6.12.13

INJUSTIÇA: RAFAEL É CONDENADO A CINCO ANOS DE PRISÃO

Via Jornal Zona de Conflito Mídia independente -

Rafael Braga Vieira, preso desde o dia 20 de junho, foi condenado a cinco anos de prisão em regime fechado. Detido durante a manifestação daquele dia, se encontra desde então no presídio de Japeri. Ele foi pego com uma garrafa de desinfetante Pinho Sol, outra de água sanitária e uma flanela. Foi acusado pelos policiais de estar portando substâncias para fazer um coquetel molotov. O juíz Guilherme Schilling Pollo Duarte se baseou nas palavras dos policiais, que serviram de "prova" para a condenação de Rafael.

O objetivo das autoridades parece ser finalmente "prender um manifestante", se utilizando da mídia corporativa para divulgar com a boca cheia que os "vândalos" estão começando a ficar na cadeia. Para tanto, pegam como "bode expiatório" não um manifestante de classe média que tenha família, instituições de ensino ou local de trabalho que saiam em sua defesa, mas um sujeito já marginalizado pela sociedade, a quem diversos direitos foram e são negados desde sempre.

Rafael é negro, pobre, morador de rua e é catador de latinhas.
Vai se juntar a uma massa de presidiários que com ele se assemelham em cor da pele e condição socioeconômica. Como ele, outros muitos são presos sem provas. Ficam em celas superlotadas esperando julgamento; esperando que seu caso seja pego pela Defensoria Pública, incapaz de dar conta de tanta gente – afinal, a maior parte dos presos não tem condição de pagar por advogados particulares. Acabam condenados, sem que ninguém saiba. São todos invisíveis. Agora sim, excluídos definitivamente da vida em sociedade, trancafiados em presídios. 

Rafael não representa ameaça a segurança pública, como quiseram supor. Ele é, junto com tantos outros seres precarizados e excluídos, a imagem de um sistema que não dá certo, que faz com que pessoas vivam nas ruas, nômades marginalizados do submundo, do sub-urbano, do sub-humano. Rafael buscava sua dignidade catando latinhas e procurando um local limpo e seguro para passar as noites.

No Rio, em geral, um quilo de latinhas vale dois reais. Um saco cheio de latinhas esmagadas, catadas pelos bares, pela ruas, pelos lixos, pelas calçadas... vale dois reais. É pouco, mas talvez valha mais do que a nossa Justiça.


Foto: Eduardo Rodrigues