Via
Correio do Brasil -
Após uma longa investigação, um juiz espanhol indiciou
a princesa Cristina, filha mais
nova do rei Juan Carlos, pelos crimes de fraude fiscal e lavagem de dinheiro,
abrindo caminho para possivelmente o primeiro julgamento de um membro da
família real espanhola, disseram os jornais locais, nesta terça-feira. O
magistrado de Palma de Mallorca José Castro afirmou, em um documento de 200
páginas, que há provas de que a infanta Cristina, de 48 anos, cometeu os crimes e a convocou
para prestar depoimento em 8 de março, de acordo com o diário conservador
madrilenho El País.
O marido de Cristina, o ex-jogador de handebol da
Espanha Iñaki Urdangarin, foi indiciado por apropriação indébita e outros
crimes relacionados à ONG dele, o Instituto Nóos, que obteve contratos públicos
para realizar conferências de negócios e esportes.
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| Infanta Cristina, filha do rei de
Espanha, será ouvida judicialmente |
O juiz José Castro passou nove meses dedicado, de
maneira quase exclusiva, à reconstrução de um retrato da vida financeira e
fiscal de Cristina de Borbón. Ele rastreou suas contas, cartões, notas fiscais
e despesas, além de propriedades e declarações fiscais. Há uma biografia
completa da atividade econômica privada da infanta entre 2002 e 2012. Em um
auto de 227 páginas, o juiz sustenta que existem indícios penais suficientes
para contrastar diretamente com a princesa a versão sobre os fatos e sua
suposta responsabilidade criminal.
O indiciamento da duquesa de Palma, que não tem um
fórum especial na corte, foi feito diante da oposição aberta da Promotoria
Anticorrupção, da advocacia do Estado, do advogado de Urdangarin e de sua
própria defesa. O Ministério Público e os advogados argumentam que a infanta
não participou das atividades da empresa e ignorava todos os detalhes
financeiros. Se o Tribunal de Palma não bloquear o indiciamento, como ocorreu
em abril de 2013, a Infanta Cristina terá que comparecer à corte para
testemunhar sobre sua suposta conexão com a gestão de fundos de origem ilícita.
O juiz José Castro defendeu a necessidade de investigar
e ouvir as declarações de Cristina a partir de duas premissas: “evitar que a
incógnita (sobre o papel da princesa) se perpetue” e não contradizer a máxima
que diz que “a justiça é igual para todos”.
Cristina chegou a ser acusada de cumplicidade com os
supostos delitos do marido mas, em 7 de maio, a acusação foi derrubada por
falta de provas. A Justiça, no entanto, investiga se houve fraude fiscal, já
que a princesa era dona de metade da holding Aizoon, empresa criada pelo marido
e que canalizava fundos para o Instituto Nóos.
Em outra frente de investigação, a Justiça espanhola
revelou que a princesa praticamente dobrou sua renda em dois anos: os mais de
162 mil euros que recebeu em 2007 subiu para nada menos que 319 mil euros em
2009. No mesmo período, Cristina deixou de declarar atividades econômicas que
justificariam o aumento de seus ganhos.



