24.1.14

EM 5 ANOS, SUPERVIA ACUMULA R$ 5 MILHÕES EM MULTAS

Via Brasil de Fato -
Cerca de 640 mil passageiros convivem há anos com a má qualidade do serviço de trens da SuperVia no Rio de Janeiro. Um dos episódios mais graves aconteceu nesta quarta-feira (22) quando um descarrilamento deixou passageiros 11 horas sem o serviço.
Em 2014, já são 8 ocorrências de problemas nos trens, no Rio de Janeiro
Nos últimos 5 anos, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes do Rio (Agetransp)  aplicou mais de R$ 5 milhões em multas contra a SuperVia. Deste total, a empresa pagou menos da metade, somente R$1,96 milhões. Em 2010, a concessão do setor ferroviário foi renovada por mais 25 anos pelo governador Sérgio Cabral (PMDB).
Diante da situação desta quarta, a Agetransp informou que multará a SuperVia por falhas, como problemas de comunicação e atendimento aos usuários dos trens. O órgão não revelou os valores. Pelo contrato, a quantia poderá variar de apenas 0,01% a 0,5% do faturamento bruto da SuperVia em 2013. De acordo com a agência, as causas do problema estão sendo investigadas e um laudo detalhado sobre o trem que descarrilou será produzido.
Desde o início do ano, foram registradas 8 ocorrências de problemas com os trens. No ano passado, quando foram 83 ocorrências, a má qualidade dos serviços provocou protestos nas estações.
Contra o aumento das passagens
O Movimento Passe Livre (MPL) do Rio e o de Niterói marcaram para terça-feira (28) um protesto contra o aumento das passagens no transporte público. Reclamam do reajuste de 5,7% nos ônibus intermunicipais, realizado na última semana, e do aumento para o serviço ferroviário previsto para 2 de fevereiro. O bilhete unitário dos trens deve passar de R$ 2,90 para R$ 3,10. A concentração para protesto ocorrerá às 17h, na Candelária, Centro.
Trens parados mais de 11 horas
Ivan Vales, de 57 anos, saiu nesta quarta-feira (22) da favela de Manguinhos junto com sua filha Luana, de 27 anos, com o objetivo de visitar os pais em Japeri, na Baixada Fluminense. A viagem, que já não seria fácil por ela ser cadeirante, se tornou ainda mais complicada. Chegaram à Central do Brasil antes do meio dia, ainda sem saberem que o sistema ferroviário fluminense vivia um caos. Os serviços ficaram suspensos por 11 horas. O problema ocorreu após um descarrilamento na estação São Cristóvão, na zona norte.
Não houve feridos no acidente. O trem seguia para Saracuruna quando saiu dos trilhos às 5h15. “Pediram para a gente sair do vagão e tivemos que caminhar pela linha. Cheguei tarde no Centro e perdi a faxina”, contou a diarista Solange Gonçalves, de 54 anos. Com a demora, retirou as sandálias e sentou no chão com a mochila no colo cheia de farelos. “Saí com o dinheiro da passagem contado. Esse foi meu almoço: pão com manteiga que eu trouxe de casa”, lamentou.
Passageiros também reclamam de falta de informação. “Nem falaram o motivo. Vou esperar mais porque andar de ônibus com ela de cadeira de rodas é ainda mais difícil e demorado”, explicou Ivan. “Ele tem que me carregar”, completou Luana. Nos trens, o desnível entre estações e problemas com escadas rolantes também são reclamações entre idosos. “Deveria controlar melhor os trens. Não dá para ficar sem transporte assim. É a vergonha nacional na área da Fernanda Montenegro”, ironiza em referência ao filme Central do Brasil.
Segundo a SuperVia, concessionária do setor, a circulação nos ramais Saracuruna e Belford Roxo voltou ao normal por volta das 16h. Antes, chegavam apenas até Triagem. A circulação nos ramais Santa Cruz, Japeri e Deodoro demorou mais para ser normalizada. Antes, estavam partindo de Engenho de Dentro, a 15 quilômetros do Centro. A circulação dos trens de todos os ramais voltou ao normal por volta das 18h45.
Por causa da paralisação, houve esquema especial no metrô e a frota de ônibus foi reforçada. Sem os trens, responsáveis pelo transporte de 640 mil pessoas por dia, problemas de superlotação causaram mais revolta entre os passageiros. O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, chegou a ser hostilizado durante vistoria no local do descarrilamento. Seguranças foram acionados.