reuniões com representantes do executivo (Ministério da Justiça, Secretaria de Direitos Humanos; governo estado, Secretaria de Segurança), legislativo (presidência de Senado, Câmara, Assembleias estaduais e Câmaras municipais e respectivas comissões de direitos humanos) e judiciário (Ministério Público) sobre os casos de violência contra jornalistas no exercício profissional;
- Articulação de movimentos grevistas nas redações.
O Estado tem o dever ético e moral de investigar os crimes de todas as vitimas de violência policial. Desde as manifestações de junho do ano passado já são centenas de casos sem respostas e punições. Por quê?
É importante deixar claro e lembrar (muitos foram testemunhas e está tudo filmado), que no mesmo dia em que Santiago Andrade foi atingido, outros três profissionais de imprensa foram agredidos a golpes de cassetete por policiais militares e um idoso também morreu. Mais uma vez ficou evidente como manipulam as notícias, jornalistas e sociedade são as maiores vítimas. O Estado e a mídia hegemônica ainda nos devem muitas respostas!
Lula sem museu
O juiz da 12ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, Adriano Marcos Laroca, decidiu que a Prefeitura de São Paulo está proibida de ceder ao Instituto Lula um terreno, perto da Estação da Luz, para a construção do “Memorial da Democracia”.
A área tinha sido cedida a Lula, no final de 2012, pelo então prefeito Gilberto Kassab (presidente do PSD), que ensaiava um namoro com o PT.
Sem licitação, não
O Juiz considerou que a lei municipal que autorizou a cessão ofende os princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade, da isonomia e da proibição de publicidade de programa ou atividade pública em promoção pessoal de autoridade ou servidor público, ainda mais sem licitação pública para tal fim:
"Existe enorme risco de que o imóvel público concedido ao instituto-réu (...) seja utilizado preponderantemente para a promoção pessoal do ex-presidente Lula e de seu partido, já que ele continua com sua atividade político-partidária". Triste ironia: a instalação de um memorial da democracia com ofensa a diversos princípios democráticos.
O magistrado definiu uma multa diária de R$ 500 mil, a contar da intimação judicial, caso haja o prosseguimento da execução do projeto de criar um museu, em terreno municipal, para expor, além da pretensa luta pela democracia no Brasil, o acervo presidencial privado do presidente Lula durante seus dois mandatos (2003-2010).
Poste evoca Covas
O ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em sua disfarçada campanha antecipada ao governo de São Paulo, comprova que não será fácil a tarefa de tirar o PSDB no poder.
Em Sertãozinho, na “Caravana Horizonte Paulista”, Padilha até pegou emprestada uma frase do falecido governador tucano Mário Covas para tentar ganhar a confiança de uns 60 empresários do setor, em reunião no Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise):
“Como dizia o governador Covas, se há um problema, só podemos fazer três coisas: enfrentar, combater e vencer”. Já, já, o poste Padilha vai levar uma chamada do poderoso chefão do PT.
Tabaco salvador
Quem tem padrinho transnacional não morre pagão no Brasil. 
Pedro Malan (ex-ministro da Fazenda de FHC) e Ellen Gracie Northfleet (ex-presidente do STF) nem tiveram tempo de quase ficar com o filme queimado por terem feito parte do conselho de administração de empresas do grupo EBX – de Eike Batista, que tomou um grande fumo econômico, perdendo bilhões.
Os nomes de Malan e de Ellen agora figuram com destaque no Conselho de Administração da Souza Cruz – poderosa transnacional do tabaco.